Decorreu ontem, dia 29 de maio, no Cineteatro Louletano, a apresentação oficial do «Festival MED», com todas as suas propostas multiculturais. E este ano são muitas as novidades, principalmente no que respeita às diversas valências que constituem, cada vez mais, um complemento à componente musical.
Carlos Carmo, diretor do evento e vereador da Câmara Municipal de Loulé, começou por referir que é «uma enorme felicidade voltar a organizar o ‘Festival MED’». O responsável acrescenta que «a música é sempre o vértice mais mediatizado e conhecido do festival, mas ele é muito mais do que isso: é uma experiência que nos leva a outro mundo».
De modo a alargar a sua importância, o «Festival MED» vai extravasar o seu programa para outros locais do centro da cidade de Loulé, para além da Zona Histórica.
Ao evento, junta-se pela primeira vez o Cineteatro Louletano. O importante espaço louletano vai receber o concerto de abertura do Festival, com Lina_Raül Refree, no dia 29 de junho, pelas 21h00. Também ali, será apresentada, dia 2 de julho, pelas 17h00, a peça «Chovem Amores na Rua do Matador», história escrita por Mia Couto e José Eduardo Agualusa. Com esta aposta, pretende-se dar importância ao «teatro, que era uma valência do festival que estava um pouco apagada. […] Achámos que esta era a oportunidade certa para termos aqui uma peça esta dimensão e que pudéssemos ter uma sala cheia», explica Carlos Carmo.
Em destaque, está também a literatura. A Casa da Cultura será o parceiro e a sua sede, o recém-inaugurado edifício do Atlético, o lugar onde irão acontecer momentos de «poesia, prosa e outros géneros literários», acrescenta o responsável pela organização do evento.
A Casa do Meio Dia abre as suas portas para receber, no dia 3 de julho, pelas 18h30, a conferência «Sustentabilidade Ambiental nos Festivais de Música». Esta é uma novidade da Câmara Municipal e da APORFEST – Associação Portuguesa de Festivais de Música, que promovem uma iniciativa que contará com diversos oradores ligados ao jornalismo, mas também representantes do mundo académico.
Banhos Islâmicos de Loulé passam a integrar programa
Os Banhos Islâmicos de Loulé, inaugurados este sábado, passam a integrar o programa e a incorporar a essência do MED. O espaço arqueológico estará aberto para visitas guiadas durante os dias do Festival enquanto que a área exterior (logradouro) vai receber o Palco Hamman (designação árabe para «banhos»). Terra Sul, Suricata e Amar Guitarra são os artistas que integram aqui alinhamento musical.
Música clássica, Jazz e atividades para os mais novos
Ano após ano, o MED Classic leva ao interior da Igreja Matriz concertos de música erudita, mas terá nesta edição um novo palco já que as obras de reabilitação deste edifício eclesiástico inviabilizam a sua realização aí. Como tal, nos dias 30 de junho e 1 e 2 de julho, a Igreja de S. Francisco, outro espaço fora do casco medieval da cidade, acolhe os concertos de Rui Mourinho, Ensemble com Spirito e Duo Acordeão e Tuba – Surrealistic Discussion. Já no dia 3 de julho, o MED Classic regressa ao recinto, para levar ao Palco Matriz, pelas 21h00, o Ensemble de Flautas e a Orquestra de Sopros e Percussão do Conservatório. O diretor do Conservatório de Música Professor Francisco Rosado, Sérgio Leite, assume a curadoria desta valência.
Já o Cinema MED apresenta nesta edição uma forma diferente de experienciar a sétima arte: os Cine-Concertos. Os filmes exibidos (19h15) serão musicados ao vivo, mas neste espaço haverá também, diariamente, a atuação de DJs (22h15). As propostas são as seguintes: 30 de junho, «Todo o Cinema do Mundo», Cineconcerto by JP Simões, e DJs Rui Pedro Tendinha/Marie Lopes; 1 de julho –«Sistema Sonoro» by Bando à Parte (Pedro Bastos, Jorge Quintela e Rodrigo Areias), e DJ Pedro Ramos (futura Rádio de Autor); 2 de julho – «Dentre» by Joaquim Pavão, e DJ Pedro Ramos (futura Rádio de Autor). No encerramento do Festival, a 3 de julho, pelas 22h30, é apresentado «Surdina» com cineconcerto by Tó Trips, o ex-Deab Combo que regressa a Loulé, desta vez a solo.
A curadoria do espaço volta a estar a cargo do crítico de cinema Rui Tendinha e a produção é do Loulé Film Office. O espaço funcionará Rua do Município, junto ao edifício da Câmara de Loulé.
