Poesia por Ofélia Bomba, Médica Psiquiatra

(Evocação do Dia de Camões – 10/06/2025)

Poema apresentado pela autora na “VI SEMANA DO AUTOR MÉDICO” sob o tema “Navegando na Palavra e no Tempo de Camões” organizada pela SOPEAM (Sociedade Portuguesa de Escritores e Artistas Médicos) a que pertence e que teve lugar em Lisboa no mês de Maio.

 

No dia em que nasceu Camões

Fazia vento Norte.

Por montes e vales

Aldeias e cidades

Árvores retorcidas, uivavam tempestades

E as folhas bailarinas,

Atigidas de morte,

Caíam aos milhões.

 

Densa a chuva tombava

Invadindo tudo – uma chuva tão fria!

Que ao mar revolto logo se misturava

E não fora o sal não se distinguia.

 

O Poeta nasceu!

Parou o vento Norte.

Desfeito o abraço da chuva e do mar

Um enorme arco-íris, de súbito, apareceu

De longe o mais belo que é possivel pensar

Húmido

                Transparente

                                               As cores todas ali!

Único e imenso

Coroa de pedrarias em terra abençoada

Com seu cheiro intenso

O de terra molhada.

 

À noite houve luar de lua cheia

Macio – de tanto deslizar pela areia –

Derramado, morno, cor de cal.

E, a partir de aí, em toda a Natureza,

Já nada foi igual

Porque nascera o Poeta

Da Lingua Portuguesa

O GRANDE, O MAIOR,

Que cantou como épico,

Os feitos e heróis de Portugal

E, como lírico, a mágica do amor!