Empreendedorismo foi o tema central da oitava edição do Salão de Viagens e Negócios, promovido pela Travelstore, que decorreu em Lisboa. Tema que Adolfo Mesquita Nunes, secretário de Estado do Turismo, tomou na sua intervenção, falando dos principais entraves que se verificou no seu mandato, num sector que realçou ser «das áreas mais abertas à concorrência».

Naquele que foi, possivelmente, o seu último acto como secretário de Estado do Turismo, o responsável destacou que o Turismo “é uma área muito sujeita à concorrência, que não se consegue proteger de fronteiras fechadas”, e que não deve, por tal, fechar-se à inovação e criatividade.

Neste sentido, Adolfo Mesquita Nunes salientou que quando se fala em criatividade e inovação “todos são a favor”. Contudo, na experiência enquanto membro do governo responsável pela pasta do Turismo, isso não foi tão simples. “Gostava de vos contar a experiência de quem lida todos os dias com as formas subtis de evitar a concorrência, a inovação e a criatividade, porque há muitas formas de subtilmente pedir ao Governo que evite a criatividade e a inovação”, afirmou. “A primeira circunstância de uma ideia criativa e de uma ideia inovadora, é que faz todos os outros que não a tiveram sentir-se atrasados, menos bafejados pela criatividade e inovação. E a primeira reacção costuma ser “esta ideia pode ser muito interessante e inovadora, mas coloca em causa o modelo de negócio que as nossas empresas têm e a função do Governo é proteger as empresas do nosso tecido empresarial. Há que ter em conta que não podemos aceitar a inovação”, descreveu. Reacção que o secretário de Estado do Turismo realçou ser frequente nas várias áreas do Turismo, a começar pelo tema do Alojamento Local e o “desafio que colocam as várias plataformas de ‘sharing economy’ na área do Turismo e que nós liberalizámos”.

Concorrência desleal, segurança e qualidade foram algumas das questões colocadas ao governo pelo sector para que houvesse assim uma regulamentação adequada. Algo que o SET defende que “quando há produtos distintos, tem de haver regulamentações distintas” e não uniformizadas.

O responsável alertou que “é muito bonito falar de criatividade e inovação, é muito bonito ter membros do Governo a falar de criatividade e inovação, mas queria dar-vos a sensação de que os estímulos que existem, os incentivos que existem vão no sentido contrário, de impedir a inovação”.

O mesmo aproveitou para realçar que o testemunho que podia transmitir, e que seria importante manter no Turismo, é a noção de que “sem abertura à concorrência e sem desistir dos proteccionismos que nos têm acompanhado nos últimos anos, não é possível haver empreendedorismo”.

 

 

Por Publituris