O secretário de Estado da Energia, Artur Trindade, disse hoje que o projeto Âncora, para a construção de quatro parques eólicos em contrapartida pelo negócio dos submarinos, «é exemplo dos investimentos que se pretendem nas renováveis».

Artur Trindade salientou a tarifa fixa acordada de 68 euros por Megawatt produzido para o sistema energético nacional que o projeto contempla (36% abaixo da tarifa média indicada pela Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos - ERSE: 93%), comparando-a com outros parques eólicos inaugurados com tarifas na ordem dos 300 euros por Megawatt.

“O difícil não é promover as energias renováveis com tarifas elevadas, que depois são suportadas pelos contribuintes, mas sim com uma tarifa como esta, com um preço estável não subsidiado”, disse, em Vagos, Aveiro.

Para o secretário de Estado da Energia, “a questão é ter investimento que seja racional, com um custo eficiente”, pelo que o projeto Âncora é um exemplo do tipo de investimentos que o Governo quer atrair para Portugal, na área das renováveis: eficientes, competitivos e que possam ser replicados a nível mundial”.

As vantagens da substituição do hotel de luxo previsto para Albufeira, no Algarve, pelo projeto Âncora, nas contrapartidas da compra, em 2004, dos dois submarinos alemães, foram expostas pelo secretário de Estado adjunto da Economia, Leonardo Mathias, enfatizando a criação de emprego e o valor acrescentado para o Estado Português.

“É um novo paradigma em relação às contrapartidas, com processos claros, transparentes e visíveis, com uma análise com base técnica e não apenas por critérios políticos”, disse, realçando ser um projeto de contrapartidas em cuja apreciação se levam em linha de conta as receitas futuras para o Estado, em taxas e impostos diversos, que o membro do Governo estima ascenderem a 632 milhões de euros.

Outro mérito do projeto Âncora, segundo Leonardo Mathias, é permitir resolver aspetos contratuais que estavam pendentes do negócio dos submarinos.

O projeto Âncora, hoje apresentado em Vagos na Ria Blades, empresa que vai produzir as pás e turbinas para as torres eólicas a montar em quatro novos parques, que terão uma potência total de 171,6 Megawatts, representa um investimento total de 220 milhões de euros de um consórcio formado pela Ventiveste (Martifer e Galp Energia) e pelos alemães da Ferrostaal, com financiamento de um sindicato bancário constituído pelos bancos BPI, ING e Santander.

Para atender à construção dos quatro novos parques eólicos, localizados em Vale de Chão, Três Marcos, Moimenta e Sernancelhe, com um total de 84 turbinas, a Ria Blades, empresa do grupo Senvion, prevê em 2015 vir a atingir 1.261 colaboradores.

Em abril, a empresa deverá estar a produzir um novo modelo de pás de 55 metros, também para exportação, já que atualmente quase toda a produção se destina a ser exportada para a casa-mãe.

A empresa, que começou a laborar em 2009, vai já na sua segunda expansão da unidade fabril de Vagos, num investimento de cerca de oito milhões de euros e, segundo foi hoje revelado pelo diretor-geral da Ria Blades, Paulo Silva, o grupo Senvion encara a possibilidade de colocar em Portugal toda a produção para a Europa, atualmente repartida pela Alemanha, França e Portugal.

 

MSO // CSJ

Lusa / Fim