Olhão ganhou esta segunda-feira um novo espaço de contacto direto com a natureza e com a Ria Formosa.

A zona poente da cidade, até há pouco tempo marcada pela degradação e pelo abandono, passou a oferecer percursos de lazer, áreas verdes e locais de contemplação com a inauguração do Parque Ribeirinho Olhão Poente e da renaturalização das Tapadas.

O presidente da Câmara Municipal de Olhão, Ricardo Calé, destacou o simbolismo da obra, sublinhando que o concelho passa a dispor de “uma nova zona de fruição pública, mais segura e acessível”, pensada para famílias, praticantes de exercício físico e para todos os que procuram um espaço tranquilo junto à Ria Formosa. A instalação de iluminação e a criação de percursos pedonais e cicláveis vieram reforçar essa utilização ao longo do dia.

O investimento global rondou os dois milhões de euros, com apoio do PO Algarve 2030, sendo a maior fatia assegurada pelo Município. A intervenção acabou por ser concluída antes do previsto, apesar dos constrangimentos provocados pelos períodos de chuva intensa que se fizeram sentir nas últimas semanas.

Mais do que um espaço verde, o novo parque foi desenhado para assumir também uma vertente cultural. A modelação do terreno permite criar um verdadeiro anfiteatro natural, com vista para as salinas e para a Ria Formosa, cenário que o executivo municipal pretende aproveitar para eventos culturais. Um festival de jazz no início do verão já está a ser equacionado como uma das primeiras iniciativas a realizar no local.

A obra desenvolveu-se em duas frentes complementares. A renaturalização das Tapadas recuperou uma área anteriormente usada para piscicultura e que acumulava resíduos, devolvendo-lhe uma função ambiental e paisagística. Já o Parque Ribeirinho Olhão Poente criou um corredor ecológico e de lazer, com parque infantil e espaços pensados para estadias prolongadas, piqueniques ou simples momentos de descanso.

Ricardo Calé explicou que todo o projeto teve em conta a sustentabilidade e a facilidade de manutenção, apostando em espécies autóctones e dispensando zonas relvadas de elevada exigência hídrica. A proximidade ao Parque Natural da Ria Formosa confere ao espaço um valor acrescido, também pela diversidade de avifauna que pode ser observada ao longo do ano.

O presidente da autarquia lembrou ainda que esta transformação urbana não está concluída. A norte do novo parque subsistem os edifícios das antigas oficinas municipais, do canil e dos estaleiros da AmbiOlhão. Com o canil já desativado e as oficinas municipais transferidas, falta apenas a deslocalização dos estaleiros para que toda a área possa ser alvo de uma requalificação integral.

Nesse sentido, foi também aprovada, na reunião de Câmara do mesmo dia, a empreitada para a requalificação final da Avenida 5 de Outubro, entre a rotunda do Cavalo-Marinho e a entrada da cidade. A intervenção, avaliada em 2,3 milhões de euros e com um prazo de execução de 18 meses, prevê melhorias na rede viária, no espaço pedonal e na componente paisagística, reduzindo a primazia do automóvel e reforçando a utilização pedonal e desportiva.

Durante a cerimónia, Ricardo Calé fez questão de recordar o papel de António Miguel Pina, ex-presidente do Município de Olhão, sublinhando que ambos os projetos tiveram origem no mandato anterior. O atual autarca de Faro foi convidado para a inauguração, mas não pôde estar presente devido a compromissos institucionais.

Para o executivo, esta nova frente ribeirinha representa um passo decisivo numa estratégia mais ampla de requalificação do espaço público. “Queremos uma cidade mais aprazível para viver, criar família e receber quem nos visita”, afirmou Ricardo Calé, reforçando que a aposta passa também por melhores infraestruturas nas áreas da educação, saúde e segurança.

Com a conclusão destas intervenções, Olhão ganha não apenas um novo parque, mas um espaço de encontro entre a cidade e a natureza, onde o pôr do sol sobre a Ria Formosa passa a ter um novo palco.