Por: Paolo Funassi "O italiano que sonha integrar as comunidades estrangeiras de Albufeira"

Algarve é um Paraíso e geralmente as pessoas querem ir para o Paraíso, e se fôr em vida ainda melhor.

O Algarve é uma terra maravilhosa e se somado a isso há incentivos fiscais para vir aqui morar é fácil e rápido compreender o motivo da região ter tantos estrangeiros. Somado a isso há uma pujança económica e uma vida social muito atrativa tambem para as pessoas de idade laboral ativa.

A região alberga milhares de reformados estrangeiros, mas tambem de nómadas digitais, e considerado as numerosas vagas (mais que nada no verão) há milhares de trabalhadores imigrantes nas áreas comercias, turismo e agricultura.

Mas todos estes dados são notórios e conhecidos e é também um motivo que atrai mais estrangeiros e portugueses de outras regiões.

Se analisarmos por alto a vida quotidiana de toda a região poderíamos notar um ambiente dinâmico e efervescente. Porém se entrarmos mais em detalhe da vida algarvia durante todo o ano poderíamos perceber claramente que há 2 Algarves. Esta situação é uma oportunidade de desenvolvimento, mas se não aproveitada é um problema.

Quando falo destes 2 Algarves falo de uma situação que eu chamo de água e azeite… 2 realidades que convivem entre elas, mas não se misturam, ou misturam-se pouco.

Vou dar um exemplo claro. Passou-se em novembro as festas de São Martinho, entre risos, música e castanhas… Não notaram quanto poucos estrangeiros participaram delas? E já notaram que quando há festas, concertos e eventos dos estrangeiros há uma baixíssima participação de portugueses?

Querem mais um exemplo? Quantos estrangeiros falam português?

E a língua costuma ser a primeira ponte (ou muro) para o caminho da integração.

É um problema termos esta falta de integração e inclusão... e sempre digo como estrangeiro que sou que a integração tem que ser dos dois lados, dar e receber.

Como há poucas soluções, poucas iniciativas para aproximar estes 2 Algarves o resultado é que muitos (já em demasia) fazem vidas separadas e muitas vezes só entre pessoas das próprias comunidades. Suecos reúnem-se com suecos, italianos com italianos, brasileiros com brasileiros e assim por diante. Com o resultado que quando uma comunidade precisa de ajuda, dificilmente consegue ter respostas pois está “sozinha”.

Até seria pitoresco se fosse um estádio de futebol onde há torcidas coloridas da mesma equipa toda junta numa parte do estádio, mas aqui deveria ser justamente o contrário pois não há adversários, estamos todos no mesmo barco.

Quanto mais desenvolvimento teria a região se essas comunidades fossem mais integradas e incluídas nas instituições, associações e também na política. Falo da política, da boa política, essa que tenta resolver os problemas de toda a sociedade, não só dos próprios apoiantes ou analisando a situação pensando na conveniência das próximas eleições. Um exemplo bem explicito, ajudar as comunidades asiáticas cada vez mais numerosas não traz benefícios eleitorais, mas sim benefícios a toda a região, pois ter pessoas há margens da sociedade já vimos em muitas partes do mundo que não traz nada de bom.

Estrangeiros com a experiência e capacidade que tem unidas as com as conexões económicas e sociais que tem nos seus países de origem poderiam, se incluídas, trazer enormes benefícios para todo o Algarve. Agora se isto não é aproveitado, e em muitos casos não é, estamos a desaproveitar um potencial enorme de desenvolvimento e fomentando um desinteresse pelo bem comum: cada um faz só o que lhe traz benefício próprio e a região se beneficia muito menos do que poderia. Os estrangeiros pagam milhões e milhões de impostos por ano a região, mas nada decidem sobre o que fazer com eles, pois nos centros de decisões não há nenhum ou quase nenhum estrangeiro. 

A solução passa por políticas de inclusão reais como a de recenseamento, a de ensino publico e gratuito da língua portuguesa, a de colocar mediadores culturais em determinados serviços públicos como IEFP, Segurança Social, Finanças, a de criar eventos entre as comunidades, a de auscultar mais e melhor as comunidades estrangeiras e a valorizá-las cada vez mais oferecendo soluções aos seus anseios e necessidades.

 

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