Segundo os especialistas, agora não é o momento para se ser complacente com a Covid-19. E explicam porquê.

A variante Ómicron, de rápida disseminação e que, ao que tudo indica, causa uma doença mais leve em comparação com as versões anteriores do coronavírus, alimentou a ideia que a Covid-19 representa um risco menor que antes. Por causa disso, muitas pessoas perguntam por que é que se devem esforçar tanto para evitar a infeção agora, já que todos seremos expostos ao vírus mais cedo ou mais tarde.

A Reuters apresenta as razões apontadas pelos especialistas, que dizem que agora não é o momento para se ser complacente com a Ómicron.

1. Ainda se pode ficar muito doente

Os estudos indicam que é mais provável que a Ómicron provoque um caso assintomático de Covid-19 do que as variantes anteriores. Para aqueles que têm sintomas, uma proporção maior experimenta uma forma leve da doença, como dor de garganta, sem as dificuldades respiratórias típicas de infeções anteriores.

Mas a extraordinária disseminação da Ómicron em muitos países significa que, em números absolutos, mais pessoas irão sofrer doença grave. Dados recentes de Itália e da Alemanha, de resto, mostram que as pessoas que não estão vacinadas, por exemplo, são muito mais vulneráveis ​​quando se trata de hospitalização, UCI e morte.

"Concordo que mais cedo ou mais tarde todos serão expostos, mas mais tarde melhor", disse o virologista Michel Nussenzweig, da Universidade Rockefeller. "Porquê? Porque mais tarde teremos mais medicamentos, com maior disponibilidade, e vacinas melhores."

2. Porque podemos infetar os outros

Podemos ficar levemente doentes, mas podemos passar o vírus para outras pessoas com maior risco de desenvolverem doença grave, mesmo se tiverem anticorpos de uma infecção anterior ou da vacinação, segundo Akiko Iwasaki, que estuda imunologia viral na Universidade de Yale.

3. Efeitos a longo prazo da Ómicron são desconhecidos

As infeções com variantes anteriores do coronavírus, incluindo infeções e casos de reinfeção após a vacina, causaram síndrome da “Covid longa”. “Ainda não temos dados sobre qual proporção de infeções de Ómicron… que terminam com Covid longa”, diz Iwasaki. "As pessoas que subestimam a Ómicron como 'leve' estão a colocar-se em risco de apanhar uma doença debilitante que pode durar meses ou anos". Também não está claro se a Ómicron terá algum tipo de efeitos "silenciosos".

4. Há medicamentos em falta

Os tratamentos para a Ómicron são tão limitados que os médicos precisam de racioná-los. Dois dos três medicamentos de anticorpos usados ​​durante as ondas anteriores da Covid-19 são ineficazes contra essa variante. O terceiro, sotrovimab, da GlaxoSmithKline (GSK.L), está em falta, assim como um novo tratamento antiviral oral chamado Paxlovid, da Pfizer Inc (PFE.N), que parece ser eficaz contra a Ómicron.

5. Hospitais continuam cheios

Em indivíduos totalmente vacinados e com dose de reforço sem condições médicas subjacentes, a Ómicron "não causará muitos danos", segundo David Ho, professor de microbiologia e imunologia da Universidade de Columbia. Ainda assim, quanto menos infeções, melhor, especialmente agora, quando os hospitais já estão sobrecarregados. De recordar ainda que, durante os surtos anteriores, os hospitais sobrecarregados não conseguiram tratar adequadamente outras emergências.

6. Mais infeções significam novas variantes

A Ómicron é a quinta variante altamente significativa do SARS-COV-2 original, e resta saber se a capacidade do vírus de sofrer mutações irá diminuir. Altas taxas de infeção também dão ao vírus mais oportunidades de mutação, e não há garantia de que uma nova versão do coronavírus seja mais benigna do que as suas antecessoras.

 

Por: Idealista