Luaty Beirão
Luaty Beirão e Marcos Mavungo na Secundária de Loulé para alertar alunos para questões dos direitos humanos

13:16 - 11/01/2017 LOULÉ
Luaty Beirão e José Marcos Mavungo dois dos grandes opositores ao Governo angolano de José Eduardo dos Santos, vão estar no Grande Auditório da Escola Secundária de Loulé, no dia 19 de Janeiro, às 10h30, para conversar sobre direitos humanos.

Serão acompanhados pelo Diretor Executivo da Amnistia Internacional de Portugal, Pedro Neto.

Juntos, querem «despertar nos alunos essa preocupação» para um tema «que é transversal a todas as disciplinas».

Esta sessão surge do facto de a Escola Secundária de Loulé ter um Grupo de Estudantes da Amnistia Internacional. Aliás, a sul do Tejo, este é o único estabelecimento de ensino não-universitário que tem, neste momento, uma secção daquela associação que, a nível internacional, se preocupa com os direitos humanos.

A ida a Loulé dos dois ativistas surgiu, segundo a professora Anabela Correia «do plano de atividades da Amnistia, que previa disponibilizar a presença do Luaty Beirão e do Marcus Mavungo para uma sessão».

A proposta foi aceite e os dois ativistas estarão presentes para darem uma palestra sobre a sua vivência.

Um dos pontos a abordar será o da liberdade de expressão, uma conquista portuguesa do 25 de abril de 1974.

Os dois ativistas foram considerados Prisioneiros de Consciência pela comunidade internacional e o seu caso foi adotado, pela Amnistia Internacional, que tem acompanhado de perto a situação dos Direitos Humanos em Angola, expressando uma crescente preocupação e oposição às práticas do Estado angolano que, cada vez mais, procuram limitar os direitos à liberdade de expressão, de reunião e associação pacíficas.

 

Biografias

Luaty Beirão

O mediatismo de Luaty Beirão, foi notícia durante semanas, em Portugal e no mundo, devido à greve de fome que fez quando foi injustamente detido pelo Governo angolano.

Luaty Beirão, que, como rapper, é conhecido como Brigadeiro Mata Frakuz e Ikonoklasta, foi preso em junho de 2015 por estar a ler, em Luanda, conjuntamente com outros ativistas, o livro «Ferramentas para destruir o ditador e evitar nova ditadura», do jornalista Domingos da Cruz. Em protesto contra a sua detenção arbitrária, e após meses na prisão, o músico fez 36 dias de greve de fome, de 22 de setembro a 27 de outubro.

 

José Marcos Mavungo

É um ativista angolano, membro da organização Mpalabanda Associação Cívica de Cabinda –

organização de Direitos Humanos a atuar em Cabinda. Fundada em 2003, a Mpalabanda é uma das poucas organizações de direitos humanos que atua na região. Os objetivos da Mpalabanda incluem a oposição pacífica à guerra, à opressão e à corrupção. A Mpalabanda também faz a monitoração da situação de direitos humanos na região e documenta as violações de direitos humanos cometidas pelo governo. Em 2006, o Tribunal Provincial de Cabinda impôs uma proibição à Mpalabanda por alegado envolvimento em política.

Foi detido em março de 2015, depois de, em conjunto com Arão Bula Tempo (também ele detido e libertado em julho de 2016), ter convocado uma manifestação pelos Direitos Humanos em Cabinda.

Acusado de rebelião, foi condenado a 6 anos de prisão em setembro de 2015 e libertado em maio de 2016, após decisão do Tribunal Supremo.