As novas rotas da companhia têm como origem Porto, Faro e Funchal, deixando de fora Lisboa, pois, segundo o presidente executivo (CEO) da Ryanair, a ANA - Aeroportos de Portugal admite ter atingido a capacidade máxima na capital do país.
No entanto, O’leary insiste que o aeroporto de Lisboa tem capacidade para mais tráfego - se lhes fossem concedidos os 'slots' (autorizações de descolagem e aterragem) que a TAP não usa, refere - e ressalvou que a solução do aeroporto do Montijo como nova infraestrutura aeroportuária em Lisboa seria mais viável do que Alcochete na medida em que estaria operacional mais rapidamente.
Em relação à privatização da TAP, o CEO defendeu a venda de 100% da transportadora aérea portuguesa, lembrando que outras companhias aéreas nacionais europeias também foram vendidas na totalidade.
O Porto passará a ter, este inverno, ligações com Gotemburgo (Suécia) e Varsóvia (Polónia), já Faro contará com voos para Cracóvia (Polónia) e a Madeira terá uma ligação com Shannon (Irlanda).
Michael O’leary apelou para que o Governo português decida “expandir urgentemente” a capacidade do aeroporto ou para acabar com as “restrições artificiais” no aeroporto de Lisboa e afirmou ainda que a não disponibilização dos ‘slots’ é “apenas uma forma de proteger a TAP" da concorrência.
O responsável da companhia aérea irlandesa apontou ainda, para além do problema dos 'slots', a falta de pessoal no controlo de fronteiras em Lisboa, que gera filas e atrasos "inadmissíveis" num aeroporto que tem as portas eletrónicas (controlo de fronteiras digital) desligadas.
Em relação ao novo aeroporto em Alcochete, o CEO exaltou que o anúncio de que a infraestrutura "será atrasada até 2035 é simplesmente inaceitável”, e acrescentou que “Lisboa não pode demorar 12 anos para crescer”.
“Nós acreditamos que o (aeroporto do) Montijo poderá ser aberto em dois anos", o que faria crescer o número de passageiros por Lisboa, afirmou O’leary.
O responsável da Ryanair contesta ainda que as obras no aeroporto em Lisboa não permitem acomodar tráfego adicional, situação que, refere, é a posição que a ANA defende.
“Nós pensamos que pode, principalmente porque o nosso tráfego é eficiente”, defendeu.
Em 14 de maio de 2024, o Governo aprovou a construção do novo aeroporto da região de Lisboa no Campo de Tiro em Alcochete, seguindo a recomendação da Comissão Técnica Independente (CTI).
A entrada em operação do Aeroporto Luís de Camões, no Campo de Tiro de Alcochete, prevê-se que aconteça em cerca de dez anos, segundo o Ministério das Infraestruturas e Habitação.
De acordo com o modelo apresentado, o Estado vai avançar, numa primeira fase, com a venda direta de até 49,9% do capital da TAP, dos quais 5% serão reservados aos trabalhadores, conforme determina a Lei das Privatizações. Caso a totalidade dessa tranche não seja subscrita, o comprador terá direito de preferência sobre o remanescente.
Lusa