A iniciativa teve início à tarde com a concentração no passeio da Doca. Um dos organizadores começou por explicar o sentido do Ano Santo e que as raízes do Jubileu estão na Bíblia. “É um tempo de graça e de misericórdia e este Jubileu é especialmente um tempo de esperança”, explicou Bruno Alexandre, do Movimento da Mensagem de Fátima.
“Num momento em que olhamos para todo o lado e vemos guerras, em que na terra que os próprios passos do nosso Deus pisaram caem bombas e morrem pessoas por causa da insanidade dos homens, somos convidados a dar testemunho da esperança, a sermos peregrinos da esperança que é o próprio Jesus Cristo. É uma proposta para recomeçarmos com fé, esperança e caridade, olhando para os outros, dando a mão e cumprindo o mandamento novo do amor”, prosseguiu.
“Peregrinaremos em diocese, na multiplicidade de dons e carismas até à nossa catedral para, com o nosso bispo, sermos a diocese inteira como testemunha de esperança, não apenas por causa da indulgência que podemos receber, mas porque hoje muitos irmãos que queriam estar aqui confiam em nós, na nossa oração, no nosso amor partilhado para, em conjunto, apresentarmos as suas intenções e eles também, muitas vezes no leito da sua dor e da sua doença, apresentarem os frutos deste Jubileu a Nosso Senhor Jesus Cristo”, revelou, explicando que dali peregrinariam até à Sé.
Seguiu-se ainda naquele espaço central da baixa de Faro um momento celebrativo com testemunhos. Uma dessas partilhas foi a de Vítor Baltazar, que apresentou resumidamente o historial do Movimento dos Cursos de Cristandade (MCC), – também conhecido como Cursilhos de Cristandade devido à sua fundação ter ocorrido em Espanha – e deu conta das consequências da sua participação num desses cursilhos constituído por “três dias de paragem, reflexão, inquietações e graça”. “Há coisas que marcam para a vida. Foi nesse cursilho que apareceram mais dúvidas ainda, mas também a graça de Deus para as dissipar. Tive a graça de conhecer um Cristo de amor e de perdão, que até ali tinha como castigador. O Cristo morto que estava na cruz era um Cristo vivo e presente. Mais ainda: Ele estava próximo e está presente na Eucaristia, nos nossos sacrários, sempre para nos ouvir”, testemunhou, explicando como a sua mudou na família e no trabalho, mas também através da sua ação de apostolado feita através do movimento.
Outra das partilhas foi feita por uma família de Elvas, pertencente ao Caminho Neocatecumenal, que está em missão em Vila Real de Santo António. O casal João e Ester, respetivamente de 32 e 33 anos, com cinco filhos e à espera do sexto, afirmou poder testemunhar Jesus ressuscitado e Deus atuante na sua vida. “Caminhamos numa comunidade, fomos pouco a pouco descobrindo Deus presente na nossa vida, através da escuta da Palavra e pondo em comum o que o Espírito Santo nos diz”, afirmou João, explicando que o casal recebeu “um chamamento” para irem em “missão para qualquer parte do mundo”. “Fomos enviados aqui ao Algarve. Deixámos a casa, o trabalho e a família e viemos em missão para dar um testemunho. Esse testemunho é o da esperança da vida eterna, a esperança de que Jesus Cristo tem o poder de vencer a morte”, explicou.
Outra das famílias que testemunharam, mas pertencente às Equipas de Nossa Senhora, explicaram que aquele é um “movimento de espiritualidade conjugal, cujo objetivo é ajudar os casais a viver plenamente o sacramento do Matrimónio, anunciando ao mundo os valores do casamento cristão pela palavra e pelo testemunho de vida”. O casal Lília e Paulo, acompanhados da filha mais nova, Rita, acrescentou que Jesus é o modelo que procuram seguir. “Procuramos imitá-lo e seguir aquilo que Nossa Senhora pede: sermos humildes, rezar o terço todos os dias, procurar os sacramentos, ir à Eucaristia, confessar-nos com regularidade e, sempre que conseguimos, fazer também jejum”, contaram, realçando que aquele movimento tem proporcionado uma “transformação” nas suas vidas. “Começámos a rezar em família todos os dias e isso tem-nos dado muitas graças que são visíveis na nossa vida familiar e no nosso trabalho”, acrescentaram.
Na Eucaristia, depois da peregrinação até à catedral, o bispo do Algarve, que presidiu à celebração, sublinhou que “ser peregrino significa procurar o essencial” na vida, ou seja, “desfazer-se daquilo que atrapalha, que pesa e está a mais”. “Não são coisas”, clarificou D. Manuel Quintas, explicando que podem ser “ideias, pensamentos ou dificuldades de relacionamento com os outros”.
O bispo diocesano referiu-se ainda ao tema do Jubileu que a Igreja está a celebrar. “Porque é que esta esperança que anima este Ano Jubilar não engana? Porque o amor de Deus, pelo Espírito Santo, nos foi dado”, esclareceu, lembrando que a “ação do Espírito Santo”, de certa maneira, é “fundamento também de todos os movimentos, obras comunitárias, associações e obras seculares”. “Tudo brota da [Santíssima] Trindade e tudo caminha para a ela”, acrescento na celebração daquele dia em que a Igreja celebrou justamente a solenidade da Santíssima Trindade.
“Que o vosso Jubileu seja um tempo de graça e de dom para todos vós e de enriquecimento também para a nossa Igreja diocesana”, desejou.
O Jubileu dos Movimentos, Associações e novas Comunidades da Diocese do Algarve foi participado por representações do Caminho Neocatecumenal, do Corpo Nacional de Escutas, dos Cursos Alpha, das Equipas de Nossa Senhora, da Liga Intensificadora da Ação Missionária, do Movimento dos Cursos de Cristandade, do Movimento dos Focolares, do Movimento da Mensagem de Fátima, das Oficinas de Oração e Vida, da Ordem Franciscana Secular, da Ordem Terceira de Nossa Senhora do Carmo e do Renovamento Carismático Católico.
A Igreja Católica está a celebrar o Ano Santo 2025, o 27.º jubileu ordinário da história, por iniciativa do Papa Francisco, que o dedicou ao tema da esperança, e está a ser continuado com o pontificado de Leão XIV.
Folha do Domingo