Se este sábado, em alguma rua perto de si, ouvir o grito «Junta a tua voz por um mundo sem violência» saiba que essas vozes pertencem às Guias de Portugal e são o culminar de um projeto de educação para a cidadania que envolveu mais de 80 escolas e cerca de 5000 participantes para serem vozes ativas contra a violência.

Dia 25 de novembro é Dia Internacional pela Eliminação da Violência Contra as Mulheres e também o término oficial do projeto “Vozes Contra a Violência”, implementado pela Associação Guias de Portugal (AGP).

No âmbito deste projeto, as Guias realizaram até à data em todo o País mais de 200 ações em cerca de 80 escolas, sensibilizando mais de 5000 crianças e jovens, com idades entre os 6 e os 25 anos, para serem vozes ativas contra a violência. 

Para assinalar o marco, aquela que é a maior associação juvenil feminina em Portugal, promove este sábado uma ação de mobilização para o tema da violência contra as mulheres, replicada nas várias regiões onde existem Guias. As Guias da Região de Faro também participam nesta iniciativa e estarão nas localidades de Loulé e Portimão. Em Loulé perto do Mercado Municipal, em Portimão na Alameda.

“Vozes Contra a Violência” integra um projeto mais vasto lançado em 2011 pela Associação Mundial das Guias (WAGGGS) em parceria com a Organização das Nações Unidas (ONU) designado de “Stop the Violence, speak out for girls rights” (Vamos pôr fim à violência defendendo os direitos das raparigas). O projeto será implementado, até 2020, junto de mais de cinco milhões de crianças e jovens de todo o mundo.

Em Portugal, a iniciativa começou por ser dinamizada pela AGP junto das próprias associadas, em 2016, em cerca de 50 localidades e abrangendo cerca de duas mil Guias.

Face à ótima recetividade e aos bons resultados alcançados junto das Guias participantes e respetivas famílias, a AGP decidiu em 2017 alargar o projeto às escolas, através de ações de sensibilização conduzidas pelas próprias Guias junto dos seus pares.

Falar de violência contra as mulheres aos 6 anos? E porque não?

Estima-se que sete em cada dez raparigas em todo o mundo experienciam algum tipo de violência ao longo da sua vida, que ocorre na esfera privada e pública e assume muitas formas, incluindo a violência no namoro, o bullying, entre outras.

No pressuposto de que a sensibilização para o tema deve iniciar-se nas idades mais jovens, o projeto desenvolvido a nível mundial, e implementado pela AGP em Portugal, assenta num kit de atividades e recursos desenvolvidos para crianças a partir dos seis anos.

“Naturalmente que nessas idades os temas abordados prendem-se sobretudo com o respeito pela diferença, o direito a expressar-se e a resolução de conflitos, abordados numa perspetiva muito lúdica, mas acreditamos que esta sensibilização preparatória é essencial para que estas crianças cresçam mais atentas, mais justas e mais esclarecidas”, destaca Sara Nobre, Presidente da Associação Guias de Portugal.

Para avaliar o impacto das ações realizadas, a AGP realizou junto de mais de 500 Guias questionários pré e pós implementação do projeto, tendo percebido que é também nessas idades mais jovens (5 aos 11 anos) que alguns preconceitos podem ser mais facilmente desconstruídos.

“Por exemplo, quando perguntado se a realização de algumas atividades – limpar a casa ou ter cabelo curto - era exclusiva de algum sexo, os questionários prévios à implementação do projeto evidenciam alguns preconceitos que foram esclarecidos através das atividades realizadas”, explica a Presidente das Guias.

Na faixa etária dos 12 aos 25 anos, o maior impacto manifestou-se ao nível da prevenção efetiva.

“Depois da implementação do projeto as nossas jovens manifestam-se muito melhor preparadas para saberem atuar numa situação em que são testemunhas ou vítimas de discriminação de género e violência. Isto é importantíssimo! Saber identificar uma atitude de violência não quer dizer que se saiba como atuar de seguida. Nessas idades precisamos de trabalhar estes aspetos, pois a possibilidade de serem vítimas é maior”, destaca Sara Nobre.

Os questionários revelaram ainda que após a implementação do projeto as Guias sentem que podem fazer algo para diminuir a discriminação de género e violência contra raparigas e jovens mulheres e nos questionários tiveram oportunidade de dar algumas sugestões: alertar a comunidade, ações de sensibilização nas escolas, realizar diferentes iniciativas que promovam a igualdade de género.

 
Por: AGPAlgarve