PALP reune dia 28 de março com o Secretário de Estado do Ambiente, em Lisboa. Também no dia 30 de Março uma comitiva desta plataforma vai ser ouvida pela Comissão Parlamentar de Ambiente, Ordenamento do Território, Descentralização, Poder Local e Habitação.

A Plataforma Algarve Livre de Petróleo (PALP) reune-se esta segunda-feira, dia 28 de março, às 15h00, em Lisboa, com o Secretário de Estado do Ambiente, e no dia 30 de março, às 14h00, é recebida na Assembleia da República, nos termos da lei de petições, para uma audição sobre a petição Petição 5/XIII-1ª.*

Nesta reunião e audição, a PALP vai expressar a sua preocupação com a exploração de hidrocarbonetos na costa algarvia, exigindo a discussão urgente, e transparente, de uma questão fraturante e, ainda, envolvida em secretismo, que vai afetar o bem-estar da população, os ecossistemas e vários sectores económicos da região.

A PALP pretende igualmente conhecer a posição deste ministério em relação à prospecção e exploração de hidrocarbonetos no Algarve.

Relembramos que, a 23 de fevereiro deste ano, a PALP reuniu com o Secretário de Estado da Energia, que declarou que as preocupações desta plataforma eram também as suas e que estas iam ser levadas em conta. Afirmou ainda que este Governo quer retomar a "aposta firme" nas energias renováveis e nas políticas de eficiência energética.

Esta mesma “aposta” foi esta semana reforçada pela Ministra do Mar, Dra. Ana Paula Vitorino, aquando da sua visita à Universidade do Algarve, onde realizou diversos encontros no âmbito da divulgação da ciência, tecnologia e inovação. Para a Ministra, o Algarve é um exemplo na Economia do Mar cujo cluster é preciso divulgar de forma a potenciar o crescimento económico da região e do país.

Na PALP partilhamos da mesma opinião que a sra. Ministra: importa inovar e investir nos jovens investigadores e empreendedores, bem como no trabalho em rede ou até na criação de um «Observatório do Atlântico». Mas, acrescentamos, que esta visão não se coaduna com a exploração de hidrocarbonetos na nossa região.

A verdade é que os anteriores Governos concederam direitos de prospeção, pesquisa, desenvolvimento e produção de hidrocarbonetos (petróleo e gás natural) em terra (incluindo os territórios da Reserva Natural Sapal de Castro Marim e Vila Real de Santo António, do Parque Natural da Ria Formosa, do Parque Natural Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina, e ainda dos Sítios de Importância Comunitária Barrocal, Monchique, Cerro da Cabeça e Ria de Alvor) e no oceano, ao largo de quase toda a costa algarvia (mapa de concessões e os contratos estão disponíveis em www.palp.pt).

Esta decisão político-económica, ainda em vigor, é de enorme gravidade, se tivermos em conta que os cidadãos do Algarve não foram consultados neste processo e que o mesmo afetará a vida de tudo e de todos.

A indústria petrolífera para pesquisar hidrocarbonetos (no estado gasoso ou liquido) serve-se de várias técnicas num processo que envolve várias fases e que pode ter uma grande variedade de efeitos muito negativos no ambiente.

Apesar disso, em Portugal, as prospeções e pesquisas têm sido realizadas sem qualquer tipo de estudo ou avaliação do impacto ambiental. Para além disso, todo o processo tem sido conduzido de uma forma que não se nos afigura transparente. Em anexo enviamos um pequeno resumo sobre estas actividades e alguns dos seus possíveis impactos.

Numa altura em que por todo o mundo as energias renováveis mostram a sua elevada capacidade de substituir os combustíveis fósseis a curto/médio prazo, é impensável que um país não produtor como Portugal inicie o processo a longo prazo que é extrair petróleo e gás natural. Principalmente tendo em conta que estes são um dos grandes responsáveis pelo aquecimento global e pela degradação de ecossistemas fundamentais para a população humana.

A intenção de procurar novos lugares de extração assenta num modelo energético ultrapassado e gravoso, seja em que zona do planeta for.

Defendemos, por isso, que não é possível dar o aval a uma política insustentável de exporação de combustíveis fósseis, que nunca vez parte da história do nosso país e que acarreta inúmeros impactos e riscos ambientais, e pretender, em simultâneo, abraçar as energias renováveis.

*A 17 de novembro de 2015, a PALP entregou uma petição na AR com mais de 7000 assinaturas exigindo a discussão urgente da exploração de hidrocarbonetos no Algarve e ao abrigo das competências constitucionais, legais e regulamentares que cabem a este órgão, requereu a sua intervenção urgente para não permitir a prospeção e exploração de petróleo e gás nesta região.

Por: Plataforma Algarve Livre de Petróleo .