Museu Municipal de Faro inaugura no próximo dia 8 de novembro pelas 17h00 uma exposição de José Dias Sancho onde se promete revelar um Algarve modernista ainda desconhecido.

Depois da exposição Carlos PorfirioDiálogos do modernismo” e de “Itinerários de Arte Moderna no Algarve”, em 2019 e 2022 o Museu Municipal volta a apresentar um novo projeto expositivo ligado à história do importante Modernismo artístico e cultural da região nas primeiras décadas do século XX, agora centrando na poliédrica, dinâmica e polémica figura de José Dias Sancho. Natural de São Brás de Alportel, Dias Sancho, é uma das figuras ilustres da região algarvia, agindo entre a terra natal, Faro e Olhão, com importantes extensões a Lisboa, tendo desempenhado atividades tão díspares como caricaturista, jornalista, crítico de arte, escritor ou até cineasta. Ao  longo da exposição abordam-se essas diferentes facetas organizadas segundo essa articulação entre a defesa do Regionalismo e a assunção de Modernismo: o escritor de poesia, de teatro, de ficção ou o jornalista, enquanto criador e enquanto polemista, o caricaturista e cartoonista, o agente e crítico cultural, o produtor da primeira empresa de cinema da região e de uma dinâmica de produção de teatro musicado. Com estes vários focos ensaia-se uma biografia artística e cultural de Dias Sancho, que desapareceu precocemente, enquanto se propõe uma leitura sobre um Algarve modernista, diligente e com contactos com os grandes centros culturais do país. Não por acaso aparecem na exposição obras de Almada Negreiros, Jorge Barradas, António Soares ou Mário Eloy, chamando a atenção aos relevantes diálogos que tiveram com José Dias Sancho e a cultura algarvia.

 

Na exposição destaca-se a sua vertente literária, sobre a qual muito já se conhece pelo excelente contributo que tem vindo a ser desenvolvido pelas investigadoras Sílvia Quintero e Maria José Marques, numa parceria entre a UALG e a autarquia de São Brás de Alportel, assim como a vertente artística, testemunhada pelas caricaturas de Dias Sancho de caricaturista ou as suas ligações ao teatro e ao cinema, ou ainda pelas obras de artistas regionais e nacionais, que estabeleceram afinidades com o Algarve e com o protagonista da exposição.

A exposição, comissariada cientificamente por Fernando Rosa Dias da Faculdade de Belas Artes de Lisboa (FBAL), e com curadoria executiva de Joana Galrão, Mestre em Curadoria pela FBAL, dispõe de um elenco de peças único, emprestado por coleccionadores particulares, galerias e instituições públicas. Para muitas peças é a primeira vez que se apresentam publicamente em Faro e no Algarve. A exposição apresenta originais de caricaturas inéditas de figuras algarvias e da série compositores, além de alguns casos relevantes de caricaturas e ilustrações surgidos em reproduções em periódicos algarvios e lisboetas. Num espaço de diálogos da paisagem algarvia surgem pinturas de época de artistas algarvios e lisboetas, algumas não expostas há cerca de um século, que dialogaram com José Dias Sancho, como de Carlos Porfírio ou Raul Carneiro, com quem expôs. De Eduardo Viana uma vista de Olhão que prolonga as duas obras sobre o mesmo motivo apresentadas em 1919 no Museu Municipal de Faro na exposição em torno de Carlos Porfírio. De Mário Eloy uma pintura de motivos sevilhanos realizada na passagem pelo Algarve e Andaluzia em 1924, e uma pintura da mesma época que não terá sido exposta desde 1958, e que pertenceu a António Ferro. Destaca-se de Jorge Barradas desenhos e um grupo de postais que terá exposto em 1917 em Faro, e de António Soares pinturas não expostas há várias décadas.

 

Este projeto terá ainda passagem pelo Museu Bordalo Pinheiro em Lisboa e termina o seu percurso no Museu do Trajo em São Brás de Alportel, terra natal de José Dias Sancho.

 

CM Faro