Uma alteração de programa que se para alguns parece algo “natural”, para quem, como o PSD/Algarve, acompanha de perto o funcionamento do SNS no Algarve, sabe que essa alteração “oportuna” esconde o desconforto que o ministro da Saúde sentiria caso a imprensa regional ou local, perante a imprensa nacional, confrontasse o citado e lhe pedisse para explicar a razão pelo qual o Algarve, na quase totalidade dos parâmetros de medição dos cuidados de saúde prestados pelo Centro Hospitalar do Algarve (CHA), o mesmo tem vindo continuadamente a registar um decréscimo da sua oferta assistencial, tendo em 2016 atingido, de acordo com os dados oficiais da ACSS, datados de setembro último, o seu patamar mais baixo, nomeadamente:
O segundo mais alto índice de mortalidade dos 40 hospitais do país, 8,2;
O pior índice de demora média do país: 9,3;
Uma das piores percentagens de reinternamento no prazo de 30 dias, 4,0;
Uma redução de 9,6 % de cirurgias programadas, face ao mesmo período de 2015;
Uma redução de 4,8 % de cirurgias urgentes face ao mesmo período de 2015;
Uma redução de 4,6% do número de primeiras consultas face ao mesmo período de 2015;
Menos horas disponíveis de bloco operatório;
E mais falhas nas urgências e nas SUB;
Esta é, infelizmente, a dura realidade do Algarve que os partidos que suportam o Governo escusam-se comentar – entenda-se PS, Bloco de Esquerda e PCP – e pela qual o ministro da tutela sequer se digna dar a cara. Enviando à região em sua substituição o seu secretário de Estado.
Mas não será por isso que o PSD/Algarve não deixara de recordar a Adalberto Campos Fernandes, ainda que por interposta pessoa, o compromisso público que o mesmo assumiu relativamente à Saúde no Algarve, mais precisamente que os constrangimentos existentes à prestação de cuidados de saúde primários e hospitalares na região estariam solucionados até ao final do primeiro semestre de 2016.
Um compromisso que se hoje sabemos não será cumprido no prazo irrealisticamente fixado, não aceitaremos que o atual modelo de governação existente na prestação de cuidados de saúde hospitalares no Algarve, entenda-se CHA, seja apresentado como a razão do falhanço desse desiderato. Porquanto entendemos que a extinção do CHA, ainda que possa eventualmente, atenuar alguns estrangulamentos, não irá determinar a existência de mais médicos, mais enfermeiros e melhores condições de trabalho para todos os profissionais de saúde.
Aquilo que gostaríamos de ver o Governo anunciar numa perspetiva de melhoria das condições para a prestação de cuidados de saúde hospitalares na região era, por exemplo, o anúncio da construção do novo hospital central no Algarve. Mas isso, o atual Governo já decidiu não irá ser feito durante a presente legislatura. Essa será uma promessa para ser feita, se a geringonça durar até lá, mais lá para o final do ano de 2019.
Por Comissão Política Distrital do PSD/Algarve