Um novo começo: esta foi a razão que levou Cristina Brito, de 37 anos, Milu Garcez, 63 anos, e Paulo Louro, de 47 anos, a trazer para Vilamoura o Querido Mudei a Casa, marca que ficou conhecida pelo programa de televisão que se dedica à remodelação e decoração de casas, mas que hoje já é mais do que isso, sendo uma marca portuguesa de renome e que está agora associada à Remax.

Depois de se depararem com uma situação de desemprego, os três sócios juntaram-se e trouxeram até ao Concelho de Loulé o Querido Mudei a Casa Obras, que pretende dar uma nova luminosidade às casas algarvias.

 

A Voz Do Algarve – Quando surgiu a oportunidade e o desejo de envergar pelo setor imobiliário? Foi a vossa área de formação?

Pedro Louro – A minha área de formação é o Marketing e, nesse sentido, trabalhei essencialmente na área alimentar como gestor de marca. Entretanto, tive uma doença grave e acabei por desvincular-me da empresa onde trabalhava. Quando ultrapassei a doença, encontrei a Cristina, que já conhecia e que me fez esta proposta, que serviu como ponto de viragem, como um novo arranque.

 

Milu Garcez – A verdade é que esta é a primeira vez que trabalho nesta área. Fiz um bacharelato em Psicologia em Joanesburgo e mais tarde um curso geral de comércio. Mas a minha área é a dos seguros, na qual trabalhei na África do Sul e cá em Portugal, onde estou há cerca de 19 anos. Mas, no fundo, tive sempre o entusiasmo e o “bichinho” pelas vendas. Há três anos, a empresa onde trabalhava aqui no Algarve fechou devido à crise, e eu fiquei no desemprego. Não é fácil ficar desempregada depois dos 40 anos … mas felizmente, no ano passado, quando a Cristina abriu o Arrenda na Hora, eu e uma colega minha entusiasmamo-nos e viemos para cá ajudar a Cristina.

 

Cristina Brito – Eu sou formada em Marketing e sempre trabalhei na área comercial de modo geral, desde a área alimentar, ao setor do tabaco, passando pela área dos vinhos. No entanto, também eu fui vítima do desemprego e decidi aproveitar o fundo de desemprego para apostar no meu próprio negócio. Abri a Arrenda na Hora, que é uma empresa especializada no arrendamento turístico e no arrendamento anual ainda fazemos vendas. No fundo, nós queremos vender oportunidades de negócio, pegando em casas que estão mais degradadas e que recuperamos para meter no mercado de arrendamento.

 

V.A. – No caso do Querido Mudei a Casa, de que forma apareceu nas vossas vidas?

C.B. – Esta oportunidade surgiu em setembro do ano passado, quando a marca Querido Mudei a Casa foi comprada pelo grupo Remax, que engloba a Melom e a Melom Obras. Encontrámos aí uma oportunidade de nos juntarmos ao grupo. Até aqui nós tínhamos feito algumas obras orçamentadas, mas muitas vezes sem lucro e sem poder dar garantia de qualidade. Vimos no Querido Mudei a Casa Obras a oportunidade de o fazer, uma vez que temos interesse na recuperação de imóveis antigos para arrendamento. Desta forma aliámo-nos a uma marca conhecida para fazer essa obra e vender o pacote “chave na mão”: vendemos o imóvel e fazemos a obra com projeto, com 3D, fatura e garantia.

 

V.A. – Quais as diferenças entre o Querido Mudei a Casa – programa de televisão – e o Querido Mudei a Casa Obras?

C.B. – No fundo, o Querido faz agora obras de duas formas: através do programa de televisão, que funciona por concurso, ou com recurso ao Querido Mudei a Casa Obras, que realiza a obra na casa das pessoas por orçamento. No caso do concurso, realizam-se candidaturas para o programa de televisão e é feito um sorteio onde a pessoa pode ser selecionada ou não. É algo a nível nacional, embora possa vir também para Vilamoura e, nesse caso, será a equipa da Melom a tratar da obra e não a nossa. Para trabalhar connosco, podem ligar para a linha geral e são reencaminhados para Vilamoura ou podem contactar-nos para o nosso telefone pessoal. Ou seja, são duas equipas separadas, mas que trabalham com os mesmos materiais. Além disso, as pessoas podem trazer ideias que veem no programa de televisão e dizer “quero uma sala igual àquela” ou então “surpreendam-me”, e é isso que fazemos. Depois, há outros aspetos em que existem algumas diferenças, como por exemplo o timing, pois não realizamos as obras em apenas dois dias como no programa de televisão.

Contudo, de maneira geral, o conceito do Querido Mudei a Casa é arrumação, espaço e luminosidade e isso é comum em ambos os projetos. Assim como a reciclagem de móveis antigos, por exemplo.

 

V.A. – De que maneira é vantajosa esta associação com o programa de televisão e com a marca Querido Mudei a Casa, já consolidada no ramo imobiliário?

M.G. – A verdade é que o Querido ganhou uma dimensão tão grande que as pessoas quando veem os nossos cartões com o logótipo começam logo a fazer perguntas como “podem remodelar-me a cozinha?” e “fazem como no programa de televisão?”. Ou seja, as pessoas têm muita curiosidade sobre tudo isto e sabem que esta é uma marca de qualidade, a que agora estamos associados.

