O Secretário de Estado das Pescas e do Mar, Salvador Malheiro, esteve no Algarve para uma visita aos portos de pesca da região, no âmbito de uma política de proximidade com as comunidades piscatórias, ouvindo as suas preocupações e debatendo soluções para os desafios do setor.

A Voz do Algarve acompanhou a visita à Fuseta, onde o governante confirmou o arranque iminente da obra de dragagem do canal e da barra, uma reivindicação antiga dos pescadores locais. A intervenção decorre do concurso público lançado a 28 de junho, que prevê um investimento global de cerca de seis milhões de euros, dividido em dois lotes: um para Lagos (cerca de um milhão de euros) e outro para Fuseta, Tavira, Santa Luzia e Cacela (cinco milhões de euros). Para além da melhoria das condições de navegabilidade, a obra permitirá a reposição de areia na praia da Fuseta, afetada pela erosão costeira.

“Esta dragagem vai garantir a segurança da navegação e melhorar as condições de trabalho dos pescadores. É também uma forma de respeitar a tradição e assegurar a continuidade da pesca para as próximas gerações”, destacou o Secretário de Estado.

A importância desta intervenção foi igualmente sublinhada pelo Município de Olhão. Ricardo Calé, vice-presidente da Câmara Municipal, considerou a obra essencial para duas áreas estratégicas da economia local: pesca e turismo. “A dragagem da barra é fundamental para a segurança dos pescadores, que enfrentam dificuldades quando regressam do mar em condições adversas. Por outro lado, a reposição de areia na ilha garante a qualidade da nossa praia, essencial para o turismo”, referiu, lembrando que a lota da Fuseta movimenta entre 1,5 e 2 milhões de euros por ano e que conta com cerca de 200 embarcações.

A autarquia defende, contudo, que estas operações devem ser contínuas e não apenas pontuais, propondo que os municípios possam dispor de meios próprios, como dragas, para assegurar intervenções regulares, sempre com base em estudos técnicos adequados.

Entre as prioridades identificadas pelos pescadores e pela tutela, destacam-se ainda a requalificação do cais, a instalação de escadas e defensas, a renovação da frota e a implementação do defeso do polvo, que este ano trouxe novidades com a obrigatoriedade da retirada das artes de pesca durante o período de interdição, para garantir a eficácia da medida e a sustentabilidade da espécie.

O Secretário de Estado reiterou que a estratégia do Governo passa por dar um “novo impulso” ao setor das pescas, integrando-o na economia azul e criando condições para atrair jovens, renovar embarcações e promover práticas sustentáveis. “O Algarve não pode viver apenas do turismo. A pesca continua a ser uma atividade essencial, tanto pela sua importância económica como pelo seu valor social e cultural”, concluiu.