Rita Baptista tem 23 anos, é natural de Faro, mas reside em Loulé, cidade onde tem a família materna e de onde é natural o marido, pai do seu rebento de 10 meses.

Além do tempo dedicado à família, Rita divide os seus dias entre a sua profissão enquanto comercial de uma empresa de cosmética e as aulas de HipHop e de Zumba (Fitness e Step), essa modalidade que dá a quem a pratica ritmo e energia.

Em constante expansão, a Zumba faz parte do dia-a-dia de cada vez mais pessoas. Rita Baptista ajudou-nos a conhecer melhor esta modalidade e o espírito partilhado por aqueles que a praticam.

 

A Voz do Algarve – A Rita, além de ser instrutora, também dança. Como é que a dança entrou na sua vida?

Rita Baptista – Eu comecei a dançar por volta dos meus 8 anos de idade. Com o passar do tempo fui desenvolvendo esse gosto, querendo aprender mais, e a paixão pela dança foi crescendo comigo. Mais tarde, em 2009, eu já dançava HipHop há algum tempo, quando surgiu a oportunidade de criar uma aula desse estilo para crianças, num ginásio em Loulé, e eu aproveitei. Foi assim que comecei. Entretanto achei interessante este lado de instrutora e quis aprender mais para poder transmitir o melhor de mim aos outros, o que me levou a tirar a cédula de treinador pela Federação de Ginástica de Portugal, que me permite dar aulas de grupo.

 

V.A. – E nesse percurso, onde é que entra a modalidade Zumba?

R.B. – Pouco tempo depois, no período entre 2010/2011, mais ou menos, surge uma nova oportunidade, desta vez de tirar a formação de Zumba Fitness. Comecei a ter curiosidade, a pesquisar, sobretudo no Youtube, para tentar perceber melhor o que era essa modalidade nova, tão diferente e que quase ninguém conhecia por cá. Era um desafio, porque iria trabalhar com adultos, uma faixa etária com a qual ainda não tinha experiência, mas aceitei e fui fazer o curso a Matozinhos, no Porto, numa convenção da PromoFitness.

 

V.A. – Após ter formação, começou logo a dar aulas de Zumba? Qual foi a recetividade das pessoas?

R.B. – Sim, comecei logo a dar aulas no ginásio onde já tinha a turma de HipHop. Inicialmente notei que as pessoas desconfiavam um pouco daquela nova modalidade, ou não a viam como uma modalidade para suar ou perder peso, como a maior parte das pessoas pretende nos ginásios, e por isso não aderiam muito. Mas eu não desisti e continuei a insistir, mesmo com poucas pessoas …  Foi um ano complicado, mas como tudo o que é novo estranha-se e depois entranha-se, como se costuma dizer, com o passar do tempo as coisas começaram a mudar, e as pessoas começam a ganhar interesse… surge então um convite para fazer uma aula aberta no APAGL – Associação de Pais e Amigos de Ginástica de Loulé, que é o clube onde estou atualmente tanto com o Zumba Fitness, como com o HipHop, e eu aceitei. Nessa aula não tive mais do que 4 ou 5 pessoas. Mas dei a minha aula, as alunas gostaram e abriu-se a modalidade no clube com essa pequena turma… que foi crescendo, pois a verdade é que não importa as tecnologias que tenhamos hoje em dia, a publicidade boca a boca continua a ser a melhor publicidade, e cerca de 6 meses depois as coisas começaram a surgir, a acontecer, pouco a pouco, de uma forma gradual, até que mais recentemente surgiu esta onda Zumba, que se vive muito atualmente.

 

V.A. – Como referiu, existe atualmente uma grande onda Zumba, que conta com inúmeros adeptos em todo o País e não só. Para quem ainda não conhece, explique-nos um pouco o conceito do Zumba que tem influenciado tanta gente.

R.B. – O Zumba Fitness foi inventado pelo colombiano Beto Perez, que teve, na minha opinião, uma capacidade espetacular de pensar num conceito destes. O Beto era um mero instrutor de Fitness, que um dia se esqueceu dos CDs para dar uma aula de aeróbica, e que improvisou com os CDs de Salsa que tinha no carro. Pode dizer-se que essa foi a primeira aula de Zumba, que surgiu de uma coisa que poderia ter corrido mal, mas que no final correu tão bem que as pessoas quiseram mais. Foi assim, de uma ideia de uma pessoa humilde, com raízes pobres, que soube dar a volta a partir de um imprevisto, que surgiu o Zumba, que hoje está no mundo inteiro. Aliás, o Beto Perez vem a Portugal pela segunda vez, vai estar no Meo Arena no dia 18 de abril, e está toda a gente louca para ir. O nosso grupo de Zumba irá lá estar, tal como estivemos na primeira edição da Zumba Fitness Party, que foi para ajudar a LAÇO, na luta contra o Cancro.

