Entre os dias 1 e 4 de setembro, tem lugar a IV Feira da Dieta Mediterrânica, no centro histórico de Tavira, ao longo das margens do rio Gilão e colina genética do alto de Santa Maria.

Com muitas novidades e uma programação que promete surpreender, a edição deste ano conta com atuações de Dulce Pontes, D.A.M.A, entre muitos outros. Jorge Botelho, presidente da Câmara Municipal de Tavira, diz esperar “largos milhares” de visitantes e fala na importância deste evento para o município, descrevendo-o como “a forma mais originária de cultura, o nosso código genético aquilo que nós produzimos, como pensamos, como interagimos, como comemos e como, acima de tudo, nos damos uns ao outros”.

 

A Voz do Algarve – Como surgiu a ideia de fazer uma Feira Mediterrânica em Tavira?

Jorge Botelho – Esta feira surgiu há quatro anos, quando estávamos a preparar a candidatura à UNESCO. Um dos pressupostos que foi esclarecido e que o município de Tavira assumiu foi a salvaguarda do património e comprometeu-se a fazer uma feira da Dieta Mediterrânica que, na prática, seria uma feira de produtores, artesãos, gastronomia e música, que expressa aquilo que nós somos, as nossas raízes e a nossa identidade cultural. Identidade de portugueses e mediterrânicos. É por isso que também temos como convidados grupos de marroquinos, italianos, espanhóis e vindos um pouco de toda a Europa, que mostram a sua cultura, fazendo parte de uma cultura comum. A Feira da Dieta Mediterrânica, que vai na quarta edição, resultou do compromisso que o município assumiu nesta candidatura.

 

V.A. – Tavira coordena este ano o grupo dos sete países da Dieta Mediterrânica. Qual o real significado desta posição assumida pelo município?

J.B. – Acabámos de sair da coordenação italiana e, este ano, será Tavira que coordena o grupo dos sete países. Por isso, no próximo ano, nós teremos os sete países representados cá em Tavira para encerrar aquilo que agora se inicia, que é a coordenação portuguesa da Dieta Mediterrânica. Vai-se rodando entre os países. Agora foi Itália, este ano é Tavira (Portugal) e, para o ano, já sabemos que é a Croácia. Mas há uma coisa que não muda: a comunidade representativa de Portugal, isto porque a UNESCO reconhece comunidades e não países, por isso, em Portugal, reconhece Tavira como expoente máximo. A UNESCO é a entidade das Nações Unidas para a preservação do Património Cultural e reconhece Tavira como detentora da chave da Dieta Mediterrânica em Portugal.

 

V.A. – Qual a importância desse reconhecimento para os tavirenses, em particular para o comércio e restauração? E refletiu-se no turismo, nomeadamente da parte dos marroquinos e espanhóis?

J.B. – Nós sabemos que a cidade está lotada e tem sido assim desde sempre. Sabemos também que, para Tavira, a restauração mexeu e requalificou-se; o Património Cultural e o artesanato também mexeu; as lojas do centro histórico foram todas ocupadas; e a economia criou postos de trabalho. Isso tem a ver com a Dieta Mediterrânica, mas também com outros fatores. O contributo da Dieta Mediterrânica para a vida de um ano inteiro em Tavira é enorme.

 

V.A. – Houve mobilização ao nível do comércio e da restauração para a realização desta feira?

J.B. – Em Tavira é muito difícil encontrar uma loja para abrir um espaço, porque toda ela está ocupada, mas isto deu um grande impulso. A hotelaria e a restauração estão cheias. O que importa é o efeito de valorização e reconhecimento, tal como o efeito que a Dieta Mediterrânica teve na qualificação dos restaurantes, lojas e reabilitação do Património. Todo o centro histórico mexeu e são projetos destes que nós queremos. O investimento que fazemos com a Dieta Mediterrânica é um investimento na própria terra e as pessoas têm apreciado. Há um retorno enorme em termos financeiros com este evento.

 

V.A. – Estamos ainda no início desta edição, mas seguramente já estará a pensar na edição do próximo ano. Que alterações e novidades serão de esperar e quais os planos futuros neste âmbito?

J.B. – A feira será aqui na baixa, mas não sei se vamos ampliar. Possivelmente será num modelo parecido ou igual, corrigindo uma ou outra falha que vai sempre surgindo. A feira tem vindo a crescer de um ano para o outro e tem tido um retorno certo e consolidado, estando a crescer em muitos indicadores económicos.

 

V.A. – Em termos de visitantes, quais são as expectativas para este ano?

J.B. – Largos milhares de pessoas, mas não consigo estimar. Sei que, no ano passado, entraram no museu 20 mil pessoas durante os quatro dias. Não há nada pago, a feira é gratuita e passam por cá milhares de pessoas.

 

Por Nathalie Dias