C.B. – Nós trabalhamos essencialmente com as mesmas regras, procedimentos e temos os mesmos materiais, até porque existem tintas e papel de parede da marca Querido e nós temos acesso a todas essas coisas. Temos também as parcerias nacionais com o Leroy Merlin, com preços muito mais vantajosos, o que significa que os nossos orçamentos são mais atrativos, o que também é uma vantagem. Mas o que nós realmente queremos ser, e que nos foi possibilitado com este projeto, é especialistas na área da decoração: vamos ver a casa, tiramos as medidas e realizamos todo o processo.

 

V.A. – Como funciona então esta parceria entre a marca e a vossa empresa e que vantagens traz?

C.B. – A marca é exclusiva do grupo Remax para os próximos 20 anos e por isso o retorno será muito grande, tanto para eles, como para nós que estamos envolvidos neste projeto. A verdade é que nos dão muito apoio, desde o CRM, ou seja, o apoio com que nós gerimos o nosso cliente, até ao contato do início ao fim. No fundo, dão-nos o programa de gestão de cliente e formação que nos ajuda em todos os passos do processo.

 

V.A. – Quanto tempo tem a empresa e qual o feedback que têm tido por parte dos clientes?

C.B: - Nós, no ativo, estamos há dois meses e temos já vários projetos entregues, embora ainda não estejam adjudicados, uma vez que esta altura do ano é complicada, por ser para muitos época de férias.

M.G. – Creio que em meados de setembro estará mais calmo. Começaremos a trabalhar antes, mas essa deverá ser a altura em que teremos mais possibilidades.

 

V.A. – Qual a razão para a não existência de uma loja física do Querido Mudei a Casa Obras?

C.B. – O Querido Mudei a Casa não exige loja física e, por isso, trabalhamos na sede do Arrenda na Hora, até porque a empresa contínua em funcionamento. O que vamos ter é viaturas de obra com o logotipo de marca e devidamente identificadas. Só há uma loja até agora, a nível nacional, em Sintra, mas não é usual neste ramo.

M.G. – O Querido Mudei a Casa não é especificamente uma loja, por isso não faz sentido criar uma aqui. Mas estamos a pensar colocar aqui no escritório sinalética, para que as pessoas possam identificar.

 

V.A. – Como se dá o processo de seleção das empresas e trabalhadores que colaboram convosco?

C.B. – Nós podemos escolher vários tipos de parceiros, desde técnicos até uma grande empresa. E as pessoas podem e devem candidatar-se para trabalhar connosco! Obviamente que não selecionamos qualquer pessoa, até porque a primazia desta marca é a imagem e, nesse sentido, até o técnico da obra tem que ter preocupação com a sua imagem.

P.L. – Além disso, tem que ser um bom profissional, com tudo em dia, registado e devidamente credenciado. No fundo, tem que obedecer a certos critérios, uma vez que é importante que as pessoas confiem no nosso trabalho.

 

V.A. – Portanto, este vosso novo projeto é também uma forma de abrir portas ao mercado de trabalho?

C.B. – Até agora só trabalhámos com pessoas que conhecíamos, com referências, mas queremos que as pessoas venham ter connosco e nos mostrem o que sabem fazer e a qualidade do seu trabalho. Pretendemos também recorrer ao fundo de desemprego e a empresas de trabalho temporário. O que nós precisamos são essencialmente pintores, decoradores, todos os que cumpram as funções necessárias para a realização de uma obra. Mas, acima de tudo, queremos pessoas que venham com motivação para trabalhar.

 

V.A. – E quanto à obra propriamente dita se inicia, como ocorre todo esse processo? É semelhante ao que acontece no programa de televisão?

M.G. – Quando começamos a fazer a obra, existe todo um aparato muito giro. Vamos com os carros do Querido Mudei a Casa, os nossos trabalhadores vão todos com o equipamento devidamente identificado e levamos o equipamento, até porque sabemos que as pessoas estão de alguma forma à espera disso.

C.B. – Sim, vamos ter sempre um filme de todo o processo da obra, com o antes e o depois, e que pode ser divulgado ou não, dependendo da decisão do cliente. Mas, dependendo do resultado final e da grandeza da obra, pode depois ser divulgado no programa de televisão.

P.L. – Aliás, já temos alguns desses filmes no Facebook. Se quiserem conhecer um pouco melhor, podem fazê-lo através da nossa página “Querido Mudei a Casa Vilamoura”.

 

V.A. – Entre os três, como escolhem quem acompanha uma determinada obra? E vão também identificados com os coletes do Querido?

P.L. – É totalmente aleatório. Ainda há pouco vim de uma obra onde estive sozinho, tal como as minha sócias fizeram o mesmo.

M.G. – Sim, e vamos com o colete! E vamos também arranjar t-shirts para os outros trabalhadores, até porque isso é algo que dá logo confiança à pessoa.

  

V.A. – Vocês são os únicos Queridos da zona do Algarve ou a marca está já enraizada noutras regiões algarvias?

M.G. – Nós somos responsáveis pelo Concelho de Loulé. Há também um Querido em Faro e outro em Portimão.

C.B. – Sim, mas é importante referir que nós temos a exclusividade do Concelho de Loulé, o que significa que quando alguém do Concelho liga para o call center nacional é reencaminhado para nós e que quando se consulta o site e se seleciona esta zona do país é também direcionado para a nossa empresa.

 

Por VA/Nathalie Dias