Cenário global
Segundo o mais recente relatório do Banco Mundial (junho de 2025), a economia global enfrenta o seu ritmo de crescimento mais lento desde 2008, excluindo períodos de recessão.. Vejamos os aspetos mais salientes deste relatório: (i) Crescimento global de 2,3% em 2025, uma revisão em baixa face aos 2,7% previstos no início do ano; (ii) Redução das previsões de crescimento em cerca de 70% das economias, tanto desenvolvidas como em desenvolvimento; (iii) Inflação global média de 2,9%, ainda acima dos níveis pré-pandemia; (iv) Desaceleração do comércio e investimento globais, com tensões comerciais e incertezas políticas a travar o dinamismo económico; (v) Sem recessão global prevista, mas com crescimento médio da década a ser o mais fraco desde os anos 1960.
Impactos na economia portuguesa
Portugal, como economia aberta e fortemente integrada na União Europeia, será afetado por este contexto global adverso de várias formas: (i) Exportações sob pressão, com a desaceleração do comércio global e o aumento de tarifas a dificultarem o crescimento das exportações portuguesas, especialmente para mercados fora da UE; (ii) Investimento externo mais cauteloso, face à incerteza global que pode travar decisões de investimento direto estrangeiro (IDE), afetando setores como tecnologia, energia e turismo; (iii) Mercados financeiros mais voláteis, perante a instabilidade geopolítica e as políticas monetárias restritivas que mantêm os custos de financiamento elevados, o que pode travar o investimento privado; (iv) Oportunidade na reindustrialização europeia, visando o reforço da autonomia estratégica na Europa, especialmente em setores como defesa, energia e semicondutores, o que pode beneficiar Portugal se para tanto souber posicionar-se como parceiro de confiança e inovador; (v) Turismo resiliente, o que apesar do contexto global, Portugal continua a ser um destino atrativo, o que pode mitigar parte dos efeitos negativos sobre o crescimento.
Bruxelas pressiona Portugal em cinco áreas prioritárias
São cinco as áreas prioritárias sob pressão Comissão Europeia s: (i) Reforço do Investimento em segurança e defesa; (ii) Execução urgente do PRR (Plano de recuperação e resiliência). com mais de um terço das medidas do PRR em estado crítico ou atrasado, designadamente devido à burocracia, a falta de capacidade administrativa e aos atrasos nos licenciamentos; (iii) Investimento na Saúde, em que o SNS enfrenta desafios estruturais, como falta de profissionais e subfinanciamento; (iii) Combate à Burocracia, relevando a necessidade de simplificar processos administrativos e melhorar a eficiência da administração pública, condição essencial para atrair investimento e executar os fundos europeus; (v) Eliminação de subsídios aos combustíveis fósseis, alinhando com os objetivos climáticos da UE, devendo Portugal acelerar a transição energética e eliminar apoios que contradigam a neutralidade carbónica.