"O anel do unicórnio - Uma ópera em miniatura" tem libreto de Ana Lázaro, música de Martim Sousa Tavares e encenação de Ricardo Neves-Neves. A história, apropriando-se dos ingredientes de uma clássica comédia de enganos, é protagonizada por uma família - o pai Bellini, a mãe Faustina, o filho Pedro, o cão Leitmotiv e o gato Giovanni - que vive como se estivesse num espetáculo de ópera.
A ação decorre ao longo de um dia de festa, porque o casal celebra as bodas de prata, mas o filho está farto do constante registo operático dos pais, o gato desapareceu e o cão causa um desastre familiar por causa de uma jóia. Há ainda a criada, Tosca, também ela farta de viver em compasso e dentro de uma partitura.
"Já que era para cultivar novos públicos para a ópera, podia ser giro fazer uma ópera sobre a ópera. Uma família que está presa a viver dentro de uma ópera, com todos os constrangimentos que isso provoca", explicou a autora do libreto, Ana Lázaro, aos jornalistas, no final de um ensaio em Lisboa.
Sem simplificar demasiado, nem "empobrecer a linguagem" só porque se destina aos mais novos, esta ópera propõe-se "experimentar coisas novas e não ser um aborrecimento", disse Ana Lázaro.
"O que nós queremos é que quem venha encontre essa porta aberta, que seja uma coisa agradável de ouvir e que seja a ponta de um fio que se possa puxar e vai dar a outras óperas, a música clássica. O grande desafio é que seja logo uma boa primeira experiência, porque muitas vezes a primeira experiência vai decidir todo o 'mood' da relação da pessoa com essa forma de arte, neste caso a ópera", sublinhou Martim Sousa Tavares.
Em palco estarão quatro atores e, acima deles, um ensemble, dirigido por Martim Sousa Tavares. O cenário será composto de várias paredes brancas amovíveis, nas quais estão colocados pequenos robots que farão desenhos em tempo real, à medida que decorre a narrativa.
Segundo Ricardo Neves-Neves, os elementos cénicos escolhidos são ao mesmo tempo lúdicos, com referências à infância, à escola e à ópera, e funcionais, tornando este espetáculo mais portátil para ser apresentado em itinerância.
Musicalmente, a obra convoca referências de vários períodos e personagens conhecidas da história da ópera, juntando-lhes ainda uma execução instrumental contemporânea ao misturar harpa, baixo elétrico, melódica, flauta e flautim, percussão e um "protocravo" com dois sintetizadores.
"O anel do unicórnio" estrear-se-á a 19 de novembro, seguindo-se nova récita no dia seguinte, 20 de novembro, sempre no Cineteatro Louletano, em Loulé (Faro), e seguirá depois para o Centro Cultural Vila Flor, em Guimarães (de 25 a 27 de novembro).
De 03 a 19 de dezembro, fará uma temporada no LU.CA - Teatro Luís de Camões, em Lisboa, o espaço cultural que desafiou o Teatro do Eléctrico para fazer esta ópera, e estão já agendadas apresentações no final de 2022 em Ílhavo, Odivelas e Ovar.
"Nós queremos muito mostrar o espetáculo ao maior número de espectadores, possível. Queremos muito contrariar a tendência da última década da redução das temporadas, até em Lisboa. E [há] esta relação, uma postura e um pensamento, com a arte efeméra e como pode continuar a ser efémera, mantendo a noção de temporada e de espetáculo em carteira", disse Ricardo Neves-Neves.
A ópera "O anel do unicórnio" será interpretada por André Henriques, Cátia Moreso, Sílvia Filipe e André Magalhães.
O ensemble integra David Silva (flauta), Ana Aroso (harpa), Mrika Sefa (piano elétrico e sintetizador), Francisco Cipriano (percussão), Helena Silva (violino), Miguel Menezes e Vasco Sousa (contrabaixo e baixo elétrico).
Por: Lusa