Nas duas últimas noites a lusofonia esteve em destaque e os protagonistas foram Nuno Guerreiro, Moullinex, Clã e o angolano Paulo Flores.
Uma verdadeira legião de admiradores compareceu esta sexta-feira na Cerca do Convento Espírito Santo para dizer “estamos contigo, estamos convosco, sempre” a Manuela Azevedo e à sua banda, os Clã. Apesar das raízes mais ligadas à pop-rock ou a um género alternativo, a verdade é que o grupo tem uma capacidade incrível de se adaptar a todos os ambientes musicais e em Loulé estiveram como peixe na água. O verdadeiro animal em palco que é Manuela Azevedo não arredou pé enquanto a audiência pedia “só mais uma”. E foram várias as músicas interpretadas com a natural garra artística da cantora e dos músicos que a têm acompanhado ao longo de mais de duas décadas, dos temas mais atuais passando naturalmente por músicas incontornáveis como “Dançar na Corda Bamba”, “Sopro do Coração” ou “H2Homem”.
Esta noite encerrou com o calor e a sensualidade da música de Paulo Flores, o angolano que foi um dos percursores da kizomba e é hoje considerado como o rei do semba. Temas da vida quotidiana dos angolanos foram expostos neste concerto, através de letras singulares, numa toada bastante convidativa a um pezinho de dança por parte da plateia mas que, face às regras vigentes, não foi possível. Aliás, este tem sido um desafio contante do interMEDio, manter o público seguro e a seguir o distanciamento social e uso obrigatório da máscara, mas garantindo que a festa acontece. E foi isso que sucedeu também durante o espetáculo de Paulo Flores, ele que é Embaixador da Boa Vontade da ONU, além de um artista de referência na música africana.
Já no dia anterior, quinta-feira, o louletano Nuno Guerreiro apresentou, em estreia absoluta, o seu último trabalho – “Na Hora Certa” – que sai para a rua dentro de um mês. E, como era expectável, os seus conterrâneos compareceram em massa para aplaudir uma das vozes mais sui generis de Portugal e, quiçá, do mundo. Sem esquecer as músicas que fizeram a carreira da sua banda, a Ala dos Namorados, como o intemporal “Solta-se o Beijo!” (cantado ao lado de Sara Tavares), Nuno Guerreiro apresentou temas do novo álbum, resgatou Madredeus que, como o próprio artista confessou, foi uma inspiração desde sempre, até uma pequena incursão pelo “Tia Anica de Loulé”, numa homenagem à teerra que o viu nascer e que não esquece.
Nessa noite também Moullinex, o produtor, DJ e multi-intrumentalista que tem sido aplaudido pelo público e reconhecido pela crítica – algo que nem sempre é fácil para um artista -, trouxe ao MED o melhor da eletrónica que neste contexto pandémico agradou bastante ao público ansioso pela reabertura das pistas de dança. Mas, na senda do que tem sido o evoluir do seu trabalho, e enquadrado na filosofia musical do MED, Moullinex apimentou a sua música com elementos da world music. Algo que esteve bem presente neste espetáculo ao ter convidado dois nomes incontornáveis desta área e que já passaram por Loulé: Sara Tavares e Selma Uamousse. Com uma participação em palco, também Afonso Cabral se juntou à “festa” de Moullinex.
O Festival interMEDio prossegue hoje com os franco-argelinos Tiwisa e, naquela que é mais uma encomenda para este evento, os Quinta do Bill convidam Kátia Guerreiro, Rita Redshoes e Pedro de Castro a juntarem-se em palco. Concertos marcados para as 21h30 e 23h30, respetivamente.
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