O envolvimento do movimento associativo cultural do concelho é outra das notas deixadas pelo diretor durante a apresentação deste domingo, nomeadamente nas áreas das artes de rua. Mas também em relação a um novo palco – o MED Jazz. Nos Claustros do Convento, onde em anos anteriores se desenvolvia um espaço dedicado ao Fado, este ano é o Jazz que vai estar em destaque. Com a parceria da Mákina de Cena, decorrerão aqui os concertos com Vale, Juliette Serrad, Marco Martins’Low Profile, Heiko Bloemers, Maria Villanueva e Desidério Lázaro Quarteto, propostas auspiciosas os apreciadores (e não só) do universo jazzístico.
No que respeita às exposições, para além da Galeria de Arte do Convento do Espírito Santo e dos Claustros do Convento, também a Rua do Município contará com uma instalação artística.
O Palco Arco volta a estar associado a um espaço de gastronomia, nas traseiras da Igreja Matriz, e que será animado pelos músicos residentes Eduardo Ramos, Marco Cristovan e Afonso Dias. O artesanato estará também presente no evento.
No MED Kids, espaço direcionado para os mais novos com atividades específicas desenvolvidas pela Biblioteca Municipal, onde os pais poderão deixar os seus filhos.
Já o «Open Day», o dia de entrada livre, será assinalado com um concerto especial com o guineense Remna. É no dia 3 de julho, às 21h45, no Palco Castelo.
Este ano o «Festival MED» contará, pela primeira vez, com a RTP como media partner, a par dos habituais Antena1, Antena2 e Antena3, além de muitos outros parceiros nacionais e internacionais que têm contribuído para projetar o evento em termos de comunicação.
Este ano, serão 66 concertos e 90 horas de música. O «Festival MED» terá 12 palcos/espaços destinados a concertos. A Mauritânia, representada pela voz de Noura Mint Seymali, estreia-se no evento pela primeira vez, alargando a interculturalidade do «Festival MED». Para além disso, existirão 6 expositores de rua, 3 exposições de arte e 12 grupos de animação de rua. Albaluna, Mallu Magalhães, Maro (vencedora do «Festival da Canção 2022), Plasticine, Viviane, entre muitos outros nomes, farão parte desta festa, que já revelou 33 nomes do cartaz.
Conheça os artistas dos palcos principais:
Albaluna (Portugal), Aline Frazão (Angola), Anthony B (Jamaica), Ayo (Alemanha/Nigéria), Bombino (Níger), Chico Trujillo (Peru), Criatura (Portugal), Eletric Jalaba (Marrocos/Reino Unido), Eskorzo (Espanha), Expresso Transatlântico (Portugalt), Ghuetto Kumbé (Colômbia) Go_A (Ucrânia), Gyedu-Blay & His Sekondi Band (Gana), Ikoqwe (Portugal/Angola), Johnny Hooker (Brasil), Júpiter & Okwess (República Democrática do Congo), Mallu Magalhães (Brasil), Manou Gallo (Costa do Marfim), Maro (Portugal), N3rdistan (França/Marrocos), Nancy Vieira (Cabo Verde), Noiserv (Portugal), Noura Mint Seymali (Mauritânia), O Gajo (Portugal), Oum (Marrocos), Plasticine (Portugal), RE:Imaginar BANDA Monte Cara (Cabo Verde), Rodrigo Cuevas (Espanha), Scúru Fitchadú (Portugal/Angola), Shkoon (Síria/Alemanha), Sylva Drums (Portugal), Vítor Zamora & Sexteto Cuba (Portugal/Cuba) e Viviane (Portugal).
Bilhetes em pré-venda
A pré-venda de bilhetes decorre até 23 de junho, com o bilhete diário a custar 10 euros. Após essa data, o valor sobe para 15 euros.
Já o bilhete família diário (que incluí 2 adultos e 2 jovens até aos 16 anos), custa 35 euros até dia 23 do próximo mês. O valor aumenta depois para os 40 euros.
O passe que dá a acesso a todos os dias do evento custa 30 euros em pré-venda. A organização pede depois 40 euros.
Bia Ferreira é a primeira confirmação de 2023
Em 2023 vai subir ao palco do «MED», mas ontem esteve na apresentação do festival. Bia Ferreira foi uma boa surpresa para quem desconhecia a sua carreira, agarrou o público e, certamente, terá casa cheia no próximo ano.
«Eu espero que a maior divindade que se faz presente aqui hoje, que é a Arte, consiga fazer morada no seu coração, consiga fazer transformação, e que você saia daqui diferente. Nós somos apenas um instrumento», foram as palavras da artista no arranque do concerto.
Há quase uma década, uma das mais destacadas vozes brasileiras no que diz respeito à comunidade LGBTQlA+, ao racismo e à xenofobia, Bia Ferreira trouxe ao palco do Cineteatro Louletano esse espaço de esclarecimento, provocação, motivação e de luta por aquilo em que acredita, uma voz contra os problemas do seu país onde “a cada 23 minutos, um jovem preto é assassinado pela polícia”
Por: Filipe Vilhena/CM Loulé