No passado dia 20 de maio deu-se a Cerimónia de Entrega de 11 cadeiras de rodas a 11 instituições do Concelho de Loulé, num almoço servido no restaurante “O Museu”, em Boliqueime, resultado da 2.ª Campanha de Recolha de Tampinhas levada a cabo pelo jornal “A Voz de Loulé”, onde se reuniram cerca de 120 pessoas, entre as quais Vítor Aleixo, presidente da Câmara Municipal de Loulé; a embaixatriz do Brasil, Roseana Aben-Athar Kipman e a escritora Lígia Boldori , assim como os presidentes, representantes e utentes de todas as instituições beneficiadas, e todos os presidentes das Juntas de Freguesia do Concelho de Loulé, que consigo mobilizaram diversas pessoas das suas freguesias, que não quiseram deixar de se unir a esta causa.
Quase dois anos e meio depois da primeira campanha, foi possível angariar cerca de cinco toneladas de tampinhas, o que permitiu a aquisição de 15 cadeiras de rodas, 11 das quais foram entregues no dia 20 de maio, a 11 instituições, uma por freguesia do Concelho de Loulé. As restantes quatro cadeiras de rodas serão entregues a casos específicos que se encontram ainda em análise.
Antecedendo o momento da entrega das cadeiras, Nathalie falou para os presentes, dando a conhecer a história desta campanha. “Fomos contactados no sentido de desenvolver uma campanha para a recolha de tampinhas para a aquisição de uma mão biónica para o Rodrigo. Seis meses depois de começarmos a campanha, em 2010, fomos informados de que um empresário teria comprado a mão biónica ao Rodrigo, mas nessa altura verificámos que já tínhamos cerca de uma tonelada de tampinhas e não sabíamos o que fazer com elas”, recorda Nathalie Dias, diretora do jornal. Apesar de no Concelho de Loulé não existirem casos de pessoas que tivessem necessidades semelhantes às de Rodrigo, Nathalie Dias entendeu que a campanha não deveria parar. “Todos os dias vinham pessoas ao nosso escritório com garrafões, garrafinhas ou sacos-de-plástico cheios de tampinhas. Pensámos então que o melhor seria continuar a recolher para depois trocar e dar às associações do Concelho que constantemente necessitam”, relembra.
No entanto, apesar da boa vontade de muitas pessoas, o processo não foi fácil: “A complicação surgiu quando quisemos trocar as tampas. Contactámos uma empresa e andámos em burocracias durante oito meses. Passado esse tempo conseguimos trocar apenas quatro toneladas por quatro cadeiras de rodas, o que foi desmotivante”, conta a diretora do jornal “A Voz de Loulé” acerca da primeira campanha. Nesta segunda campanha o processo não foi mais fácil, em particular pela falta de apoios. A empresa onde anteriormente tinha sido feita a troca deixou de o fazer e foram precisos 10 meses para que se conseguisse encontrar outra empresa e resolver todo o processo que uma campanha assim implica, visto que existia ainda o problema da inexistência de um camião com disponibilidade para transportar o material.
“Depois de bater a muitas portas, conseguimos falar com o senhor Horácio Ferreira, da CACIAL, que, em aproximadamente 15 dias, falou com diversas pessoas, entre elas o senhor Carlos Esteves, da empresa TIF - Transportes Ideal da Freixeira, que tem uma empresa de camionagem e que imediatamente se sensibilizou com a causa”, revela Nathalie Dias. Horácio Ferreira recorda que “sensibilizámo-nos logo por este tema e oferecemo-nos para tratar do transporte”, relembrando que prestou também apoio ao nível da recolha, “uma vez que os sacos, por não se ter encontrado um armazém disponível, ficaram à chuva, acabaram por se romper e as tampinhas espalharam-se”.
No Algarve, tal como no resto do país, as instituições e associações passam por várias dificuldades e é por esse motivo que Manuel Carvalho, Presidente da Associação para a Pró-beneficência e Progresso de Alte, diz que “se não houver solidariedade das Juntas de Freguesia ou de outras entidades, é impossível às associações sobreviver”.
Muitas destas instituições situam-se no interior algarvio, onde as carências são ainda maiores. É o caso do Lar do Ameixial, que, durante o ano e meio de atividade, já passou por alguns problemas e dificuldades. “Hoje estamos a funcionar normalmente”, garante António Espírito Santo, presidente desta instituição. Com estas novas cadeiras, essas mesmas instituições poderão agora aliviar alguns dos seus problemas, como refere Márcio Rodrigues, Secretário da Direção da Instituição de Solidariedade Social da Serra do Caldeirão: “Esta cadeira vai beneficiar os nossos utentes e será uma mais-valia para todas estas instituições”.
A escolha das associações e instituições que receberam as cadeiras de rodas recaiu sobre aquelas que apresentavam mais necessidades e, para isso, contou-se com o apoio dos Presidentes de Junta das respetivas freguesias. “Não é todos os dias que se vêm iniciativas desta natureza. Há muitas pessoas que não têm conhecimento da realidade e por isso é importante divulgar”, acredita Rui Mogo, Presidente da Junta de Freguesia de Boliqueime. Já para o Presidente da Junta de Freguesia do Ameixial, Abílio Sousa, “estas iniciativas de particulares são sempre bem-vindas, mas não podemos esquecer que os Presidentes de Junta e o seu executivo estão também virados para estas ações e para a importância que as IPSS têm no Concelho”.
