Na eucaristia na Sé de Faro, completamente cheia de católicos de toda diocese algarvia e não só, o bispo do Algarve lembrou (cfr. homilia em baixo) aos ordinandos que só com «amor» é possível realizar a missão a que são chamados. «Só é possível acolher e exercer este dom através do amor sem reservas a Cristo, presente na consagração da própria vida e traduzido no serviço quotidiano em apascentar o seu povo», afirmou D. Manuel Quintas.
O prelado lembrou que «não são as criatividades pessoais» nem a «criatividade pastoral, que tornam eficaz e que dão autenticidade ao apascentar». «Só o amor fundamenta o nosso ministério. Amor a Cristo, amor ao seu povo», precisou.
«O reconhecimento na fé da gratuidade deste dom, referência permanente do amor a Cristo, e a entrega sem reversas e quotidiana a apascentar o povo que nos é confiado constituem o meio mais eficaz da fidelidade e da fecundidade do nosso ministério pastoral. A eficácia e a fecundidade do nosso ministério não depende do muito que possamos promover e realizar, mas sim da pureza da nossa fé, da intensidade do nosso amor a Cristo, da comunhão com o colégio presbiteral, da gratuidade do nosso serviço à Igreja, presente de tantas formas no nosso ministério, através de uma existência sacerdotal moldada ao estilo de Jesus», complementou o bispo do Algarve.
D. Manuel Quintas –, que aproveitou a ocasião para destacar a exortação apostólica do Papa Francisco, ‘Evangelii Gaudium’ (A Alegria do Evangelho) –, sublinhou que o sacerdócio não significa superioridade. “O sacerdócio ministerial é um dos meios que Jesus utiliza ao serviço do seu povo, mas a grande dignidade vem do Batismo, que é acessível a todos. A configuração do sacerdote com Cristo Cabeça – isto é, como fonte principal da graça – não comporta uma exaltação que o coloque por cima dos demais. Na Igreja, as funções «não dão justificação à superioridade de uns sobre os outros», esclareceu, citando Francisco.
O prelado, que considerou aquele documento um «oportuno programa pessoal e eclesial», particularmente para os ordinandos, desafiou-os a ajudarem a «assumir e a concretizar» aquele «sonho do Papa Francisco» na Igreja algarvia.
D. Manuel Quintas, considerando que a diocese algarvia ficou «mais colorida, ou seja, mais missionária», renovou ainda aos jovens presentes o «apelo de sempre»: «abri o vosso coração e a vossa vida a Cristo. Não tenhais medo das suas propostas. Não vos fecheis aos desafios que Ele semeia no vosso coração. Não vos considereis à partida excluídos deste dom. Cristo conta convosco. A nossa Igreja diocesana precisa de vós».
A todos os presentes pediu que acolham com «alegria e gratidão» os «irmãos escolhidos para o diaconado e presbiterado». «Acompanhemo-los sempre com a nossa oração, amizade, apoio e, se for preciso, com a nossa correção fraterna», exortou.
Após a homilia, a celebração prosseguiu com o rito da ordenação do diácono Nelson Rodrigues, natural da Conceição de Faro, e do padre Jesús Ejocha, natural da Guiné Equatorial, constituído por alguns gestos significativos, mas que teve como momento mais importante o da ordenação propriamente dita com a imposição das mãos do bispo diocesano sobre os ordinandos.
Um dos gestos significativos foi a colocação das mãos dos ordinandos nas mãos do bispo, um gesto de comunhão e de unidade, prometendo-lhe obediência e reverência enquanto sucessor dos apóstolos, sinal e garante da unidade da Igreja e desta com a Igreja de Roma.
Os outros momentos de maior emoção aconteceram já depois das ordenações com os recém-ordenados a serem revestidos com as vestes diaconais e sacerdotais, recordando que, antes de mais, se devem continuar a revestir de Cristo.
Ao diácono foi-lhe entregue o livro dos evangelhos que agora, de modo particular, têm a missão de anunciar, mas sobretudo de amar e viver, e, ao sacerdote, foi-lhe entregue a píxide e o cálice.
Igualmente significativos foram os abraços aos restantes diáconos e padres presentes, o serviço ao altar prestado pelo novo diácono e a concelebração eucarística já participada pelo novo padre, a que se associaram os restantes.
O padre Jesús Ejocha, de 33 anos, celebrou ontem a sua Missa Nova na igreja paroquial de Monchique, onde estagiou nos últimos anos.
Por Folha de Domingo/Samuel Mendonça