Em Munique desde julho, para onde emigrou para ir viver com a namorada, Emanuel Guerreiro, de 36 anos, acreditou que “tinha qualidade” e apresentou-se na secção de basquetebol do clube da capital da Baviera.
“Aqui a mentalidade é completamente diferente. Para eles pouco importa onde nascemos, ou de onde vimos. Faz-se um treino e pouco se interessam de onde vimos, onde nascemos. Quem tem qualidade fica”, explica à agência Lusa.
Na próxima terça-feira, o treino vai ser mais curto para Emanuel. O português já tem lugar garantido no Allianz Arena, para assistir ao Bayern Munique-Benfica, da primeira mão dos quartos de final da Liga dos Campeões de futebol.
“O treinador já me deixou sair uma hora mais cedo do treino para ir ver o jogo Bayer-Benfica”, explica, acrescentando: “Quero muito que o Benfica ganhe”.
Em Munique, o algarvio tem uma espécie de “estatuto informal de trabalhador-treinador”, uma vez que durante o dia trabalha num hotel, gerido por “fanáticos do Bayern Munique”, de onde sai para os treinos ao final da tarde.
“Faço uma vida de trabalho normal aqui em Munique, e ao fim da tarde dou treinos, sou treinador-adjunto dos cadetes, não sou profissional do Bayern Munique”, conta, destacando o facto de, ao contrário de Portugal, na Alemanha haver treinadores profissionais nos escalões jovens.
Em Portugal, Emanuel Guerreiro jogou basquetebol no Farense até aos 18 anos, iniciando depois um percurso de treinador em clubes do Algarve, interrompido durante dois períodos: o primeiro para terminar uma licenciatura em turismo e um segundo para fazer um mestrado na Suécia.
No entanto, nunca se desligou da modalidade: “Mesmo no período em que não estava treinar, continuei a ir a formações e a ajudar alguns treinadores”.
Com o curso de treinador de nível três, o mais alto em Portugal, Emanuel Guerreiro, já tem participado em formações da federação alemã, sobretudo como ajudante do treinador principal dos cadetes do Bayern Munique.
“O treinador da minha equipa é formador da federação alemã de basquetebol e já o tenho ajudado em algumas formações, sobretudo ao nível prático”, explica, destacando, mais uma vez, as diferenças entre a modalidade em Portugal e na Alemanha: “Em Portugal há um conjunto de amigos, há quase sempre lóbis, mas no panorama amador”.
Com a equipa a preparar-se para disputar os ‘play-offs’ da Bundesliga de cadetes (sub-16), onde lutará por um lugar na final a quatro da competição, o emigrante algarvio não tem planos a médio prazo.
“Depende de muita coisa, vim para aqui para viver como um emigrante normal, não sou um Mourinho contratado”, afirma, contando, com ironia, que há dias ter recebeu um telefonema de uma empresa alemã a saber se queria trabalhar em Lisboa.
No entanto, Emanuel Guerreiro, que define a Alemanha como “um país onde tudo é incrivelmente fácil”, não esconde a possibilidade de continuar a investir no basquetebol: “Aqui há treinador de formações que são profissionais, quem sabe um dia…”.
Por: Lusa