Férias com crianças exigem atenção redobrada. Vê que alimentos causam engasgo e aprende a evitá-lo com dicas simples.

O engasgo em crianças acontece é mais comum (e perigoso) do que se pensa. Acontece num segundo e pode ser assustador para qualquer pai ou mãe. 

Saber reconhecer os sinais, agir com calma e adaptar a alimentação pode fazer toda a diferença. Neste guia, partilhamos contigo o que deves fazer em caso de emergência, quais os alimentos com maior risco de engasgo e como preparar refeições seguras para os mais pequenos — especialmente durante as férias.

 

O que é o engasgo e como ajudar uma criança?

O engasgo acontece quando algo bloqueia parcial ou totalmente as vias respiratórias, impedindo a passagem de ar para os pulmões. Em crianças sobretudo entre os 0 e os 5 anos, é bastante comum e pode ser provocado por alimentos, mas também por pequenos objetos ou brinquedos que facilmente vão à boca.

(como pedaços grandes de fruta, frutos secos, carne mal cortada ou até uma cenoura crua), 

Se a criança estiver a tossir ou chorar: 

  • Mantém a calma e tenta não entrar em pânico;
  • Incentiva-a a continuar a tossir, é sinal que o ar está a passar;
  • Evita bater nas costas - isso pode empurrar o objeto ainda mais para baixo;

A criança não consegue tossir, chorar ou respirar?

Se, perante um cenário de engasgo, a criança não for capaz de tossir, chorar ou respirar e a somar a isso estiver a ficar roxa ou sem som, trata-se de uma emergência.

Aqui entra em ação a manobra de desengasgo, e o que deves fazer varia consoante a idade da criança:

Se for um bebé (menos de 1 ano)

1. Coloca o bebé virado para baixo, de bruços sobre o teu antebraço, com a cabeça ligeiramente mais baixa do que o tronco;

2. Dá 5 pancadas firmes entre as omoplatas (as “costas”), com a base da tua mão;

3. Se não resultar, vira-o de barriga para cima e faz 5 compressões com dois dedos no centro do peito, sobre o esterno (aquele osso que divide o peito);

4. Alterna entre pancadas nas costas e compressões no peito até o objeto ser expelido ou até chegar ajuda médica.

 

Se for uma criança com mais de 1 ano:

1. Coloca-te por detrás da criança e abraça-a pela cintura;

2. Com uma mão fechada (punho), posiciona-a na “boca do estômago”, a zona logo acima do umbigo;

3. Coloca a outra mão sobre a primeira e faz movimentos rápidos para dentro e para cima, como se estivesses a tentar levantar a criança do chão;

4. Repete o movimento até o objeto ser expelido.

Se for uma criança mais pequena, ajoelha-te primeiro, para ficar à altura certa. E lembra-te: mesmo que o objeto saia e a criança recupere, deves sempre contactar assistência médica. Às vezes, podem haver complicações que não são visíveis de imediato.

 

Alimentos causadores de engasgo em crianças

Nem sempre pensamos nisso, mas há alimentos comuns no dia a dia que representam um risco real de engasgo, especialmente para bebés e crianças pequenas. Portanto, deverás evitar estes alimentos ou adaptá-los (cozinhados, cortados ou esmagados) consoante a idade da criança:

• Pipocas e milho para pipocas: pequenos, secos e fáceis de aspirar;

• Frutas redondas e lisas: uvas, morangos, tomate cereja e azeitonas, especialmente se forem oferecidas inteiras e com pele;

• Frutas com caroços: o caroço pode soltar-se facilmente;

• Salsichas e outros enchidos: frequentemente cortados em rodelas é um dos formatos mais perigosos, pois podem encaixar-se perfeitamente na traqueia; devem ser cortados em tiras;

• Pão, sobretudo o miolo, que pode formar uma massa pegajosa difícil de engolir;

• Manteiga de amendoim, frutos secos (como amêndoas, nozes e castanhas) e sementes — secos e difíceis de mastigar, podem colar-se à garganta;

• Cenoura, maçã e outros vegetais crus, que são rijos e escorregadios, exigindo boa coordenação mastigatória;

• Chocolate com pedaços de caramelo ou de frutos secos, que pode colar nos dentes ou obstruir a garganta;

• Pedaços de carne ou frango, quando são servidos em cubos ou pedaços maiores do que o habitual.

