No âmbito do Balanço da Cidade Europeia do Desporto, Hugo Nunes, Vice-Presidente da Câmara Municipal de Loulé, acompanhado por Mário Sebastião, Chefe de Divisão do Desporto da Câmara Municipal de Loulé e André Gomes, Técnico Superior de Desporto da Câmara Municipal de Loulé, foi entrevistado no programa “Olha que Dois”, com Nathalie Dias e Vítor Gonçalves
No dia 5 de novembro de 2014, ocorreu em Bruxelas a cerimónia da entrega da bandeira, como distinção, ao Concelho de Loulé, como “Cidade Europeia do Desporto 2015”, pelas mãos do Presidente da ACES Europe – Associação das Capitais e Cidades Europeias, Francesco Lupatteli.
Essa distinção constituiu um estímulo, para o executivo, de que faz parte?
Hugo Nunes – A atribuição do galardão “Cidade Europeia do Desporto” foi com certeza um estímulo muito importante para o executivo de Loulé, mas ainda mais, foi o reconhecimento do trabalho de 40 anos de muitas pessoas: de atletas, de técnicos, de dirigentes, de adeptos, de famílias, de autarcas… que durante 4 décadas (…) construíram um património incontestável na área desportiva e que se constitui como uma das grandes riquezas do nosso Concelho. (…)
Quando foram dados os primeiros passos na estruturação e calendarização dos eventos desportivos?
H.N. – Tomámos posse nos finais de outubro de 2013 e em janeiro de 2014 tomámos este dossier. Mas é preciso dizer que havia uma pré-candidatura já apresentada pelo anterior executivo, e nós em janeiro de 2014, recomeçámos a preparação deste dossier.
Um evento com este impacto, deveria corresponder a uma participação ao mesmo nível. Quais as modalidades que participaram neste evento?
H.N. – Essa é uma excelente pergunta. (…) Nós tivemos 54 modalidades representadas no leque de eventos (…). É muito difícil encontrarmos no Concelho de Loulé uma atividade desportiva que não se pratique. Assim de cor, lembro-me do basebol, que já se praticou e se foi perdendo. (…) E há uma modalidade que se pratica no Concelho de Loulé (…) e que nós temos quase o exclusivo (…), que é a Malha na Lage. (…)
Uma iniciativa desta dimensão, não se faz unicamente com atletas, mas também com técnicos e dirigentes. Quantos técnicos e treinadores estiveram envolvidos nessa maratona desportiva?
H.N. – Aí está uma estatística que eu julgo que não fizemos. (…) Posso garantir-lhe que largas centenas de técnicos participaram neste evento. (…) Não tenho dúvidas que nós ultrapassámos os 500 técnicos presentes, aliás, uma das dimensões da Cidade Europeia do Desporto esteve exatamente ligada à formação para os técnicos da área do desporto. Haviam três pilares principais na programação da CED: os eventos desportivos, a atividade física e o conhecimento e a memória. E essa foi uma das áreas onde houve uma aposta muito forte. Tanto na formação dos técnicos, como na formação dos dirigentes. Criámos um programa em colaboração com a Universidade do Algarve de formação de dirigentes, que é uma das sementes que fica e que vai geminar: um programa de formação de dirigentes desportivos e de técnicos, que queremos manter para os próximos anos.
Foram por certo convidados todos os clubes e associações do Concelho. Todos eles responderam positivamente?
H.N. – As respostas que tivemos de todos foram de disponibilidade. Houve depois, pontualmente, alguns clubes que estavam numa situação um pouco mais frágil da sua história, faltando-lhes os recursos e, portanto, tiveram dificuldade em colocar a ação onde colocavam a sua vontade. Mas a totalidade dos clubes do Concelho sentiram-se orgulhosos pela distinção. (…)
Quantos atletas participaram, nesse movimento desportivo ?
H.N. – Nos nossos levantamentos temos registo de 50 885 atletas. E alguns vieram de propósito para este evento. Esse foi um dos grandes desafios deste evento, receber atletas do resto do país, do resto da Europa e do resto do mundo.
