O protesto foi convocado pelo Sindicato dos Trabalhadores da Administração Local e Regional, Empresas Públicas, Concessionárias e Afins (STAL) e juntou dirigentes sindicais, população e trabalhadores da autarquia e da empresa municipal Sociedade de Gestão Urbana (SGU), que tem a seu cargo os serviços que o município pretende entregar à exploração privada.
Hélio Encarnação, coordenador do STAL no Algarve, disse à Lusa que o objetivo do protesto era sensibilizar a população e os trabalhadores para a necessidade de “serviços essenciais, como a água ou a recolha de lixo, continuarem a ser públicos” e “não serem entregues à exploração privada”.
“Mais que a participação, o que importa é marcar esta posição, porque estes serviços são essenciais e têm que ser públicos, não devem ser entregues a empresas privadas”, afirmou o sindicalista, frisando que essa opção leva a “uma precarização laboral e a um trabalho sem direitos”, mas também acarreta “a preços mais caros” para a população em geral.
A mesma fonte criticou o secretismo com que a câmara tem conduzido o processo, “sem a participação do sindicato” e “sem que os trabalhadores saibam o que lhes vai acontecer” quando os privados tomarem conta da limpeza urbana, recolha de lixo e água.
No final do protesto, junto ao mercado municipal, foi lida e aprovada uma moção que considera ser a privatização “um caminho errado”, porque leva a uma “redução na qualidade dos serviços” prestados, a uma “degradação das condições de trabalho” e a um “aumento de custos para o município e as populações”.
“A Câmara não explicou ainda se os trabalhadores mantêm o vínculo que têm atualmente com a câmara e a empresa municipal, se a antiguidade é contabilizada, e nós, sindicato, temos pouca informação da autarquia e não fomos consultado em todo o processo”, lamentou ainda Hélio Encarnação.
Alguns dos trabalhadores presentes também manifestaram as suas preocupações à Lusa, sendo as principais a falta de informação sobre como a passagem desses serviços para os privados vai afetar os funcionários, designadamente se mantêm os postos de trabalho ou se conservam a antiguidade caso decidam passar para os quadros da empresa privada.
“Como funcionário, preocupam-me os postos de trabalho, como munícipe preocupa-me o preço da água e do saneamento. Só nos disseram que iam falar com os trabalhadores, mas até ao momento ninguém nos disse nada, e fala-se que as empresas privadas começam a pegar nesses serviços a partir de janeiro”, disse Vítor Carlos, funcionário do município.
Miguel Lopes também trabalha para a SGU e considera que a falta de informação por parte da autarquia está “a gerar muitas dúvidas e incertezas” junto dos funcionário.
“Dizem que isto vai ser feito no início do ano, mas nós ainda não sabemos como, porque ainda ninguém nos disse nada. Dizem que podemos decidir ficar na empresa municipal, mas se ela deixa de fazer o serviço, o que vamos fazer lá?”, questionou-se.
Por: Lusa