Falar sobre a Doença Inflamatória Intestinal é um assunto complexo, o que pode atrasar diagnósticos e impedir o acesso aos tratamentos inovadores.

Há temas sobre os quais conversar não é fácil. Apesar de afetarem muitas pessoas em todo o mundo, e cerca de 25 mil em Portugal (1), condições como a doença de Crohn e a colite ulcerosa são temas complexos. A dificuldade começa pela própria natureza destas doenças, que cria barreiras adicionais para quem precisa de explicar os seus sintomas ou as limitações que provocam.

O Dia Mundial da Doença Inflamatória Intestinal, que se assinala a 19 de maio, serve de pretexto para reforçar a importância de falar sobre o tema, de partilhar os sintomas e procurar ajuda de profissionais de saúde.

São vários os estudos que confirmam que um diagnóstico tardio traduz-se em piores resultados, como o aumento dos danos intestinais e um maior risco de cancro colorretal. (2)

“Existem doentes que não respondem aos tratamentos convencionais, pelo que é fundamental que estes doentes tenham acesso aos novos fármacos biológicos, capazes de tratar a doença inflamatória intestinal de forma a evitar complicações graves, que têm consequências como a necessidade de cirurgia e eventual perda de parte dos intestinos”, reforça Fernando Magro, médico gastrenterologista da Unidade Local de Saúde de São João, Porto e Professor da Faculdade de Medicina.

É, por isso, essencial a partilha de informação destas doenças que, ao mesmo tempo que melhora o acesso dos doentes aos tratamentos necessários, permite ainda aliviar o peso que as doenças inflamatórias intestinais têm nos serviços de saúde em Portugal. Os dados apontam para um custo estimado de 146 milhões de euros por ano, com os custos diretos, que incluem consultas médicas, visitas à urgência, hospitalizações e cirurgias, a pesarem 59% nestas contas. A estes juntam-se os custos indiretos, como perda de produtividade e reforma antecipada. (1)

Recorde-se que a doença inflamatória intestinal inclui a doença de Crohn e a colite ulcerosa, caracterizando-se por uma inflamação persistente do trato gastrointestinal, resultado de um funcionamento deficiente do sistema imunitário, que o leva a atacar-se a si próprio, causando inflamação e úlceras, resultando em sintomas debilitantes.

 

  1. Magro, F. et al. (2022) ‘Burden of Disease and Cost of Illness of Inflammatory Bowel Diseases in Portugal’, Portuguese Journal of Gastroenterology, 30(4), pp. 283–292. doi:10.1159/000525206. Available at: https://karger.com/pjg/article/30/4/283/836432/Burden-of-Disease-and-Cost-of-Illness-of
  2. Lv H, Li HY, Zhang HN, Liu Y. Delayed diagnosis in inflammatory bowel disease: Time to consider solutions. World J Gastroenterol 2024; 30(35): 3954-3958

 

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