Considerado como um traço de modernidade, o associativismo voluntário assumiu expressão crescente nas sociedades europeias ao longo do século XIX. As associações, instituídas como meio de organização dos plurais interesses e objetivos dos indivíduos e dos grupos, favoreciam a participação dos cidadãos nos destinos da nação, dando corpo à designada sociedade civil, evocada pelos governantes liberais.
Em Portugal, vozes coevas que clamavam pelo progresso do país denunciavam a debilidade do associativismo pátrio e consideravam que a situação demonstrava, a seu modo, o atavismo da sociedade portuguesa.
O diagnóstico incluía o setor agrário sublinhando-se que o progresso e a modernização do mesmo requeriam a participação das forças sociais mais capazes e esclarecidas, tanto no plano nacional como local.
Com base neste discurso, os governos liberais delinearam os critérios para a instalação das Sociedades Agrícolas a serem criadas nas capitais de distrito, com filiais nas localidades sedes de concelho. A fundação da Sociedade Agrícola de Loulé inclui-se neste âmbito e a investigação sobre ela, tendo em conta a evolução do quadro legal, as entidades promotoras e a capacidade de mobilização dos associados, contribui para esclarecer os motivos que conduziram à extinção da primeira fase do associativismo agrário em Portugal.
Maria Ana Bernardo, professora auxiliar na Escola de Ciências Sociais (Departamento de História) e investigadora integrada do Centro de Investigação CIDEHUS, da Universidade de Évora, é licenciada em Ensino de História e Ciências Sociais pela Universidade de Évora, em 1986, e doutorada em História, pela mesma instituição académica, em 2010.
Os seus interesses de investigação situam-se no domínio da História Social (elites e estratificação social, associativismo, sociabilidade, lazer e turismo) e do Património Urbano.
Entre as suas principais publicações encontram-se “Sociedade e Elites no Concelho de Évora. Permanência e mudança (1890-1930)”, Lisboa, Fundação Calouste Gulbenkian / Fundação para a Ciência e Tecnologia, 2013; “Évora. Roteiros Republicanos”, Lisboa, QuidNovi, 2010 (em coautoria); “Tourism, Guidebooks and the Emergence of Contemporary Tourism in Portugal” in The Uses of History in Tourism Development (Auvo Kostiainen and Taina Syrjämaa ed.), Finland, Finnish University Network for Tourism Studies (FUNTS), 2008 (em coautoria); “A Candidatura de Évora a Património Mundial: Testemunhos na Imprensa” in El Patrimonio Cultural: Tradiciones, Educación y Turismo, Extremadura – Portugal, Cáceres, Universidad de Extremadura y Consejeria Provincial de Cáceres, 2008 (em coautoria); “Sociabilidade e Distinção em Évora no século XIX. O Círculo Eborense”, Lisboa, Edições Cosmos, 2001.
Esta Conferência tem entrada livre.
Por CM Loulé