(…) Nós tivemos aqui eventos que tiveram uma dimensão mundial… Uma dessas provas foi, por exemplo, o Campeonato do Mundo de Pesca Desportiva (…).
Loulé, não se limita unicamente, à cidade sede do concelho. Em quantas freguesias, decorreram as atividades desportivas ?
H.N. – Nós tentámos cobrir a totalidade do território. Há uma prova que é exemplo disso, que é «Da Serra até ao Mar», um passeio de BTT (passeio é uma maneira simpática de dizer, porque não estamos a falar de um percurso assim tão ligeiro quanto isso, pelo contrário) (…). É uma prova que faz a ligação da aldeia do Ameixial até ao Calçadão da Cidade de Quarteira. Não é possível, aí, cobrir todas as freguesias, mas mostra bem o esforço que existe nesse sentido. É um dos exemplos desta dimensão que o desporto tem no Concelho, que toca todas as pontas do território. (…) Mas o litoral é onde temos os equipamentos…
Uma iniciativa deste tipo, desta dimensão, tem certamente, os seus custos. Qual foi o investimento que a Câmara Municipal de Loulé teve com esta iniciativa?
H.N. – Nós estamos ainda a encerrar as contas…eu estimo que o custo total da Cidade Europeia do Desporto esteja muito perto dos 600 mil euros. (…) Destes 600 mil euros, boa parte já era investimento feito no desporto. Há aqui, com certeza, um gasto acrescido àquilo que era o habitual, do qual eu ainda não tenho números, mas que eu julgo que estará perto dos 300 a 400 mil euros. Excluo aqui, obviamente, despesas de investimento: neste ano da CED foi inaugurado um skate parque, foi feita uma transformação do complexo desportivo em Almancil, que permite que Almancil tenha hoje, no Concelho, o complexo desportivo mais completo para a prática de futebol, (…). Estou a excluir essas despesas de investimento destes valores.
Havia uma comparticipação do governo para apoiar a organização do evento. Desse bolo, quanto é que o município recebeu do governo?
H.N. – Neste momento a verba não foi recebida, ainda. A comparticipação do Governo foi das primeiras questões tratadas em 2014. Tivemos uma reunião com o Sr. Secretário de Estado do Desporto e da Juventude na altura, em que conversámos sobre a CED, e a conversa foi muito simpática, falámos até de um conjunto de eventos, com uma grande disponibilidade da parte dele para colaborar com a CED, mas com uma intransigência também muito grande no que diz respeito aos valores… Disse-nos textualmente “foram 150 mil euros para Guimarães, foram 150 mil euros para a Maia, e serão 150 mil euros para Loulé”. E eu arrisco-me a dizer, apesar de ter existido também uma alteração nessa área, que serão 150 mil euros para Setúbal, que será a próxima.
Terminada esta maratona desportiva. Ficou Loulé desportivamente mais forte e com maior ecletismo desportivo? Que politicas tem atualmente o executivo para a prática da atividade desportiva do concelho?
H.N. – Esse era o grande desafio da CED. Era não só fazer a festa e reconhecer e honrar o passado, mas era semear e lançar para o futuro. Arrisco-me a dizer que esses objetivos foram cumpridos. No âmbito daquilo que é a promoção da prática desportiva, duas grandes mudanças na realidade resultam. Primeiro a consciência plena de todos os agentes, não só dos políticos, mas também técnicos da divisão do desporto da Câmara Municipal, e pessoas das escolas, de que esta relação tem de ser uma relação de grande proximidade. Portanto, estas medidas, como os embaixadores na escola, as «Histórias e Estórias dos nossos clubes», ou seja, a promoção da prática desportiva ali onde o terreno é mais fértil para semear, é uma das medidas que vai ser aprofundada durante os próximos anos.
Esta entrevista foi realizada por Nathalie Dias e Vítor Gonçalves no Programa “Olha que Dois”, uma parceria da “Total FM” com “A Voz de Loulé” emitidos a 13 de janeiro.
Oiça aqui esta entrevista na integra.
Outras entrevista em direto, às quartas-feiras, pelas 10h da manhã, no programa “Olha que Dois”, nos 103.1 e 104. da Total FM e nos 94.6 da Sagres FM.