Jenifer Duarte, Presidente da Associação de Jovens Diabéticos de Portugal (AJDP)

As necessidades alimentares e nutricionais de uma pessoa sem diabetes não são diferentes das necessidades de uma pessoa com esta patologia, sendo que ambas devem ingerir uma variedade de alimentos para manter o seu crescimento e desenvolvimento normal. A principal diferença é que a quantidade, a qualidade e o tempo são elementos que devem ser cuidadosamente regulados através da ação da insulina.

Antes de mais, é importante identificar as diferenças entre os dois tipos de diabetes – a Diabetes Tipo 1 (DT1) e a Diabetes Tipo 2 (DT2). A DT1, de cariz inevitável, tem origem na destruição das células produtoras de insulina do pâncreas pelo sistema de defesa do organismo. A hormona que leva a glicose (açúcar) a entrar nas células é, desta forma, produzida em pouca quantidade ou inexistente. É o tipo mais comum entre crianças e jovens. A DT2, que pode ser prevenida, surge quando o pâncreas não consegue produzir insulina em quantidade suficiente ou esta não é utilizada de forma eficaz pelo organismo. Pode passar despercebida durante anos e ocorre, geralmente, a partir dos 40 anos. O envelhecimento, o sedentarismo e hábitos alimentares incorretos são alguns dos fatores que estão na sua origem.

A alimentação da pessoa com diabetes deve ser planeada no sentido de encontrar o equilíbrio entre as necessidades nutricionais, o tratamento, com recurso a medicação oral ou insulina, e ainda a atividade física. O grupo de nutrientes a que se tem que dar mais atenção é o dos Hidratos de Carbono, vulgarmente denominados por “açúcares”, dando preferência aos complexos (ex: pão integral ou de mistura, massa, arroz), pois não provocam um aumento muito rápido da glicemia, em comparação com os hidratos de carbono simples (ex: açúcar tradicional que adquirimos no supermercado ou que o está contido num bolo recheado de creme).  

No Dia Mundial da Alimentação, queremos partilhar algumas estratégias no sentido de melhorar o equilíbrio da glicemia, evitando as suas alterações (hipoglicemias e hiperglicemias):

- Aprender a ler os rótulos alimentares, identificando os “hidratos de carbono” presentes nos alimentos e promovendo escolhas mais saudáveis;

- Preferir sempre alimentos com hidratos de carbono mais complexos, isto é, que não provocam aumentos rápidos de glicemia (hiperglicemias);

- Saber como substituir os alimentos do plano alimentar (ex: substituir o arroz pelo grão e outras leguminosas), mantendo a quantidade de hidratos de carbono prevista para a refeição;

- Elaborar receitas saudáveis e mais apetecíveis, ao invés de refeições com um teor aumentado de gordura, sódio e açúcares adicionados;

- Fazer intervalos de 2 a 3 horas entre as refeições;

- Aumentar o consumo de água ao longo do dia, procurando beber cerca de 1,5 litros diariamente.

A Associação de Jovens Diabéticos de Portugal (AJDP) promove diversas iniciativas ao longo do ano para promover um estilo de vida saudável e prevenir e gerir a diabetes. Nas iniciativas de cariz educacional, dinamizamos o projeto “AJDP nas Escolas” através sessões de esclarecimento sobre a patologia em escolas, empresas e outras entidades; A nível alimentar, temos os Brunchs Vitaminados, em que apresentamos soluções mais saudáveis para a alimentação de toda a população; promovemos igualmente iniciativas ao nível do desporto, como a Colónia de Férias Desportivas de Verão, destinada apenas a jovens com diabetes, as caminhadas e fins-de-semana de convívio abertos a toda a população, o projeto DiabPT United, com uma equipa de futsal formada por jovens com diabetes, entre muitas outras. Procurem por nós em www.facebook.com/JovensDiabeticos e www.ajdp.org.