Por: Padre Carlos Aquino | effata_37@hotmail.com

“Por aqueles dias, Maria levantou-se, foi apressadamente para a montanha, para uma cidade de Judá, entrou na casa de Zacarias e saudou Isabel” (Lucas 1, 39). Estas palavras do Evangelho segundo são Lucas, que constituem uma boa e feliz Notícia para os cristãos, servem de mote inspirador para as jornadas Mundiais da Juventude a realizarem-se em agosto do próximo ano em Lisboa com a presença do nosso amado Papa Francisco. Vivemos tempos muito difíceis, em que a humanidade já provada pelo trauma da pandemia, é dilacerada agora pelo drama duma insidiosa guerra. Acresce entre os cristãos os conflitos e os escândalos a descredibilizar a verdade da Igreja.

Internamente sente-se a urgência de uma purificação e de uma profunda conversão e mudança à verdade do Evangelho, que Maria soube acolher, viver e testemunhar. A Igreja, povo de Deus a caminho na comunhão e na unidade com Cristo, está a ser convocada para a redescoberta e o rejuvenescimento da sua própria identidade e a um novo ardor na sua missão evangelizadora.

Maria reabre para todos e em particular para os jovens o caminho dessa mudança, de um novo despertar para uma vida mais autêntica e feliz afirmada na fé, na esperança e na caridade pela proximidade e pelo encontro.

É preciso que todos despertem para essa vida nova, que o verbo “levantar”, também o mesmo para dizer “ressuscitar”, a todos propõe. Maria é modelo dos cristãos e dos jovens em movimento, cristãos e jovens que não ficam imóveis diante do espelho em contemplação da própria imagem, nem «alheados» nas redes. Ela está completamente projetada para o exterior.

É a mulher num estado permanente de êxodo, de saída de si mesma para o Outro, que é Deus e para os outros, os irmãos e as irmãs, sobretudo os mais necessitados, os feridos e os perdidos. Ela parte apressadamente. A sua pressa, sinal de uma vida não superficial nem medíocre é ditada pela solicitude do serviço, do anúncio jubiloso, duma pronta resposta à graça do Espírito Santo. Cheia de Deus parte para o partilhar.

Como seria tão bela e diferente a Igreja se assim fosse a sua missão. Acolhamos neste sentido o apelo deixado por Francisco na sua recente entrevista a Maria João Avillez: “Eu diria isto: olhem para a janela. Olhem a janela. E perguntem-se: 'A tua vida tem uma janela aberta?'. Se não tiverem, abram-na o quanto antes.

Não tenham vistas curtas. Em relação a um problema, a seja o que for. Saibam que estamos a caminhar para o futuro, que há um caminho. Olhem para o caminho. Não se fechem. Sempre com a janela aberta. Pergunto: 'Qual é a tua janela? Qual é a tua esperança?'. 'Não me ocorre.' Pronto, procura-a e cria-a, mas não se pode viver sem esperança, não se pode viver sem esse ímpeto positivo da esperança. Senão encaracolas-te como um caracol sobre ti próprio e isso é doentio. Abram a janela, é o conselho que dou para se prepararem para as Jornadas da Juventude. Abram a janela.

Vejam além do nariz, além. Olhem, abram, olhem para o horizonte. E alarguem o coração”. Na verdade, quando “Caminhamos e teu olhar é guia/ Todos os montes se abaixam à luz/ Tua palavra o coração alumia/ És a Mulher Mãe que ao céu nos conduz// Nós somos o Sal da terra e luz do mundo/ Em missão onde tudo se principia/ Testemunhas desse Mistério profundo/ Somos servos do Evangelho da alegria!// Há nascentes dentro de nós, Maria/ Procuramos no amor eternidade/ Teu Filho é a Verdade e nossa Via/ Nós somos canto da fraternidade”.