O Santuário de Nossa Senhora da Piedade, popularmente evocado como «Mãe Soberana», em Loulé, recebeu dois confessionários, paramentos de sacerdotes e alfaias litúrgicas da Jornada Mundial da Juventude (JMJ) em Lisboa.

A «Mãe Soberana» foi um dos patronos algarvios para aquele encontro mundial com o Papa, juntamente com o beato Vicente de Albufeira e São Gonçalo de Lagos.

O pedido à organização da JMJ 2023 para receber os objetos partiu das paróquias de Loulé e o pároco explica ao Folha do Domingo o sentido de serem acolhidos ali. “A JMJ iniciou a sua preparação no Algarve.

Foi a primeira diocese visitada até pelo senhor D. Américo [Aguiar]”, recorda o cónego Carlos de Aquino, referindo-se ao facto de a Diocese do Algarve ter sido a primeira a receber a peregrinação dos símbolos das JMJ – a cruz e o ícone de Nossa Senhora ‘Maria Salus Populi Romani’ – em novembro de 2021. O santuário guarda até a réplica daquela Cruz oferecida pela Fundação JMJ Lisboa 2023 à diocese.

Foto © Samuel Mendonça/Folha do Domingo

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O sacerdote recorda que mais tarde, em maio de 2022, o então presidente daquela fundação, quando presidiu à Festa Grande da «Mãe Soberana», confiou-lhe a organização da JMJ e ofereceu-lhe o seu anel episcopal. “Por isso, considerei que era importante também ficar registado no Santuário algo que tivesse sido significativo na realização da JMJ, os confessionários, necessariamente, pela celebração do perdão e da reconciliação tão significativa na proposta espiritual do encontro, e também as alfaias litúrgicas, o cálice e as patenas, e alguns paramentos”, justificou.

O cónego Carlos de Aquino acrescenta ainda que o principal santuário mariano do Algarve foi um dos 124 contemplados no livro oferecido por António Costa ao Papa, aquando da sua vinda em agosto ao país. A edição da Imprensa Nacional-Casa da Moeda, intitulada “Santuários Marianos de Portugal” com fotografias de Luís Filipe Catarino, foi coordenada por José Sá Fernandes, ex-vereador da Câmara Municipal de Lisboa e o responsável do Grupo Missão do Governo na JMJ.

O Santuário da «Mãe Soberana» foi ainda um dos principais pontos de peregrinação no Algarve dos jovens estrangeiros que escolheram a diocese algarvia para viver a semana de 26 a 31 de julho deste ano, designada como ‘Dias na Diocese’, que antecedeu a de encontro com o Papa em Lisboa. A marca da JMJ 2023 no santuário ficou ainda num mural realizado por aqueles peregrinos que foram acolhidos em Loulé, um dos quatro centros de acolhimento no Algarve a par de Faro, Portimão e Tavira.

Foto © Samuel Mendonça/Folha do Domingo

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Os 150 confessionários para a JMJ foram construídos por reclusos portugueses de três Estabelecimentos Prisionais de três regiões de Portugal: Coimbra, Paços de Ferreira e Porto. A sua construção foi um serviço remunerado que valorizou o trabalho realizado pelos reclusos e contribuiu para a sua reinserção na sociedade.

Foto © Samuel Mendonça/Folha do Domingo

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Foto © JMJ Lisboa 2023

Confecionados com madeira reciclada, foram durante a JMJ integrados no Parque do Perdão, um espaço integrado na ‘Cidade da Alegria’ em Belém e proposto para que os peregrinos pudessem “fazer um encontro com o Cristo Misericordioso através do Sacramento da Reconciliação”. Ao longo da semana da JMJ acolheram entre 15 a 10 mil confissões por dia, realizadas em mais de 50 línguas, por 150 padres. O próprio Papa Francisco ali confessou três jovens, dois da Europa e um da América Latina, no 4 de agosto.

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Os 10 mil paramentos para os sacerdotes e para os bispos foram produzidos em Portugal e em Itália, sob responsabilidade da empresa italiana DESTA, um dos principais produtores mundiais de vestuário eclesiástico e mobiliário sagrado. “Por detrás da ideia conceptual da criação das vestes está o significado iconográfico do caminho e das estradas a percorrer, com as cores verde e vermelha de Portugal, em direção à JMJ Lisboa 2023, ‘sempre na presença de Deus’. Estes caminhos surgem ao lado do caminho iluminado pelo Espírito Santo, representado pelo ouro amarelo”, explicou a organização da JMJ aquando da apresentação da paramentaria.

Foto © Samuel Mendonça/Folha do Domingo

As alfaias litúrgicas, incluindo as seis mil píxides, para a conservação e distribuição das hóstias aos fiéis, os 200 cálices, onde se consagra o vinho durante a Eucaristia, e a patena, incluem três linhas curvas e segmentos de três circunferências. O cálice tem, entre as três linhas, uma Cruz em tom de ouro, como o interior do objeto e a sua borda superior.

 

Por: Folha do Domingo