A aldeia reúne-se amanhã, pelas 16h, no auditório da Fundação, à volta de fios cruzados e linhas humanas. À volta do projeto artístico participativo «Ponto a Ponto», iniciado em março deste ano.

Em Querença, desde maio que se tricotam mantas em encontros informais no espaço da Fundação Manuel Viegas Guerreiro ou dentro de casas dispersas pela freguesia e no Lar da aldeia. Uma das mantas tecidas, apelidada de “Manta FLIQ”, foi criada a partir de uma ideia única, de fio corrido único, condutor de estórias, de pontos e cores - cinco no total - com o objetivo de oferecer à escritora Lídia Jorge uma manta comunitária, em setembro, no culminar do 5.º Festival Literário Internacional de Querença, evento promovido pela Fundação, que homenageou a renomada autora.

Em abril, a iniciativa da Fundação ganhou escala ao aderir àopen call” do Teatro Nacional D. Maria II e da Fundação Calouste Gulbenkian para a participação de artistas ou agentes culturais no Programa “Ideias a Atos”.

Apoiada pelo “Atos”, a ideia da Fundação prosseguiu na criação de mantas irmanadas da “Manta FLIQ”. Outras mantas têm sido geradas, em simultâneo, a partir de rosetas. O projeto artístico participativo com a comunidade tem guia de continuidade até janeiro de 2026, altura em que as “Manas Rosetas” serão leiloadas na Festa de São Luís, santo protetor dos animais, também conhecida como Festa das Chouriças, realizada no terceiro domingo do mês inicial. O valor angariado no leilão será oferecido ao Lar de Querença.

Enquanto as linhas de lã se cruzam, conversas são registadas e partilhadas pela Fundação. Estórias de vida, violência doméstica, matriarcado, “bullying”, lengalengas, bruxaria e mesinhas. De um pouco de tudo se cobrem estes encontros. No grupo, há quem diga que estas sessões são melhores do que uma caixa de comprimidos.

Alguns dos registos podem ser recapitulados na revista da Fundação, Raiz (n.º 43, pp. 22-28), no Facebook e no vídeo a estrear na abertura da sessão de sábado. O filme resume os encontros ao longo do ano do grupo de 11 pessoas que se reuniu na Fundação em mais de dez sessões informais.

“Ponto a Ponto” é um dos 25 projetos apoiados pelo Programa nacional “Ideias a Atos”, uma iniciativa do Teatro Nacional D. Maria II e da Fundação Calouste Gulbenkian, em parceria com as Câmaras Municipais de Funchal, Lamego, Loulé, São João da Madeira, o Teatro Micaelense e o _ARTERIA_LAB - Universidade de Évora. No concelho algarvio, “Ponto a Ponto” faz parte de um leque de sete ideias apoiadas, que se estendem a Alte e a vários locais da cidade de Loulé.

A entrada é livre.

 

FMVG