Covid-19: Um estudo serológico realizado pelo Algarve Biomedical Center (ABC) e a Fundação Champalimaud, com o apoio da Câmara Municipal de Loulé, permitiu demonstrar que o número de pessoas que tiveram contacto com o novo coronavírus é superior aos casos confirmados através de testes de diagnóstico usados isoladamente.

Os resultados daquele que é o primeiro estudo do género no país, apresentados à comunicação social esta quarta-feira, dia 6 de maio, revelaram que numa amostra de 1235 pessoas sem sintomas, 2,8%, ou seja 34, já tinham tido a infeção, revelando anticorpos.  Assim, muitos já tiveram a doença e, sem se aperceberem, venceram-na.

Tendo em conta que os casos reportados no concelho de Loulé até à data apontavam para uma incidência de 0,1%, os resultados do estudo sugerem que o contacto com a doença foi pelo menos 14 vezes superior, mesmo num dos concelhos que não foi dos mais afetados nesta primeira onda da pandemia no país.

Na amostra participaram cidadãos de Loulé, que, pela sua atividade profissional, têm maior risco de infeção, nomeadamente profissionais de saúde, agentes das forças de segurança, dos bombeiros e elementos da proteção civil, funcionários de lares e instituições similares, funcionários das empresas de serviços da administração central ou local – entre os quais os do Mercado Municipal de Loulé – e jornalistas.

O projeto lançado pela Fundação Champalimaud em parceria com o Algarve Biomedical Center (ABC) permitiu realizar, no espaço de três dias, testes a 1235 pessoas que não tiveram sintomas ou não os valorizaram e, por isso, não tinham sido testadas para o novo coronavírus.

O estudo teve como centro nevrálgico um drive-thru instalado ao lado do que já existia no Estádio Algarve. Os testes serológicos rápidos permitem saber, a partir de um amostra de sangue, se a pessoa esteve em contacto com o vírus e desenvolveu os anticorpos IgM ou IgG que surgem em fases diferentes após a infeção. Isto para além dos testes de diagnóstico já realizados normalmente com recurso a zaragatoas.

A estratégia integrada criada em conjunto pelo ABC e pela Fundação Champalimaud, que dá pelo nome de Combicov, alia um rastreio serológico a testes de diagnóstico e pretende contribuir para a prevenção da Covid-19 e para a gradual retoma das atividades sociais e económicas no país de uma forma segura.

A apresentação do estudo ficou a cargo do médico e diretor do ABC Nuno Marques e do imunologista da Fundação Champalimaud Henrique Veiga-Fernandes.  As estruturas montadas para a realização dos testes que permitiram este estudo foram, também na quarta-feira,  visitadas pelo ministro da Ciência Manuel Heitor, pela secretária de Estado da Saúde Jamila Madeira, pelo secretário de Estado da Descentralização Jorge Botelho e pelo secretário de Estado das Pecas e coordenador da resposta à Covid-19 no Algarve José Apolinário.

#louleficaemcasa #covid19