Além disso, as pastilhas elásticas são totalmente desaconselhadas em crianças pequenas não só pelo risco de engasgo, como também por não serem apropriadas para quem ainda não domina bem a mastigação e deglutição.

Quando possível, adapta a textura e o formato dos alimentos à idade e ao desenvolvimento da criança.

Como cortar os alimentos para evitar engasgos?

Durante as férias de verão com crianças, seja em viagens de carro, comboio ou avião, ou mesmo na correria do dia a dia, nem sempre há tempo para preparar os alimentos com o cuidado que gostávamos. 

No entanto, como muitos dos alimentos com maior risco de engasgo são também altamente nutritivos e recomendados para bebés e crianças, é essencial garantir que a forma como são oferecidos seja segura. 

  • As uvas devem ser cortadas no sentido do comprimento e sem sementes;
  • Os vegetais crus, como a cenoura, podem ser cortados em palitos (tipo batata frita) ou cozinhados para ficarem mais macios;
  • Evita alimentos em cubos, sejam de fruta, queijo ou carne, pois aumentam o risco de obstrução das vias respiratórias. Em vez disso, opta por tiras finas ou pedaços adaptados ao tamanho da mão da criança;
  • Alimentos pegajosos, como manteiga de amendoim ou queijo derretido, devem ser espalhados em pequena quantidade sobre uma base como pão torrado. ;
  • Até aos 12 meses, evita o miolo do pão, que pode formar uma massa difícil de engolir, e prefere a côdea ou tiras de pão torrado.
  • Frutos secos, por serem duros e pequenos, devem ser moídos ou usados em forma de farinha.

Uma última dica preciosa: sempre que possível, supervisiona a refeição, porque a tua presença é a melhor prevenção.

Porque é que as crianças se engasgam com mais facilidade?

As crianças são naturalmente mais vulneráveis à asfixia porque ainda estão a desenvolver as suas habilidades de mastigação e deglutição. Embora comecem a ter dentes por volta dos 6 meses, as capacidades completas para triturar e engolir os alimentos apenas amadurecem com o tempo. 

  • As vias aéreas superiores das crianças são mais estreitas, o que facilita a obstrução quando um pedaço de comida fica preso.
  • Os reflexos de defesa das crianças, como a tosse e o reflexo de vómito, são menos eficazes do que nos adultos. A força do ar gerado pela tosse é menor, dificultando a expulsão de objetos que bloqueiem parcialmente as vias respiratórias;
  • Comportamentos comuns durante as refeições, como comer a correr, rir enquanto comem, ou colocar muita comida na boca de uma só vez também aumentam o risco de engasgo e asfixia. 

A quem pedir ajuda em caso de engasgamento?

Se uma criança começar a engasgar, é fundamental agir mantendo a calma, mas com alguma rapidez. Nestes casos deves:

  • Pedir ajuda rapidamente a um adulto próximo — pode ser um familiar, um professor, um cuidador ou qualquer pessoa que esteja por perto e saiba o que fazer;
  • Se a situação não se resolver imediatamente, deves ligar para o 112 (número de emergência em Portugal);
  • Continua a aplicar as manobras corretas para ajudar a criança a desengasgar, mantendo a calma e protegendo sempre a criança até que a ajuda profissional chegue.

Cuidar da alimentação dos mais pequenos é mais do que escolher alimentos saudáveis — é também garantir que estão adaptados à idade e são oferecidos com supervisão.

Durante as férias, quando os momentos de refeição são mais descontraídos e há mais distrações, redobrar a atenção é fundamental.

 

Idealista News