No aeroporto de Faro já é notório o aumento de passageiros, com os turistas britânicos a revelarem à Lusa que aguardavam o levantamento da obrigatoriedade de quarentena imposta pelo governo britânico para poderem viajar para Portugal.
“Não tínhamos nada preparado. Assim que disseram que poderíamos ir de férias, marcámos a viagem de avião e depois procurámos hotel” afirmou à Lusa James Meakin, acabado de chegar de Londres.
Outros passageiros do voo oriundo da capital britânica revelam que só após o levantamento da imposição de quarentena no regresso ao país decidiram viajar, com uma turista a considerar que “seria desrespeitoso para as pessoas do outro país viajar sem permissão”.
Também acabada de chegar num voo “completamente cheio”, Soraya Halabi realçou a forma “ordeira e respeitosa” com que “todos os passageiros usavam máscara”, numa viagem onde predominavam “famílias com filhos”.
Já Amanda Reverten revelou que a sua “primeira vez em Portugal” acontece após terem cancelado as férias em “Espanha, depois em França e na Croácia” devido à imposição do governo britânico, numa viagem que foi “marcada poucas horas depois” do anúncio da retirada do país da ‘lista negra’”.
Nas chegadas do aeroporto algarvio dezenas de táxis resguardam-se do sol, logo após o almoço, uma das “horas mais calmas” para “apanhar passageiros”, revela à Lusa um dos taxistas que aguarda a chegada de mais um voo da capital britânica.
“De manhã foi bem mais agitado. Desde sábado que os aviões começaram a chegar mais cheios,” afirma António Pinto, realçando um “aumento de 40 a 50%” em passageiros transportados.
O voo que aguardam é 15.º a ligar os vários aeroportos britânicos a Faro na passada quarta-feira, dia em que eram esperadas mais 12 ligações até ao final da noite.
O presidente da Região de Turismo do Algarve (RTA) mostra-se agradado com a decisão do governo britânico e considera que “finalmente se fez justiça” em relação a Portugal.
“O efeito começou a sentir-se logo na primeira hora a seguir ao anúncio oficial, com a reativação de reservas que estavam canceladas ou adiadas”, afirmou à Lusa João Fernandes.
Segundo aquele responsável, surgiram também “novas reservas” de turistas que aguardavam a inclusão de Portugal na lista de países seguros, já que lhes possibilitava a “realização de um seguro de viagem” com o qual “os britânicos se habituaram a viajar”.
Outra fonte de novas reservas foi o cancelamento de viagens para outros destinos - ainda incluídos na ‘lista negra’ britânica – o que “os deixa numa posição desvantajosa” em relação a Portugal, realçou.
João Fernandes destaca a “oferta extra” anunciada por companhias com a Wizzair, a Easyjet, a Jet2, ou a Tui e que “ligam Faro a 20 cidades no Reino Unido”, facilitando a chegada à região algarvia.
O responsável indicou ainda que se verifica um relançamento de atividades “para além do alojamento” mais ligadas a mercados externos, como as “empresas de animação turística”.
No entanto, há “revisões semanais” à decisão britânica e que estão “condicionadas a manter-se a condição epidemiológica” que proporcionou o levantamento da restrição.
A Marina de Vilamoura, no concelho de Loulé, é uma das zonas habitualmente frequentadas pelos turistas britânicos e onde o seu regresso já é bem notório, conforme constatou a Lusa.
Os empresários falam num aumento das reservas para setembro e outubro e uma “invasão muito interessante e positiva”, já que as perspetivas eram “muito baixas”.
“Tivemos um crescimento exponencial de reservas, que antes eram cancelamentos, e no fim-de-semana, em 48 horas, tivemos uma subida de 500 reservas em seis restaurantes” afirmou João Guerreiro, empresário da restauração.
Para João Guerreiro, esta nova leva de turistas britânicos traz “um outro alento para encarar o inverno”, acreditando que haverá “um verão prolongado e um inverno menos mau”.
No entanto, para alguns comerciantes, estes primeiros dias após o levantamento da proibição não deram para “sentir a diferença”, considerando que é uma altura de “ida dos turistas e dos emigrantes portugueses e a chegada dos britânicos”.
Nuno Quaresma, responsável por uma loja de artigos desportivos e de recordações revela que “houve uma perda muito grande nos outros meses”, mostrando alguma cautela para “setembro e outubro”.
Lusa