As comemorações terão início no dia 10 de junho, data do 92º aniversário do Grupo Folclórico de Faro. Nessa tarde, pelas 18h, será descerrada uma placa que atribuirá o nome de Manuel José Franco a uma das salas da Sede do Grupo. Este momento simbólico é uma homenagem a uma das pessoas que mais persistentemente lutou para que o Grupo Folclórico de Faro tivesse uma sede condigna. Falecido em outubro de 2021, Franco foi elemento do Grupo durante mais de 45 anos, sendo bailador, membro da direção e um dos principais mentores e obreiros do FolkFaro.
Na dia 10 de junho, haverá também um jantar de confraternização juntando elementos do Grupo, amigos e convidados, no restaurante do Eva Senses Hotel.
Será na noite de sábado, 18 de junho, que o Grupo Folclórico de Faro irá lançar a primeira edição do Encontro de Folclore Cidade de Faro com quatro grupos representativos de distintas regiões etno-folclóricas do nosso país:
- Grupo Coral “Os Ganhões” de Castro Verde (Baixo Alentejo);
- Rancho Folclórico da Casa do Povo de Arouca (Douro Litoral);
- Rancho Folclórico de Barbeita – Monção (Alto Minho)
- Grupo Folclórico de Faro (Algarve)
O grupo anfitrião e organizador apresentará o seu espetáculo em duas partes. A primeira parte, na abertura do espetáculo, com o Cancioneiro do Grupo Folclórico de Faro, que interpretará diversos trechos da música popular e tradicional da região algarvia. No final, depois da atuação dos prestigiados grupos convidados, o GFF volta ao palco para apresentar os seus Bailes de roda, Corridinhos e Baile Mandado, tão característicos do nosso Algarve.
O espetáculo conta com o apoio da Câmara Municipal de Faro, a colaboração da Mais Algarve e terá lugar no palco do Passeio da Doca, junto ao Jardim Manuel Bívar, às 21.30h, antecedido de um pequeno desfile na baixa farense.
MAIS DE 90 ANOS DE HISTÓRIA
O mais antigo dos grupos de folclore da região algarvia foi formado em Faro por Serafim Carmona, no início dos anos 30. Teve como principal impulsionador Henrique Bernardo Ramos - grande figura do folclore algarvio que liderou o Grupo durante quase 40 anos.
Começou por se chamar Rancho Regional Algarvio ou, simplesmente, Rancho do Algarve. Na sua génese estiveram muitos dos grandes acordeonistas que marcaram uma época: José Ferreiro Pai, António Madeirinha, José Massena Fialho (o “Céguinho da Luz”), José Padeiro, Armindo Barbosa, irmãos Marum, entre muitos outros. As habilidades dos bailadores nas “escovinhas” e “sapateados” fizeram escola em todo o Algarve – “Pechalhá”, “Rabinete”, Miguel dos Santos, Leal, “Galinho”, Carminho e irmãos Fantasia marcaram uma época na arte de dançar o corridinho.
Foram muitos os êxitos, como as “Noites Algarvias” que lotaram o Coliseu dos Recreios em Lisboa nos anos 40 e 50, mas também não faltaram revezes e até paragens, devido aos anos mais duros da emigração que levaram muitos dos elementos do Grupo para fora do país.
Nos anos 60, o Grupo volta a brilhar ao lado da saudosa Orquestra Típica de Faro, e inicia uma ativa participação na animação turística do Algarve.
Nos anos 80 e 90, sob a direção de Fernando Fantasia, conhece os palcos de muitos dos mais importantes festivais de folclore, um pouco por todo o mundo. A partir de então não mais parou de representar o país nos quatro cantos do mundo!
REFERÊNCIA NO FOLCLORE DO ALGARVE
O Grupo Folclórico de Faro é uma referência obrigatória no panorama do folclore algarvio. É membro da Federação do Folclore Português, filiado no Inatel e foi um dos fundadores da Associação de Folclore e Etnografia do Algarve. Enquanto organizador do FolkFaro, é também membro do CIOFF Portugal (Conselho Internacional dos Organizadores de Festivais de Folclore e Artes Tradicionais), integrando também os seus órgão sociais.
O Grupo tem quatro secções, abrangendo cerca de 100 elementos. O grupo de dança adulto que interpreta, desde 1930, os característicos corridinhos, bailes de roda e baile mandado, numa tradição que se transmite de geração em geração. O grupo infantil, atualmente em fase de reestruturação pós-pandemia, permite aos mais pequenos recriar em palco as brincadeiras, as cantigas e as danças dos tempos dos seus avós, garantindo a continuidade do grupo, com a formação de novos bailadores. O Cancioneiro, grupo de cantares populares e tradicionais, procura mostrar um pouco da diversidade das raízes musicais do Algarve. Finalmente, a escola de acordeão, sob a orientação do Professor Hermenegildo Guerreiro, é um contributo para a formação de novos tocadores do instrumento-rei do Algarve.
Para além de apresentações por todo o país, o Grupo tem vindo a participar em inúmeros festivais internacionais de folclore, tendo já efetuado deslocações a Espanha, França, Marrocos, Canadá, EUA, Itália, Brasil, Turquia, Suíça, México, Hungria, República Checa, Chipre, Grécia, Rússia, Eslovénia, Bélgica e Polónia. Participou em diversos trabalhos e publicações de carácter etnográfico, em desfiles e exposições de trajes, e várias edições discográficas.
Considerado como uma verdadeira instituição da capital algarvia, o Grupo Folclórico de Faro foi distinguido pela Câmara Municipal, no ano de 2002, com a Medalha de Ouro da Cidade. Em 2014, recebeu a Medalha e o Diploma de Mérito atribuídos pela União das Freguesias de Faro. Já em 2015, recebeu o Prémio Figuras, atribuído pelo Teatro Municipal de Faro, pela realização do FolkFaro – Folclore Internacional Cidade de Faro.
Em 2017, com a atribuição ao Grupo, pelo Município de Faro, do piso superior do edifício histórico do Solar do Capitão, concretizou-se uma aspiração antiga do Grupo: a inauguração de uma Sede Social condigna que lhe permite desenvolver as suas atividades em melhores condições.
No dia 10 de junho de 2021, assinalando o 91º aniversário do decano dos grupos de folclore do Algarve, o Município de Faro inaugurou um monumento de homenagem ao Grupo Folclórico de Faro. Um conjunto escultórico intitulado “O Corridinho”, da autoria do escultor Carlos de Oliveira Correia, que assim perpetua o nome do Grupo numa das novas rotundas da cidade.
UM GRUPO COM PROJETOS DE FUTURO
O Grupo Folclórico de Faro, orgulhoso do seu passado, continua com projetos de futuro, entre os quais se perfilam uma deslocação à Argentina, adiada desde 2020 devido à pandemia, agora reagendada para setembro do corrente ano.
Está em preparação, entretanto, a publicação de um livro sobre a história do Grupo Folclórico de Faro que para além da narrativa, ilustrações e fotos, contará também com os testemunhos e depoimentos de atuais e antigos componentes do grupo, e ainda de diversas personalidades ligadas ao Grupo.
Depois de uma edição cancelada em 2020, e de um espetáculo único em 2021, regressa este ano em força o FolkFaro! O maior festival internacional de folclore do sul de Portugal, vai voltar a trazer grupos de folclore de vários pontos do mundo, durante uma semana, de 21 a 27 de agosto, numa organização do Grupo Folclórico de Faro.