 

V.A. – Muitos eventos relacionados com o Zumba têm uma componente solidária. Existe uma relação direta entre o Zumba e a Solidariedade?

R.B. – O Zumba é festa, é alegria, é celebrar a vida, e isso também faz surgir naturalmente nas pessoas esse sentimento de entreajuda. Dai que os instrutores e os praticantes de Zumba se associem a estas causas e se mobilizem para fazer uma mega aula de Zumba, a que toda a gente vai querer ir, porque gostam e divertem-se, e onde simultaneamente estão a ajudar, seja com o valor da inscrição ou com os donativos entregues à entrada, por exemplo, dependendo da causa. Além disso, o próprio Beto Perez dá o exemplo agindo dessa forma nos seus eventos. Em abril, o evento terá como parceiro solidário a Fundação Make-A-Wish Portugal, para quem reverte parte da bilheteira.

 

V.A. – Na prática, como funciona uma aula de Zumba Fitness e a quem se destina?

R.B. – Numa aula de Zumba há um plano para seguir, que pretende trabalhar o corpo todo, mas de forma a que a pessoa se divirta e nem note que está a fazer exercício físico, pois, como referi antes, o principal conceito de zumba é a diversão. Para que isso aconteça existem várias coreografias, ao ritmo de músicas, principalmente de estilos latinos, como a Salsa, o Merengue, a Bachata, a Kumbia…existem infinitas possibilidades. Mesmo a música Comercial já começa a entrar, pouco a pouco, nas aulas de Zumba, porque as pessoas se identificam. As coreografias são enviadas aos instrutores pela empresa Zumba Fitness, que podem usá-las, ou apenas inspirar-se nelas. No conceito Zumba, nós, instrutores, temos uma grande liberdade em termos de criação, o que eu acho super importante, pois permite que cada instrutor dê o ingrediente certo às suas aulas e as adapte aos seus alunos. Um aluno pode ir a aulas de 20 instrutores, e todas serão diferentes, principalmente as coreografias. Isso também permite ao aluno ver com quem se identifica mais, porque é normal que uns se identifiquem mais com o estilo de um instrutor do que com o de outro. Enquanto instrutora tento sempre que as coreografias sejam acessíveis às diferentes faixas etárias, para que todos acompanhem, uma vez que tenho alunos de idades muito variadas.

 

V.A. – Além de aulas de Zumba Fitness, dá também aulas de Zumba Step. Quantas variantes de Zumba existem e quais as suas principais características?

R.B. – Há diversas variantes de Zumba. Eu tenho formação em Basic I de Zumba Fitness, em Zumba Step e em Acqua Zumba. Mas além destas há muitas mais e é algo que está em constante crescimento. Há ainda o Zumba Tonning; o Zumba Sentao ; o Zumba Kids, o Zumba Júnior e o Zumba Gold, cada um com características especificas, ou mais direcionado a determinadas faixas etárias. Ainda não sei qual a próxima formação que irei fazer, mas são várias as que me interessam.

 

V.A. – Até onde vai a onda Zumba em Loulé?

R.B. – Em Loulé já existem muitos praticantes de Zumba e vários instrutores. Eu tenho 76 alunos no total, entre o HipHop e o Zumba, e desses, cerca de 50 são alunos de Zumba, com idades que vão desde os 10 aos 60 anos. Deste grupo tenho algumas alunas, cerca de 10 ou 12 que são tão apaixonadas pela Zumba como eu e que me acompanham nos vários eventos e que este verão nos juntamos para animar casamentos, despedidas de solteiro, festas. Tudo começou no casamento de uma amiga, por brincadeira, mas as pessoas gostaram e fomos recebendo convites para fazer esse tipo de animação que envolve noivos e convidados. Entretanto, nos próximos dias também nos juntamos a alguns atletas do Clube APAGL para participar no desfile de Carnaval. Está tudo a ser preparado, fatos, coreografia… não podemos revelar, mas estamos muito entusiasmadas, até porque o nosso carro é o porta-estandarte do Carnaval deste ano. Toda esta energia e alegria são exatamente aquilo que Zumba significa.

 

Por Verónica Chapuça