Por Neto Gomes

De Jaime Guerreiro Rua a Nathalie Dias, passando pelo eterno José Maria da Piedade Barros, e tendo outros que não se escusaram em aparecer como Directores de A Voz de Loulé, tais como Luís Guerreiro e o próprio autor destas linhas, que talvez tenha caído de para-quedas pelos bondosos afectos de Gilberto de Sousa e José Pires, o jornal ao longo de toda a sua vida, nunca se desviou do seu caminho, por vezes contra os vómitos da hipocrisia, que viam fantasmas em cada edição, que eles como quem puxa carroças, quase que moldaram os dias de hoje.

Se repararmos na primeira página de a Voz de Loulé, do distante 1 de Dezembro de 1952, vamos encontrar as linhas mestras do seu caminho, e com todos os altos e baixos, mas mantendo o frio da serenidade, o jornal, e os que o iam editando, aqui e ali, mais ou menos colados ao regime, porque, afinal, seja qual for o regime, como agora acontece, existem sempre os colas, o jornal dos louletanos, nunca deixou de confrontar poderes constituídos, quer em termos locais, regionais e nacionais.

Como qualquer jornal regional, foi um parto com dor. Aliás, por isso, se olharmos às memórias dos últimos 40 anos, vamos sentir, sobretudo aqueles que encontram na imprensa regional as grandes âncoras da sustentação das suas terras e das suas regiões, vamos encontrar quatro mãos cheias de títulos que morreram, não apenas por culpa do tal parto com dor, mas ainda, porque os que mais tinham, os deixaram morrer a pão e água. À fome…

E quantas não foram as personalidades, ou gente de nada que num instante cresceu, por culpa dos tais regimes, à custa de A Voz de Loulé, que não foi apenas palco, mas também álbum, que um dia, já bem na vida, esqueceram e ignoraram.

Não vivo por dentro do dia a dia da A Voz de Loulé, mas vivo por dentro da vida de quem todos os dias têm que ir à luta para sobreviver. E A Voz de Loulé, a imprensa Regional é este português, algarvio ou louletano, que diariamente tem que ir à luta para sobreviver.

Talvez seja importante avaliar que muito antes do 25 de Abril de 1974, A Voz de Loulé, publicava, ainda que fosse com pseudónimo, a pedido dos seus autores, extensos artigos, que defendiam um país mais pujante, um Algarve mais independente, que não estivesse às ordens de Évora. Um Algarve a lutar pela saúde, pela Universidade, pela defesa da qualidade de vida das pessoas, pelo desenvolvimento do turismo. Sendo cada vez  mais, um notável suporte para a investigação do Concelho.

E se olharmos à capa de A Voz de Loulé, dada à estampa a 3 de Maio de 1974, vamos ler: 25 de Abril de 1974 REVOLUÇÃO DA ESPERANÇA…

E foi esta cruzada, com os equívocos dos humanos, porque são os humanos que fazem os jornais, que A Voz de Loulé tem seguido os seus passos, por vezes tão vincados na qualidade, no prestígio, na defesa do Algarve. Na valorização das suas empresas, de nunca perder de vista os louletanos em todos os lugares do mundo e a grandeza do Concelho, que tem tornado em pegadas de paixão todo o seu caminho.,

Agora a completar 69 anos, não existem luzes, velas, holofotes, que desencadeiam seja aquilo que for, porque vai continuar, com todos os problemas que a pariram a 1 de de Dezembro de 1952, até aos nossos dias, na luta constante, sim pela sobrevivência, MAS TAMBÉM PELA VERDADE. É QUE A VERDADE ÀS VEZES TAMBÉM DÓI e derruba mentalidades, de gente, alguns até são muito jovens, que pensam que o Pais começou hoje e que A Voz de Loulé acaba de ser baptizada.

Parabéns, Directora Nathalie Dias.

Parabéns aos assinantes e colaboradores e a quantos se reencontram em cada edição, com A Voz de Loulé, que publica a alegria e o progresso dos outros, mas nunca edita as suas dores.