Tivani foi o mais forte ao sprint no final dos 162,3 quilómetros desde Viana do Castelo, que cumpriu em 03:56.04 horas, à frente do espanhol Jesus Peña (AP Hotels&Resorts-Tavira-Farense), segundo, e do australiano Brady Gilmore (Israel Premier Tech Academy), terceiro, com o mesmo tempo do vencedor.
Na geral, Rafael Reis continua a liderar e vai partir, na sexta-feira, para os 167,9 quilómetros entre Felgueiras e Fafe com dois segundos de vantagem sobre Nicolás Tivani e cinco sobre Brady Gilmore.
COMENTÁRIO: Tivani finalmente 'livrou-se' dos segundos lugares no melhor 'palco' possível
Nicólas Tivani tanto tentou, que acabou por ‘abandonar’ os segundos lugares, impondo-se na inédita chegada ao Santuário do Sameiro, no final de uma primeira etapa da 86.ª Volta a Portugal em bicicleta ainda liderada por Rafael Reis.
O ‘explosivo’ argentino da Aviludo-Louletano-Loulé andava desde a Volta a San Juan, no início de fevereiro, a colecionar segundos lugares e hoje, finalmente, ‘quebrou’ a série de oito, batendo o também sul-americano Jesús Peña (APHotels&Resorts-Tavira- Farense) e o australiano Brady Gilmore (Israel Premier Tech Academy), respetivamente segundo e terceiro, no ponto mais alto de Braga.
“Tentei durante todo o ano e, finalmente, aconteceu aqui na Volta a Portugal, o que é muito bom. Estava um pouco cansado de ser sempre segundo. Se não me engano, foram oito ou nove este ano”, disse com um sorriso aberto, após ter somado o segundo triunfo em etapas na prova onde se estreou a ganhar no ano passado.
Tivani até aspirava a mais, mas a sua pretensão de ‘roubar’ a camisola amarela a Rafael Reis (Anicolor-Tien21) falhou por meros dois segundos, depois de o português ter aguentado a pedalada do grupo do vencedor, que cortou a meta com o tempo de 03:56.04 horas e no qual estavam todos os favoritos à exceção do equatoriano Jonathan Caicedo (Petrolike), que perdeu oito segundos.
A primeira hora de corrida cumpriu-se a uma ‘alucinante’ média de 51,5 km/h, porque o pelotão decidiu anular todas as tentativas de fuga até à meta volante de Valença, onde Iúri Leitão (Caja Rural) passou na primeira posição, amealhou três segundos de bonificação e ‘empatou’ então em tempo com o camisola amarela.
Só depois desse primeiro sprint intermédio, situado ao quilómetro 45,2, é que um grupo se destacou, com o norte-americano Samuel Boardman (Project Echelon Racing) a juntar-se aos ‘nacionais’ Francisco Morais (Tavfer-Ovos Matinados-Mortágua), Aleksandr Grigorev (Efapel), Francisco Pereira (Feirense-Beeceler), Miquel Valls (Gi Group-Simoldes-UDO) e Duarte Domingues (Credibom-LA Alumínios-MarcosCar).
Quarto classificado da geral à partida para os 162,3 quilómetros entre Viana do Castelo e o Santuário do Sameiro, em Braga, Daniel Dias (Rádio Popular-Paredes-Boavista) uniu-se aos fugitivos, que tinham uma vantagem próxima dos dois minutos quando estavam decorridos 60 quilómetros.
O ciclista ‘axadrezado’ foi o primeiro a somar pontos na montanha, coroando na frente as terceiras categorias de Extremo e Portela do Vade, mas foi Valls o primeiro a destacar-se dos seus companheiros de jornada, sem conseguir uma vantagem assinalável.
Na aproximação a Braga, à frente do pelotão assomou a Israel Premier Tech Academy, numa declarada intenção de lutar pela etapa e, quem sabe, também pela geral, que acabou com a aventura do ciclista da Gi Group-Simoldes-UDO quando faltavam 24 quilómetros para o final.
A primeira ascensão ao Sameiro fez uma seleção inicial, resultante de várias mexidas, nomeadamente a de Hugo Nunes (Credibom-LA Alumínios-MarcosCar), o primeiro a cruzar o risco na primeira passagem pela meta.
Na descida da Rampa da Falperra, o vencedor da classificação da montanha em 2020 foi alcançado por Daniel Lima, o português da equipa israelita, e o espanhol Joseba López (Caja Rural), com a perseguição a ser assumida pela Aviludo-Louletano-Loulé.
Na ascensão final, que não fez tantas diferenças quanto o esperado, Lima foi o único a persistir, fazendo-o até aos 2,5 quilómetros finais, altura em que foi ultrapassado por Pedro Silva, que cá em baixo tinha recebido uma palmadinha de apoio do seu colega Reis – “Eu sei que ele me respeita muito e foi para lhe dar coragem para ele tentar”, assumiu ‘Rafa’ no final.
No encalço do rival da Anicolor-Tien21 partiu Tiago Antunes (Efapel), mas o último resistente seria mesmo Silva, que viu o seu sonho escapar-lhe por 500 metros.
“Era uma etapa que eu gostava muito de ganhar, porque estava próximo da minha casa. […] Faltaram 200 metros, mas vou continuar a lutar para ganhar uma etapa nesta Volta a Portugal”, prometeu o jovem de 24 anos, que, no final, lamentou à agência Lusa ter arriscado de longe: “se calhar, devia ter deixado para os últimos metros”.
Embora não tenha triunfado com Pedro Silva, a Anicolor-Tien21 foi uma das vencedoras no Santuário do Sameiro, onde Artem Nych foi quarto, o mesmo lugar que ocupa na geral, dois segundos atrás de Brady Gilmore, que está a cinco do camisola amarela.
Quem também respondeu ‘presente’ foi Jesús Peña, que bonificou e subiu a 14.º da geral, na véspera de uma jornada em que Rafael Reis poderá perder a liderança da geral para Tivani.
A chegada a Fafe, após 167,9 quilómetros desde Felgueiras, é perfeita para o argentino da Aviludo-Louletano-Loulé, que mantém vivo o sonho de lutar pela geral da prova ‘rainha’ do calendário nacional.
Lusa