"Esta parceria com o LIFE ELIA pretende tirar partido do conhecimento de ambas as entidades [REN e congénere belga], no domínio da gestão da vegetação nas faixas de proteção das linhas de transporte de eletricidade", disse hoje à agência Lusa o responsável pela área de Servidões e Património da gestora da rede elétrica nacional, João Gaspar.
O LIFE ELIA, que vai decorrer até 2017 com o apoio do programa comunitário LIFE, estava mais dedicado a ambientes do norte e centro da Europa e a questão da bacia do Mediterrâneo não estava contemplada.
Com a parceria que hoje é apresentada em Lisboa, a empresa que congrega as Redes Energéticas Nacionais (REN) contribui com exemplos que faltavam para completar um manual de referência sobre gestão da vegetação dos corredores de proteção das linhas que pudesse ser utilizado por outras empresas congéneres da REN, da ELIA e da RTE (gestora da rede elétrica em França).
Os técnicos das empresas do projeto "vieram a Portugal ver quais as formas adotadas pela REN, que enfrenta problemas diferentes, como o do risco de incêndio florestal ou as espécies de rápido crescimento dentro das faixas, questões que não existem no norte da Europa", explicou João Gaspar.
A ideia é "virem buscar estas práticas e transpô-las para outras empresas de transporte de eletricidade", acrescentou.
No final do projeto ELIA, vai ser elaborado um manual de referência sobre a melhor forma de gerir os corredores de proteção das linhas elétricas e "nós vamos contribuir com esta questão da temática na bacia do Mediterrâneo dedicada à questão dos incêndios florestais e às espécies de rápido crescimento", resumiu o responsável da REN.
Com base na parceria com o LIFE ELIA, vão ser desenvolvidos projetos piloto e já está acordada a realização de alguns "dedicados à zona do medronheiro, no Algarve e no centro onde predomina", avançou João Gaspar.
O medronheiro tem um porte de arbusto, adequado às faixas de proteção das linhas, e gera rendimentos anuais, o que leva os proprietários a voltar, pelo menos, uma ou duas vezes por ano ao seu terreno, para recolher o fruto.
O proprietário "vai passar a proteger e a limpar, porque tira benefício económico", defendeu o responsável da REN.
Entre as espécies preferidas pelos proprietários para ocupar as faixas e, por vezes, as áreas na continuação dos terrenos, está o pinheiro manso, para aproveitar o pinhão, e o sobreiro, para produzir cortiça.
A empresa belga Elia, congénere da REN, em parceria com RTE, em França, desenvolve um projeto com o financiamento do programa LIFE da União Europeia destinado a trabalhos relacionados com o ambiente e a conservação da natureza.
Esta temática, refere a REN, assume especial importância numa altura em que a discussão sobre as alterações climáticas e a sustentabilidade das alternativas energéticas ganham relevância nacional e internacionalmente, com a realização da conferência da ONU, agendada para dezembro, em Paris.
Por: Lusa