Presidente do CDS-PP Algarve alerta que «O Património Cultural Algarvio sofre com a negligência socialista municipal, bem como pela falta de investimento na requalificação e manutenção de anos dos governos PS.
Acumulamos décadas de atraso na promoção da diversidade turística. A identidade local e o turismo estão a pagar um preço incalculável e difícil de recuperar a curto prazo.»
A cultura é a alma de qualquer região, a marca da sua identidade e um dos pilares fundamentais para o seu desenvolvimento. No Algarve, onde o turismo cultural poderia e deveria ser um motor de crescimento e diversificação, assistimos, há décadas, a um cenário de abandono, desvalorização e inacessibilidade do nosso património. Esta realidade não é fruto do acaso, é sim da falta de uma visão estratégica global que desagua numa incrível apraxia que as lideranças socialistas, que têm governado a região e o país, promovem de forma instintivamente natural. 
 
A degradação e falta de investimento em monumentos históricos do Algarve são apenas a face mais visível de um problema estrutural que se estende a vários pontos da região. A CCDR, agora entidade responsável pela gestão do património cultural, falha sucessivamente na missão de garantir que os principais monumentos se mantêm acessíveis e bem conservados. A tutela do Ministério da Cultura, que deveria ter supervisionado para garantir um plano nacional estruturado para a preservação e dinamização do património, tornou-se ineficaz ou desajustada, permitindo que a degradação e inacessibilidade do nosso legado histórico se perpetuem. O que em tempos teria sido fácil, simples e economicamente viável requalificar, torna-se hoje um “enredo” de final fatídico (o fecho é o caminho natural) inacreditável! 
 
O Turismo Cultural está Amputado, mas não o abandonem! 
 
O Algarve não é apenas sol, praia e festas. O turismo cultural, em todo o mundo, ajuda a reduzir a sazonalidade dos destinos e o nosso riquíssimo legado histórico algarvio tem de servir de complemento à oferta turística. A falta de uma política clara de investimento no património cultural tem travado essa evolução e com consciência hipotecam-nos, isso torna-os cúmplices deste “enredo”.  
 
Como pode uma região promover o turismo cultural e histórico se os seus monumentos estão fechados ou em condições precárias? 
 
Para além de monumentos como as Ruínas Romanas de Milreu, em Estoi, cuja manutenção deixa muito a desejar, ou o Forte de São Sebastião, em Castro Marim, que continua encerrado sem qualquer previsão de requalificação, temos casos onde o desleixo institucional fica bem evidente. A Fortaleza de Sagres, um dos monumentos mais emblemáticos da região, sofreu obras de reabilitação, mas as queixas dos visitantes continuam devido à falta de dinamização e serviços adequados. O Algarve tem de querer ser o melhor destino turístico do mundo. Os algarvios têm de se libertar desta teia melancólica e repressiva que nos vai conferindo pouco mais do que o nosso “hardware” (praias e falésias) nos potenciam. 
 
A responsabilidade por esta inação recai sobre a unidade de cultura da CCDR, que não consegue, ano após ano, garantir projetos eficazes de valorização, mas também sobre o Turismo de Portugal, que, apesar de anunciar planos de desenvolvimento para o turismo cultural, não assegura os investimentos necessários para que o Algarve diversifique a sua oferta. Contudo, há três outros organismos que não podem continuar a fugir às suas responsabilidades. Os 16 municípios, a Região de Turismo do Algarve (RTA) e a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Algarve (CCDR Algarve). Os 
Municípios pelo amorfismo na exigência de ações consequentes, a RTA porque continua a promover o Algarve nos mercados internacionais como um destino de excelência, mas fá-lo com base num modelo ultrapassado, sem exigir que o património histórico seja uma prioridade.  
 
O seu papel deveria ser muito mais do que campanhas de marketing – tem de pressionar o Governo e os municípios a garantirem que os turistas encontrem uma oferta cultural realista, segura e estruturada, à altura da riqueza histórica da região. Por fim a CCDR Algarve, que tem um papel crucial na gestão dos fundos comunitários e na coordenação do desenvolvimento regional, tem falhado ao não canalizar esses recursos para projetos que garantam a recuperação do património e a criação de uma estratégia sólida de turismo cultural. Os milhões de euros que têm sido investidos no Algarve não têm gerado impacto real na preservação da nossa história, e isso é inadmissível.  
 
