Artigo de opinião assinado por Paulo Dinis, membro da direção da ANADIAL

Quando em 2008 a Anadial assinou um acordo com o Ministério da Saúde onde pela primeira vez no mundo se implementou um modelo de partilha de risco para um dos tratamentos da doença renal crónica, estávamos longe de antever o que sucederia nos anos que se seguiram.

A história da parceria com os centros privados de diálise data desde logo que o tratamento de hemodiálise em centro se tornou possível em Portugal, os diversos Ministérios da Saúde (nem sempre assim denominados) interpretaram as empresas gestoras privadas como um auxílio complementar para o tratamento dos doentes crónicos e que permitiria aos Ministérios da Saúde focar os recursos humanos, instalações e equipamentos no tratamento de doentes agudos.

Esta complementaridade com mais de 4 décadas sempre foi, ao longo da sua existência, capaz de cumprir com os seus desígnios, bem como ultrapassar os desafios mais difíceis, sempre através do diálogo entre as partes relacionadas sem nunca perder do contexto os doentes, a qualidade do seu tratamento e acima de tudo a sua qualidade de vida.

Pelo impacto tão recente e fresco na memória, não posso deixar de enumerar o período pandémico da COVID-19 em que os centros privados nunca fecharam as portas, cumpriram todas as suas obrigações e foram mais além ao tratar doentes infetados em turnos espacial e temporalmente separados, administraram as vacinas COVID-19 garantindo maior segurança aos doentes e maior adesão dos mesmos. Mais uma vez foi Portugal um dos primeiros países do mundo a conseguir atingir níveis de vacinação que possibilitavam imunização de grupo dos doentes renais crónicos que mesmo nos lockdowns mais restritivos sempre se deslocaram às suas clínicas para receberem o tratamento sem o qual a sua vida estaria em risco.

Agora que em 2024, esta parceria de complementaridade vive outro período muito difícil, as dificuldades são bem patentes no Estudo apresentado no passado dia 21 de fevereiro, mas que pela primeira vez apresenta também uma proposta de solução para que as partes envolvidas se sentem, discutem e avancem.

O futuro está em risco de deixar de ser o que é hoje.

 

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