Apesar dos esforços desenvolvidos pela Almargem e outras organizações de defesa do ambiente com vista a impedir o avanço do projeto, a Quinta da Ombria começou já a receber do Município de Loulé os alvarás necessários para iniciar a construção de 370 moradias e um hotel (totalizando cerca de 1.700 camas), para além de um campo de golfe, numa das zonas mais emblemáticas do Barrocal Algarvio, paredes meias com a Paisagem Protegida Local da Fonte Benémola. Durante um número indeterminado de anos, dependendo do ritmo de construção dos vários lotes, o local estará transformado num autêntico estaleiro de obras, arruinando a magnífica paisagem e os valores naturais até aqui existentes.
Em 2011, na resposta final da Comissão Europeia ao recurso apresentado pela LPN da decisão de arquivamento da queixa apresentada em Bruxelas e relativa à Quinta da Ombria, é sublinhada a preocupação da UE relativamente à existência, já na altura, de uma pretensão para um outro empreendimento turístico semelhante no Barrocal, sublinhando o indesejável impacto cumulativo dos dois projetos sobre uma mesma área da Rede Natura 2000.
Tais reservas da Comissão Europeia não impediram o Município de Loulé e a Golferei - Empreendimentos Turísticos S.A. de assinarem em Novembro de 2012 um contrato com vista ao avanço do novo projeto, numa primeira fase através da elaboração de um Plano de Urbanização, o qual se encontra atualmente em vias de conclusão.
O projeto do Vale do Freixo que, entretanto, recebeu do anterior Governo as menções de "interesse nacional" e até de PIN (através de um descarado branqueamento político, justificado pelo alegado caráter de pólo económico, tecnológico e "verde" do empreendimento), apresenta uma semelhança completa com o da Quinta da Ombria, estando previstos:
- a construção de 2 hotéis, 8 aldeamentos turísticos (totalizando cerca de 1700 camas) e outros equipamentos complementares;
- a construção de um campo de golfe;
- uma afetação direta do Sítio Barrocal, área classificada de importância comunitária, incluída na Rede Natura 2000;
- uma afetação direta do aquífero Querença-Silves, razão fundamental para as fortes reservas da UE relativamente ao projeto da Quinta da Ombria;
- uma afetação direta de vários habitats protegidos pela legislação comunitária e nacional;
- vizinhança com a Paisagem Protegida Local da Rocha da Pena, a outra área protegida de âmbito municipal do concelho de Loulé;
- enorme proximidade (apenas cerca de 100 metros !) ao mais importante abrigo algarvio de morcegos cavernícolas, classificado de importância nacional, albergando populações de várias espécies estritamente protegidas pela legislação comunitária e nacional.
A Associação Almargem vai lutar com todos os meios ao seu alcance para que este novo atentado à identidade cultural e natural do Barrocal Algarvio não venha a ser perpetrado, apelando desde já ao Município de Loulé para que reveja as decisões tomadas pelo anterior executivo camarário relativamente ao projeto do Vale do Freixo, o qual, a avançar, colocaria Loulé, mais uma vez, na mira das instituições internacionais e pelos piores motivos.
Por: Almargem