As palavras do autarca Vítor Aleixo, subscritas pela secretária de Estado da Proteção Civil, Patrícia Gaspar, resumem as intervenções do VIII Seminário “A Proteção Civil e a Comunidade”, promovida pela Câmara Municipal de Loulé, através do Serviço Municipal de Proteção Civil, Segurança e Florestas, na passada quinta-feira, 13 de outubro, para assinalar o Dia Internacional para a Redução das Catástrofes.
Pela terceira vez em Loulé desde que exerce funções governativas, Patrícia Gaspar veio assistir a um dos principais fóruns que, em Portugal, reúne especialistas, não só os académicos, mas também homens que estão no terreno, numa partilha de conhecimentos, experiências e debate de ideias à volta do tema da proteção civil, da prevenção ao planeamento. Um evento que “é a prova da importância do trabalho em rede”, como frisou esta representante do Governo.
Foi de facto um painel diversificado de oradores que trouxe um conjunto de matérias pertinentes para o centro da discussão: do tema das cidades resilientes para a redução do risco de catástrofe ao caso prático do município de Matosinhos. Mas também as questões do clima e das alterações climáticas que se conectam de forma indissociável com a proteção civil, os desafios que esta enfrenta e o impacto dos incêndios na gestão da paisagem. Ou ainda questões mais práticas como os planos de evacuação para zonas ameaçadas por tsunami (o caso de Loulé), a segurança integrada em edifícios e o papel dos Sapadores Florestais. Matérias que permitem “prevenir, planeando, adaptando o território e as comunidades humanas e, ao mesmo tempo, trabalhar na resiliência territorial”, como destacou o autarca de Loulé.
Sublinhando a importância deste Seminário que poderá constitui-se como um modelo a ser replicado por outros municípios, a secretária de Estado realçou o papel fulcral do patamar local ao nível da proteção civil até porque é aqui que “mais de 90% das ocorrências começam e terminam”. “Por mais que se trabalhe nas políticas de redução do risco de catástrofe ao nível do estado central, se no patamar local não houver uma base sólida e consistente tudo o resto terá muito mais dificuldade de surtir o efeito desejado”, esclareceu. Mas este é também um trabalho à escala global pois “não há um país sozinho que consiga responder a este tipo de situações”.
Se há uns atrás a realidade dos serviços municipais de proteção civil era bastante diferente, “em algumas autarquias era apenas um carro e um homem”, hoje as coisas mudaram de norte a sul do país. “Apesar de ainda haver um longo caminho a percorrer, já evoluímos muito e estamos quase em igualdade com as outras realidades ao nível da União Europeia”, referiu Patrícia Gaspar. Este é mesmo “um desafio geracional, trazer as pessoas para esta área e consciencializar todos os cidadãos de que cada um de nós é um agente ativo da sua própria segurança”.
Com elogios ao trabalho feito em Loulé, a secretária de Estado justificou a forte mobilização regional e concelhia para a matéria da proteção civil: “deve-se à enorme consciência das pessoas para os riscos que a região tem, sejam eles riscos florestais, costeiros, urbanos ou o risco sísmico”.
Por seu turno, Vítor Aleixo destacou o foco do executivo que lidera “na proteção das pessoas, das suas comunidades e do seu território, seja a parte terrestre ou marítima. A par da criação de uma estrutura de proteção civil “com alguma densidade” ou da aposta no conhecimento, a Câmara Municipal de Loulé tem também atraído a fixação de organismos do Estado ligados à proteção e socorro no concelho, beneficiando da sua posição estratégica. É o caso Centro Regional da Proteção Civil, a ampliação do heliporto municipal que permitirá operar 6 aeronaves, o edifício regional do INEM, equipamentos críticos para as funções de segurança do Estado ou ainda o futuro quartel regional da GNR.
Quanto a ações que estão na calha no âmbito do dispositivo municipal de proteção civil, o vereador Carlos Carmo adiantou “já no próximo ano” irá concretizar-se a primeira fase do sistema de avisos e alertas para o risco de sismos e tsunamis.
Depois dos incêndios que afetaram o litoral do concelho no passado verão, a Autarquia está agora atenta ao que se passa a sul da cidade de Loulé. “Contra todas as estatísticas é aí, nas freguesias de Quarteira e Almancil, onde temos mais ignições de fogos florestais, na área do Trafal e Ludo. Portanto vamos alargar o programa de vigilância também para os territórios no litoral do concelho”, adiantou o vereador. A criação de uma equipa de Sapadores Florestais para aumentar a vigilância e resiliência é uma das apostas.
Loulé vai receber encontro de Cidades Resilientes
“No próximo ano iremos receber o encontro nacional das Cidades Resilientes no nosso concelho porque é mais uma forma de partilharmos aquilo que de bom se faz nossa rede para que cada vez mais municípios e outras cidades trabalhem em rede. “Fica aqui o compromisso e já estamos a trabalhar para possíveis datas do nosso encontro”. O anúncio foi feito pelo vereador Carlos Carmo, o elemento do executivo que está à frente de muitas das matérias.
São neste momento 30 municípios e 1 região (precisamente o Algarve) que aderiram às cidades resilientes, uma rede fundamental que tem vindo a ser gerida em Portugal, e promove boas práticas e uma série de projetos que podem fazer a diferença na redução do risco de catástrofe.
Na sequência da Estratégia Internacional para a Redução de Catástrofes, que encoraja as cidades a implementar medidas que contribuam para o aumento da resiliência a catástrofes, nasceu a Plataforma Nacional para a Redução do Risco de Catástrofes, coordenada pela Autoridade Nacional da Proteção Civil e inclui diversos representantes de entidades relacionadas com emergência, segurança, economia, transportes, comunicações, educação, agricultura, florestas investigação científica, entre outras, bem como a Associação Nacional dos Municípios Portugueses.
A Plataforma publica anualmente um relatório sobre as atividades de cada município envolvido com os principais riscos identificados, ocorrências registadas, exemplos de boas práticas implementadas e resultados alcançados.
Esta rede integra o movimento internacional “Construir Cidades Resilientes” que reúne mais de 1400 cidades em todo o mundo e 150 na Europa.