Rodrigo Carlos Guedes, regressará a Portimão, cidade onde residiu ao longo de cerca de quatro décadas, para apresentar o seu terceiro livro «Eu, fugitivo me confesso… - Memórias da Descolonização», numa cerimónia que decorrerá no Clube União Portimonense, no próximo dia 31 de maio, pelas 16 horas, estando a apresentação da obra a cargo de Nuno Campos Inácio.

Este livro assume-se como um documento histórico, na medida em que descreve o processo de descolonização a partir do ponto de vista de um moçambicano de origem portuguesa, ou seja, de alguém que recusa o estatuto de “retornado”, por sentir Moçambique não só como sua terra natal, mas como sua Pátria-Nação.

Nos últimos anos temos assistido, felizmente, à produção e edição de muitos livros de memórias de portugueses que combateram em África, ou que aí se radicaram ou estiveram em comissões de serviço em funções públicas ou por conta de empresas privadas. No entanto, continuam a ser raras as obras dadas à estampa por indivíduos que, sendo filhos, netos ou bisnetos de portugueses, já nasceram em África (neste caso em Moçambique), aí cresceram, estudaram, criaram amizades, trabalharam, constituíram família e de um momento para o outro foram expulsos das suas terras tendo por base a sua cor de pele. Os sentimentos e traumas vividos são aqui descritos na primeira pessoa e devem ser analisados friamente, ainda mais num tempo em que se propagam teorias de deportações e expulsões.

A obra, prefaciada duplamente pelo Presidente da Liga dos Combatentes, Tenente-General Joaquim Chito Rodrigues e por António Barreiros, integra vários testemunhos sobre a vida e obra de Rodrigo Carlos Guedes, nomeadamente de Ana Lisboa, António Loureiro, Carlos Estanislau, Constantino Almeida, Dário Bettencourt, Dina Duarte, Fátima Silva, Henrik Éleot, João Maria Lemos Mexia, João Silva, Júlio Teixeira Pinto, Lúcia Gomes, Manuel Franque, Mila Guedes, Nuno Campos Inácio, Paulo Vigário, Pedro Manuel Pereira, Remédios Evangelista e Yasmine Eduardo Silva, a que se juntaram a filha e o neto do autor.

 

Rodrigo Carlos Guedes, nasceu em Vila Pery, Moçambique, em 26.03.1951, tendo vivido em África até à sua vinda para o Algarve, em 1978, onde se radicou em Portimão.

Com cerca de 20 anos de idade tornou-se colaborador da Rádio Moçambique.

Apesar do processo de descolonização e de independência, acreditou ser possível manter-se na sua terra natal. Refugiou-se na Rodésia, onde trabalhou num departamento do Primeiro-Ministro desse país. Foi combatente em Angola após o 25 de Abril, antes de regressar a Moçambique, onde foi um dos fundadores da RENAMO.

Optou por vir para o Algarve em 1978, região onde tinha parte da sua ascendência, repartida entre algarvios, alentejanos, beirões e transmontanos. Homem de causas e de ideais, foi director-adjunto do «Jornal de Quarteira», membro da direção da «Real Associação do Algarve» e Presidente do «Lions Club de Portimão».

 

Nuno Campos Inácio