fez hoje um balanço «bastante positivo» das ações que aproximaram o turismo de natureza de quem o pode dinamizar e usufruir.
«Foi possível abranger áreas que há muito queríamos abordar e ainda não tínhamos conseguido, para aproximar o tecido empresarial e criar parcerias com as empresas, que ainda não há», revelou hoje à Lusa a coordenadora da Via Algarviana (VA), Anabela Santos, em Castro Marim, distrito de Faro.
À margem da apresentação das atividades desenvolvidas pelo projeto ‘Via Algarviana - Um Elogio à Natureza’, apoiado pelo Fundo Ambiental do Ministério do Ambiente, Anabela Santos congratulou-se com a reação positiva dos empresários e técnicos que participaram nas atividades, revelando que com este projeto foi possível perceber «a necessidade de formação específica que algumas empresas precisam», para melhorar a qualidade do serviço.
Entre setembro e novembro de 2019, foram realizadas diversas ações, dirigidas ao público, a empresários, decisores e técnicos de administração regional e local, que promoveram a importância da conservação da biodiversidade, do património cultural e o ordenamento do território, nos municípios de Alcoutim, Aljezur, Castro Marim, Monchique e Vila do Bispo.
«Foi como que se lhes emprestássemos uns olhos para eles olharem de outra forma para o território», ilustrou Anabela Santos.
A ligação com o tecido empresarial é algo que irão «aprofundar e trabalhar» durante este ano, já que foi possível perceber que «já há muitas empresas a operar», mas ainda é necessário um investimento na formação.
«Algumas nem um ‘kit’ de primeiros socorros se lembram de levar quando vão para o campo», lamentou.
Houve também ações de educação ambiental com alunos do 1.º ciclo, a partir das quais se produziu um guia pedagógico com 20 atividades para os professores e técnicos de câmaras poderem dinamizar ações.
O guia já está disponível na página na internet da VA para ser descarregado e utilizado.
A responsável por esta via pedonal, que liga o Algarve pelo interior serrano, desde Alcoutim - no extremo leste - a Sagres – no extremo oeste –, numa distância de 300 quilómetros, anunciou que estão em preparação mais candidaturas, que vão permitir «muitas novidades até ao final do ano» e estender as ações deste projeto a outros municípios da VA.
A procura pela utilização do VA tem aumentado, essencialmente por turistas holandeses, alemães e belgas, com um crescendo do mercado francês, e os portugueses a «descobrirem o gosto pelas caminhadas na natureza», destacou a coordenadora.
Esta dinâmica tem permitido desenvolver negócios nas zonas por onde passa a VA, com «novos alojamentos a surgir» e até a «passagem de testemunho» de pessoas idosas a jovens que «escolheram ir para o interior».
No entanto, realçou Anabela Santos, é necessário que percebam que «este tipo de turista» tem necessidades diferentes em termos de alimentação, nomeadamente, «os pequenos-almoços pensados para quem vai fazer uma caminhada ou BTT» e até as merendas que levam.
A ideia para este projeto surgiu em 1996, mas só 10 anos depois obteve financiamento para a sua implementação, com a inauguração a acontecer em 2009.
Atualmente, além dos 300 quilómetros do eixo principal, a via conta com 12 pequenas rotas complementares - de ligação a locais de interesse patrimonial ou de natureza - e mais sete percursos lineares, que interligam a pontos importantes, como a vilas e cidades costeiras ou estações ferroviárias, permitindo uma articulação com meios públicos de transporte.
A Via Algarviana recebe um subsídio anual de cerca de 3500 euros de 13 municípios algarvios para garantir as duas pessoas que fazem a gestão e manutenção de toda a via.
Por: Lusa