Viver em casas com espaços exteriores ou perto de espaços verdes tornou-se uma necessidade evidente desde a pandemia - levando mesmo muitas famílias à procura de casa para se mudarem. Precisamente há um ano, as crianças foram obrigadas a ficar de novo fechadas em casa quando a pandemia da Covid-19 nos empurrou para um segundo confinamento. Uma situação sem precedentes e que foi de imediato estudada e analisada por diversos especialistas, pelo impacto que este fenómeno poderia ter na saúde mental e física das crianças.
Um deles, o médico psiquiatra Diogo Guerreiro, mostrou especial preocupação sobre os efeitos no desenvolvimento cognitivo e físico das crianças. “Temos uma série de miúdos fechados em casa, a maioria provavelmente sem jardins e espaços exteriores. Temos aí um obstáculo ao desenvolvimento físico deles e estamos apenas nesta parte específica. Os miúdos devem estar a brincar e a saltar, e isso acaba sempre por afetar o desenvolvimento físico e psicológico do cérebro”, disse ao jornal Público.
Mais recentemente, um novo estudo provou precisamente esta afirmação, indicando que os espaços verdes têm um impacto relevante no desenvolvimento cognitivo e na infância. “As crianças que viviam a uma distância de até 800 metros de espaços verdes públicos, como parques e jardins, apresentaram um maior QI aos 10 anos”, concluíram os investigadores do Instituto de Saúde da Universidade do Porto (ISPUP).
O estudo, publicado a 20 de fevereiro na revista Science of the Total Environment, incluiu 3827 crianças e veio chamar a atenção para uma necessidade. “Seria importante que, em termos de planeamento urbano, se considerasse melhor a disponibilidade de espaços verdes, sobretudo perto das áreas residenciais”, pode ler-se entre as conclusões.
Estudos à parte, brincar em espaços verdes e ao ar livre é a regra a implementar
Seja ou não num espaço verde perto de casa, o mais importante para a estimulação cognitiva das crianças é efetivamente brincar. “Brincar é atingir o limite do imprevisível. A capacidade de confrontar-se com o imprevisto, o incerto. É também uma forma de descobrir a animalidade que está dentro de nós”, defendeu o professor Catedrático da Faculdade de Motricidade Humana (FMH) da Universidade de Lisboa (UL), Carlos Neto, numa Ted Talk intitulada “Libertem as crianças: mais riscos, autonomia e participação!”.
É então altura de deixar que as crianças se libertem e corram riscos (ainda que em ambientes seguros, como os que se seguem). Quem não tem espaços verdes perto de casa, como sugere o estudo do ISPUP, pode levar as crianças para parques naturais ou para o campo. No fundo, para o meio da natureza, cheia de curiosidades por descobrir. Vê três sugestões que ajudam na estimulação cognitiva das crianças:
Ver, colher e comer cogumelos shiitake com as crianças
Se ainda não conheces a Portugal Farm Experiences, sê bem vindo à plataforma que reúne experiências de campo. Uma delas consiste em colher os próprios alimentos para um arroz de cogumelos, atividade intitulada Experiência Agrícola de Cogumelos Shiitake, em Arcos de Valdevez. O programa começa no espaço verde da quinta da família “Lopes” na qual são produzidos os cogumelos shiitake, ricos em nutrientes e por isso usados medicinalmente pelos chineses há mais de 6 mil anos. A atividade inclui:
- Visita guiada;
- Workshop prático de inoculação de cogumelos;
- Experiência de colheita;
- Degustação.
Além do contacto com a natureza, a Experiência Agrícola de Cogumelos Shiitake tem a vantagem de se enquadrar na ecoterapia (também chamada de terapia da natureza), prática que “ajuda as crianças a sentirem-se mais à vontade conforme se ligam ao ambiente natural”, segundo Sandi Schwartz, autora de Finding Ecohappiness, ao National Geographic. O programa custa 31€ por adulto, 15,50€ por criança e, o melhor de tudo, dos 0 aos 5 anos as crianças não pagam pelas quatro horas de experiência. Podes reservar no site.
Levar as crianças a parques naturais para escalar ou atirar flechas
Lanhoso, Minho ou Serra da Estrela: é só escolheres para qual das localizações queres levar as crianças para brincarem ao ar livre. O Diver tem uma série delas:
- Escalada durante uma hora em Póvoa de Lanhoso - desde 9,70€;
- Escape room cultural no Forte da Ínsua, na Ínsua de Santo Isidro, distrito de Viana do Castelo - 80€;
- Tiro ao alvo kids na serra da Estrela, em Unhais da Serra - desde 10€.
Os parques aventura estão integrados em parques naturais de Portugal, perfeitos para fazer uma escapadinha em família, seguida de atividades ao ar livre que ora assumem um importante papel na estimulação cognitiva, ora no desenvolvimento físico das crianças. Podes reservar aqui.
Crianças em contacto com os animais nos espaços verdes do Badoca Safari Park
Nem a propósito. O Badoca Safari Park, parque temático de 90 hectares em Vila Nova >o bebé canguru Wallaby. Além deste, as crianças poderão estar em contacto com mais de 80 espécies, entre as quais se destacam:
- girafas;
- corujas;
- búfalos.
O Badoca Safari Park tem ainda uma série de atividades ao ar livre preparadas, como rafting africano, alimentação de lémures e safari VIP com pequeno-almoço.
O bilhete custa 18,90€ por adulto e 16.90€ por criança (grátis até aos 4 anos). Podem ser comprados à porta ou online.
Por: Idealista