Lídia Silva, da Associação Esperança e Paz, aproveitou a cerimónia para destacar o trabalho desenvolvido pelo jornal “A Voz de Loulé” e a sua diretora na comunidade. “Agradeço à Nathalie por tudo, não só pelas cadeiras de rodas. Ela ajuda muito e está sempre a perguntar o que faz falta para os nossos velhotes”, confessa. Também Fernando Vargues, presidente da Associação Social para o Progresso e Bem-Estar da Freguesia de Benafim, não esquece outras iniciativas desenvolvidas na sua freguesia, como foi o caso do ginásio oferecido ao Centro de Dia de Benafim, proporcionado por intermédio deste jornal.
Vítor Aleixo, Presidente da Câmara Municipal de Loulé, que também marcou presença nesta cerimónia, mostrou a sua satisfação pelo sucesso do projeto. “Esta iniciativa tem vários aspetos importantes: em primeiro lugar é uma iniciativa de ação social e nós sabemos que há muitas pessoas a precisar de apoio; em segundo, temos a questão da reciclagem, matéria que merece a nossa atenção e para o qual o nosso Concelho tem uma estratégia municipal para a adaptação às alterações climáticas”, refere. Por esse motivo, o Concelho “tem a obrigação de se associar”.
O facto de esta iniciativa ter a si associada a componente da proteção do ambiente é algo valorizado também por Jorge Renda, Presidente da Associação Social e Cultural da Tôr. Por outro lado, Hermes Alberto, Presidente da Associação Social e Cultural de Almancil, acredita que “não devemos ter receio de falar em política, porque o que aqui temos é política social”.
Todas as associações fizeram questão de marcar presença no evento, mesmo aquelas cujos presidentes não puderam estar presentes, como foi o caso do Centro Comunitário de Vale Silves que se fez representar por Luís Loureiro, 2.º Secretário da Associação e da UNIR: “Quero agradecer ao jornal “A Voz de Loulé” e ao Presidente da Junta de São Clemente por se ter lembrado de nós” – foram as palavras de Mariana Massapina, Assistente Social da UNIR – Associação dos Doentes Mentais, Famílias e Amigos do Algarve, estando este agradecimento presente em todos os discursos.
Durante a iniciativa, Selma Cazes, que apresentou a cerimónia, leu algumas palavras de Margarida Torres, diretora Regional da Segurança Social de Faro, que não pôde estar presente mas que escreveu, através de um email, que “são iniciativas como estas que marcam a diferença na vida de muitos e que contribuem para uma sociedade civil mais justa e solidária”. Também Fátima Peres, locutora da Rádio Foia, falou com os presentes, através de uma chamada telefónica que todos os presentes puderam ouvir, onde realçou a importância desta iniciativa e da Comunidade Louletana se juntar para campanhas como esta.
Quanto à possibilidade de uma terceira campanha, Nathalie Dias lançou o repto: “Poderia fazer uma terceira campanha, mas não sozinha, precisaria da vossa ajuda. Se assim for, talvez consigamos desenvolver este processo de forma mais rápida e até conseguir adquirir um equipamento que faça falta a todas as pessoas do Concelho”, apelou a diretora do jornal. Telmo Pinto, Presidente da Junta de Freguesia de Quarteira, e o Pe. Joaquim Campôa, presidente pelo Centro Paroquial de Quarteira, garantem estar disponíveis para “colaborar naquilo que for necessário”, declaração que Margarida Correia, presidente da União de freguesias de Querença, Tôr e Benafim e da Associação de Bem-Estar aos Amigos de Querença, sublinhou, dizendo “Estamos todos de braços abertos para receber uma nova campanha”.
A Voz de Loulé agradece a todos aqueles que voluntariamente apoiaram e contribuíram de forma graciosa para esta cerimónia: Selma Cazes, consultora em recursos humanos e formadora, que apresentou a cerimónia; Joe Barreiros, músico, que animou os presentes ao som do seu saxofone; Jorge Gomes, fotógrafo, que registou toda a cerimónia através da lente da sua máquina; Mário Santos, produtor do Vinho da Tôr, que ofereceu o vinho servido durante o almoço; João Farrajota, proprietário da pastelaria Amendoal, que ofereceu bolinhos tradicionais algarvios que foram servidos após o almoço; utentes da UNIR, que fizeram a decoração das mesas, Michel Cavaco, proprietário do restaurante «O Museu», que disponibilizou transporte e voluntários para o transporte das cadeiras de rodas para o restaurante; Horácio Ferreira, da empresa CACIAL, e Carlos Esteves, da Transportadora - TIF Transportes Ideal da Freixeira, que proporcionaram o transporte para as tampinhas até à fábrica de reciclagem; e por último, mas não menos importantes, a José Pedro Rodrigues e Maria José Dias, pais da Diretora Nathalie Dias, que cederam parte do seu terreno, onde as tampinhas foram armazenadas durante a recolha.
Não podemos deixar de agradecer também às centenas de pessoas, que ao longo destas duas campanhas se deslocaram ao jornal “A Voz de Loulé” para entregar tampinhas.