O Encontro Internacional de Arte e Comunidade – «Mexe» de 2019 realiza já em novembro a sua primeira extensão em Faro, que antecederá outra em Lisboa e a habitual semana de iniciativas marcada para setembro próximo no Porto, anunciou a organização.

O "Mexe" realiza-se a cada dois anos no Porto, desde 2011, e tinha anunciado, em meados de outubro, que em 2019 iria ter duas extensões, uma em Lisboa e outra em Faro, onde foi estabelecida uma parceria com o Teatro Municipal de Faro (TMF) para realizar duas oficinas e uma conferência, entre 10 e 15 de novembro, disse o diretor artístico do encontro, Hugo Cruz.

“Em Faro, resultante desta parceria com o TMF, temos prevista uma programação que vai oferecer à população e moradores de Faro duas oficinas, uma com o Josep Borrás, que nos chega de Espanha com o ‘Basket Beat’, um trabalho baseado no basquetebol e no hip-hop”, explicou Hugo Cruz, frisando que a ideia é “criar música a partir do ritmo que surge do batimento das bolas de basquetebol” e os jovens “farão uma apresentação final” no dia 15.

A outra oficina resulta de um “projeto que chega da Argentina e é trazido pela Edit Scher, uma das encenadoras mais reconhecidas no contexto do teatro comunitário” que “faz um trabalho num bairro de Buenos Aires” em que “todos os moradores do bairro podem participar e fazer parte desta criação”, acrescentou o diretor artístico do "Mexe".

“É uma proposta de programação que convida as pessoas a fazer parte destes espetáculos que vão acontecer, além de participarem também como público, tentando que as pessoas tenham relação com a criação artística a diferentes níveis”, salientou a mesma fonte.

Em Faro realiza-se também uma conferência na qual vão ser discutidas “práticas artísticas comunitárias na América Latina, na Europa e Península Ibérica”, com a participação de Edith Scher e Hugo Cruz, disse ainda o próprio diretor artístico.

A mesma fonte considerou que Portugal costuma ser visto como um “patinho feio” e várias áreas, mas em termos de práticas artísticas comunitárias “esse não é o caso” e o país “tem um lugar muito especial na Europa”, sendo até “visto como um caso de estudo”.

Ao ter contacto com a abordagem sul-americana, através sobretudo do Brasil, e pertencer à europeia, Portugal desenvolveu uma prática “muito própria” e “distinta da que se tem em Espanha, por exemplo, onde não houve tanto contacto da América Latina”, considerou.

“Somos muito inspiradores na Europa, porque encontrámos uma ponte de diálogo entre a América Latina e a Europa”, disse Hugo Cruz, assegurando que o país pode estar “muito orgulhoso do trabalho feito”.

Questionado sobre o que distingue a abordagem portuguesa da espanhola, Hugo Cruz disse que, “em Espanha, segue-se muito o chamado teatro social, que é um teatro mais vocacionado para pessoas mais fragilizados do ponto de vista social”, enquanto Portugal “já está a passar um pouco para um patamar seguinte, que é o de toda a gente que habita um território ser convocado para este trabalho”.

“E cria-se um momento privilegiado para pessoas que nunca se encontrariam de outra forma, poderem através da arte derrubar preconceitos. A arte é um espaço para provocar estes encontros, onde todos, independentemente das suas origens socioeconómicas, se podem olhar olho no olho”, acrescentou.

 

Por: Lusa