Além da falta de acessibilidade aos monumentos, a classe profissional dos guias-intérpretes, em particular no Algarve, continua esquecida. Constate-se que, em Évora, Braga, Viseu, Leiria, Lisboa, Porto, entre outros bons exemplos, são estes os verdadeiros embaixadores e promotores da nossa cultura, são eles que mantêm a história viva, cativam, fazem sonhar e entregam memórias a quem nos visita com o propósito de levar de cá, mais de que um bronzeado, a nossa cultura. O Guia-Intérprete tem de ter capacidades de liderança, de organização e coordenação, de adaptação, de comunicação e fluência de discurso, deve ser empático, ter conhecimentos profundos sobre o país, conhecimentos linguísticos, estar em constante atualização de conhecimentos e competências. No entanto, enfrentam uma crescente precariedade laboral, sem apoios claros, sem estatuto profissional adequado e sem garantias de que a sua atividade seja valorizada dentro da economia turística. A falta de reconhecimento, da necessidade da abertura de novos cursos por parte do Governo, do Turismo de Portugal e da RTA revela um profundo desconhecimento da importância destes profissionais para o setor. 
 
Para o CDS-PP, a cultura é sempre uma prioridade, claro que também o é para outros, mas o desleixo socialista, excluí à partida quem tudo teve na mão para ser consequente. 
 
No CDS-PP há 3 pilares de que não abdicamos e passará por exigir um Plano de Reabilitação e Acessibilidade ao Património ao Ministério da Cultura e à CCDR Algarve para que elaborem um plano rigoroso de recuperação dos monumentos algarvios, garantindo prazos claros e financiamento adequado. 
Valorização dos Profissionais do Turismo Cultural – Criar um programa nacional de formação e certificação para guias-intérpretes, assegurando condições dignas de trabalho e um estatuto profissional ajustado à importância do setor. 
 
Aposta na Diversificação da Oferta Turística – Exigir que a RTA e o Turismo de Portugal integrem nos planos estratégicos e de marketing, objetivamente o património cultural que está em condições de segurança, em pleno funcionamento e adequado às expetativas do turista. Este tipo de turismo exige modernização e tecnologia já comuns noutros destinos. “Quem tem mundo” é mais exigente do que a própria estratégia de promoção para o Algarve. É fundamental não defraudar expetativas. 
 
O Algarve tem 27 Monumentos Nacionais classificados, na verdade apenas 26 pois um deles já desapareceu. Devia-se requalificar esta classificação e proceder a novas classificações. Os Monumentos, quase todos, estão muito mal tratados, vários fechados ao público e com gestão muito diversa, e um exemplo desse desleixo cultural é precisamente a Catedral de Silves. A ausência de cuidados mínimos de manutenção tem vindo a contribuir para acelerar o estado de deterioração deste emblemático edifício, com efeitos visíveis quer no exterior, como no interior. É urgente a requalificação e a valorização deste e de outros monumentos espalhados por esse Algarve fora; é preciso é haver vontade da parte de várias entidades. 
 
Sem ser monumento, o caso do Cabo de S. Vicente é também gritante.  
 
O que o Algarve precisa, a todos os níveis, é que as receitas aqui geradas, aqui fiquem em grande parte e aqui sejam reutilizadas. Tem que se investir com seriedade no turismo cultural da nossa região. 
 
Hoje a notícia é o Forte da Ponta da Bandeira, em Lagos, Imóvel de Interesse Público revela danos crescentes nomeadamente uma enorme abertura causada pela erosão, mas também a Sé de Silves tem vindo a ser identificada pelo seu estado de degradação! 
 
O Algarve tem condições para ser um destino turístico cultural de referência. Falta, qualidade no desenvolvimento de políticas e, claro, capacidade de gestão, algo que os socialistas têm demonstrado não possuir.  
 
O CDS-PP continuará a exigir um compromisso sério com o património cultural da região, porque sabemos que preservar a nossa história não é apenas uma questão de identidade, mas também de desenvolvimento económico e social. 
 
É tempo de dar mais vida ao Algarve.  
 
É tempo de dar ao Algarve a importância e o respeito que o nosso património cultural merece. 
 
 
Por:  CDS Algarve