Aos 27 de novembro de 1933, nascia na freguesia de Amor, concelho de Leiria, o 1.º filho de José Duarte e Inácia de Jesus a quem deram o nome de Jacinto Duarte.

Depois de completar a escola primária em Amor, e sem prejuízo da colaboração prestada à família nos múltiplos trabalhos do campo, passou a frequentar o liceu em Leira. Cedo se empregou no Cartório Notarial de Leiria onde veio a conhecer a futura esposa quando esta ali foi “abrir sinal”.

Fez o serviço militar obrigatório em Coimbra e obteve permissão para continuar no exército, despois de terminado o tempo obrigatório, por forma a poder concluir e custear o curso de Direito e a pós-graduação em Ciências Jurídicas.

No dia em que celebrava 25 anos de idade - 27 de novembro de 1958 - casou com Maria José Coelho Duarte Bicho. A celebração dos seus anos      adquiriu na família um estatuto próximo da festa do Natal e foi desde sempre ocasião de festa e reunião familiar.

Após concluir a formatura, permaneceu em Coimbra por mais dois anos, durante os quais nasceram os primeiros 2 filhos do casal. Em 1961 muda-se para a Nazaré para exercer o cargo de notário e ali nasce a 3ª filha.

Depois da Nazaré foi a vez de Loulé, onde esteve alguns meses no ano de 1962 até ter sido convidado para assumir o cargo de inspetor dos serviços prisionais que o levou um pouco por todo o país. A base da família passou então a ser o Alcoitão onde nasceu a 4ª filha.

No ano de 1963 regressou a Loulé para assumir as funções de Conservador do Registo Predial e ali viveu desde então, vendo a família aumentar com o nascimento dos 4 filhos mais novos entre 1965 e 1970. Alguns anos mais tarde deixou a Conservatória e passou a exercer a advocacia a tempo inteiro.

Já em 1981 assumiu as funções de Conservador dos Registos Predial e Civil e Notário, em São Brás de Alportel, terra onde, alguns anos depois, tomou posse como notário, profissão que continuou a exercer até se reformar.

Ao longo da sua vida profissional e aproveitando uma experiência profissional rica e multifacetada, procurou aprofundar o estudo de diversas questões jurídicas no intuito de procurar soluções mais apropriadas para os problemas que se lhe levantavam, tendo escrito várias monografias de que se recordam aqui:

“Os tribunais de execução das penas”, BMJ n.º 130 (Nov.1963)

“A propriedade horizontal no notariado e no registo predial”, Coimbra, Almedina, 1970   

“O notário como profissional do direito e como funcionário público”, Revista do Notariado (Out.1982-Jan.1983)

“Constituição da propriedade horizontal e legitimidade conjugal”, Revista do Notariado (Set.-Dez.1990)

Capaz de uma atividade e dinamismo incessantes, entre as muitas responsabilidades que assumiu ao longo da sua vida, foi Presidente do Louletano Desportos Clube, tendo conseguido que o Clube construísse uma ambicionada pista de ciclismo; foi ainda presidente das Conferências de São Vicente de Paula. Logo após a formação do CDS, foi membro ativo e dirigente do partido. Em 1995 apresentou uma candidatura independente à Presidência da República, tendo, porém, desistido da mesma antes da realização das eleições.

Prestou colaboração habitual em vários jornais: fundou o jornal “O Sambrasense” cuja primeira edição data de 15 de janeiro de 1985; escreveu múltiplos artigos para o “Correio da Manhã” e para o jornal “A Voz de Loulé “, tendo chegado a ser proprietário e diretor deste último (1991 a 1993).

Apesar das suas múltiplas atividades e interesses, foi sempre um pai presente, próximo e carinhoso que colaborava nos cuidados a prestar aos filhos pequenos e, mais tarde, os levava a participar consigo em iniciativas aventureiras e invulgares para a época, fossem elas o estudo de línguas estrangeiras, a prática do golfe ou as viagens de carro pela Europa.

Com grande facilidade de fazer contactos e criar relações, era habitual dar curso aos seus dotes de poeta repentista, dom que herdou do pai e do avô paterno, conquistando a admiração e enlevo de quantos o ouviam ou eram agraciados com versos escritos, muitas vezes, num guardanapo de papel. Publicou também vários livros de versos que distribuía entre a família e os amigos.

Hoje, com 90 anos de vida, é o patriarca de uma extensa família que conta já com 55 membros (incluindo o casal, os 8 filhos e os genros e noras, os 20 netos e os seus companheiros e 8 bisnetos), cabendo-lhe, com razão, o orgulho de os poder reunir à sua volta, na celebração deste aniversário especial.

 

Por: Maria Isabel de Pina (filha)