Todos os créditos têm uma taxa de juro associada e esta pretende ser a tradução do risco do credor emprestar dinheiro. O cálculo da taxa de juro é um composto entre o custo de financiamento do banco e a margem que o banco tem de colocar para ter o seu lucro depois de coberto o risco de emprestar dinheiro. Ou seja, uma taxa de juro mais elevada significa que aquele crédito pressupõe maior risco.
A ponderação do risco de um cliente é um cálculo complexo e que pode implicar com variáveis evidentes como o vínculo contratual ou outras menos evidente como o código postal da zona de residência. Há especialistas que são muito bem pagos, a trabalharem para as instituições financeiras a elaborarem os modelos de risco do financiamento de determinado valor para uma determinada pessoa. Quanto mais acertada for esta fórmula, menores riscos corre o banco em financiar.
A notícia que nos dá conta de duas empresas americanas de análise de crédito estarem a recorrer às redes sociais para traçar um melhor perfil dos clientes não é ainda uma realidade no nosso país. Contudo, dá que pensar como as redes sociais podem ter tantas implicações na tua vida. A verdade é que esta notícia deve ser um alerta para perceber os motivos da recusa de um crédito. Há muitas pessoas que ficam desapontadas quando um banco lhes recusa um crédito, mas se isso acontece é porque o banco está a defender-se de eventuais incumprimentos, o que é motivo não de desapontamento mas de descanso em relação ao teu banco. Se tens um banco que está permanentemente a aliciar-te com crédito e se tu próprio percebes que não tens condições para tal, então desconfia desse banco. Quem disponibiliza crédito com muita facilidade é porque está disposto a correr muitos riscos, o que torna a taxa de juro mais alta.
Por muito estranho que pareça o facto de o Facebook poder entrar como variável na análise de risco de um crédito, deves perceber que tudo o que seja para escrutinar o melhor possível o cliente és tu quem ganha com isso. Quanto mais apertados forem os critérios, melhor negócio estarás a fazer com a celebração de um contrato de crédito. O mundo financeiro tem de perceber que a era do crédito fácil trouxe maiores prejuízos do que benefícios!
Artigo escrito por joao.raposo@reorganiza.pt, partner da Reorganiza, para o idealista/news, no âmbito da rubrica “Trocado por Miúdos”.
Por: Idealista
