Serão acompanhados pelo Diretor Executivo da Amnistia Internacional de Portugal, Pedro Neto.
Juntos, querem «despertar nos alunos essa preocupação» para um tema «que é transversal a todas as disciplinas».
Esta sessão surge do facto de a Escola Secundária de Loulé ter um Grupo de Estudantes da Amnistia Internacional. Aliás, a sul do Tejo, este é o único estabelecimento de ensino não-universitário que tem, neste momento, uma secção daquela associação que, a nível internacional, se preocupa com os direitos humanos.
A ida a Loulé dos dois ativistas surgiu, segundo a professora Anabela Correia «do plano de atividades da Amnistia, que previa disponibilizar a presença do Luaty Beirão e do Marcus Mavungo para uma sessão».
A proposta foi aceite e os dois ativistas estarão presentes para darem uma palestra sobre a sua vivência.
Um dos pontos a abordar será o da liberdade de expressão, uma conquista portuguesa do 25 de abril de 1974.
Os dois ativistas foram considerados Prisioneiros de Consciência pela comunidade internacional e o seu caso foi adotado, pela Amnistia Internacional, que tem acompanhado de perto a situação dos Direitos Humanos em Angola, expressando uma crescente preocupação e oposição às práticas do Estado angolano que, cada vez mais, procuram limitar os direitos à liberdade de expressão, de reunião e associação pacíficas.
Biografias
Luaty Beirão
O mediatismo de Luaty Beirão, foi notícia durante semanas, em Portugal e no mundo, devido à greve de fome que fez quando foi injustamente detido pelo Governo angolano.
Luaty Beirão, que, como rapper, é conhecido como Brigadeiro Mata Frakuz e Ikonoklasta, foi preso em junho de 2015 por estar a ler, em Luanda, conjuntamente com outros ativistas, o livro «Ferramentas para destruir o ditador e evitar nova ditadura», do jornalista Domingos da Cruz. Em protesto contra a sua detenção arbitrária, e após meses na prisão, o músico fez 36 dias de greve de fome, de 22 de setembro a 27 de outubro.
José Marcos Mavungo
É um ativista angolano, membro da organização Mpalabanda Associação Cívica de Cabinda –
organização de Direitos Humanos a atuar em Cabinda. Fundada em 2003, a Mpalabanda é uma das poucas organizações de direitos humanos que atua na região. Os objetivos da Mpalabanda incluem a oposição pacífica à guerra, à opressão e à corrupção. A Mpalabanda também faz a monitoração da situação de direitos humanos na região e documenta as violações de direitos humanos cometidas pelo governo. Em 2006, o Tribunal Provincial de Cabinda impôs uma proibição à Mpalabanda por alegado envolvimento em política.
Foi detido em março de 2015, depois de, em conjunto com Arão Bula Tempo (também ele detido e libertado em julho de 2016), ter convocado uma manifestação pelos Direitos Humanos em Cabinda.
Acusado de rebelião, foi condenado a 6 anos de prisão em setembro de 2015 e libertado em maio de 2016, após decisão do Tribunal Supremo.