Naquele que foi, possivelmente, o seu último acto como secretário de Estado do Turismo, o responsável destacou que o Turismo “é uma área muito sujeita à concorrência, que não se consegue proteger de fronteiras fechadas”, e que não deve, por tal, fechar-se à inovação e criatividade.
Neste sentido, Adolfo Mesquita Nunes salientou que quando se fala em criatividade e inovação “todos são a favor”. Contudo, na experiência enquanto membro do governo responsável pela pasta do Turismo, isso não foi tão simples. “Gostava de vos contar a experiência de quem lida todos os dias com as formas subtis de evitar a concorrência, a inovação e a criatividade, porque há muitas formas de subtilmente pedir ao Governo que evite a criatividade e a inovação”, afirmou. “A primeira circunstância de uma ideia criativa e de uma ideia inovadora, é que faz todos os outros que não a tiveram sentir-se atrasados, menos bafejados pela criatividade e inovação. E a primeira reacção costuma ser “esta ideia pode ser muito interessante e inovadora, mas coloca em causa o modelo de negócio que as nossas empresas têm e a função do Governo é proteger as empresas do nosso tecido empresarial. Há que ter em conta que não podemos aceitar a inovação”, descreveu. Reacção que o secretário de Estado do Turismo realçou ser frequente nas várias áreas do Turismo, a começar pelo tema do Alojamento Local e o “desafio que colocam as várias plataformas de ‘sharing economy’ na área do Turismo e que nós liberalizámos”.
Concorrência desleal, segurança e qualidade foram algumas das questões colocadas ao governo pelo sector para que houvesse assim uma regulamentação adequada. Algo que o SET defende que “quando há produtos distintos, tem de haver regulamentações distintas” e não uniformizadas.
O responsável alertou que “é muito bonito falar de criatividade e inovação, é muito bonito ter membros do Governo a falar de criatividade e inovação, mas queria dar-vos a sensação de que os estímulos que existem, os incentivos que existem vão no sentido contrário, de impedir a inovação”.
O mesmo aproveitou para realçar que o testemunho que podia transmitir, e que seria importante manter no Turismo, é a noção de que “sem abertura à concorrência e sem desistir dos proteccionismos que nos têm acompanhado nos últimos anos, não é possível haver empreendedorismo”.
Por Publituris